O contexto interdisciplinar: entre a teoria e a aprendizagem

Nayana Moreira Moraes

Professora de Redação e Língua Portuguesa

No contexto de ensino-aprendizagem educacional, muitas são as discussões sobre a interdisciplinaridade como movimento propiciador de um conhecimento menos sistematizado e focado nos distintos elementos conceituais. Dessa forma, o artigo de Juarez da Silva Thiessen intitulado A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensino-aprendizagem traz consideráveis argumentos para compreensão desses termos citados.

Da mesma maneira que elabora os meandros pedagógicos, ou seja, como vertente escolar, o autor escreve sobre os elementos epistemológicos. Para compreender um pouco mais este último, notam-se as questões relativas às nossas realidades sociais e à compreensão sensorial de nossa aprendizagem. Sendo assim, reflete acerca da teoria piagetiana sobre a apreensão do conhecimento a partir do meio externo.

Levantando questões sobre interdisciplinaridade, podemos refletir sobre a pragmática envolvida em nosso meio educacional por meio de currículos cercados de teorias presas ao tempo.

Desde então, o conceito de interdisciplinaridade vem sendo discutido nos diferentes âmbitos científicos e muito fortemente na educação. Sem dúvida, tanto as formulações filosóficas do materialismo histórico e dialético quanto as proposições pedagógicas das teorias críticas trouxeram contribuições importantes para esse novo enfoque epistemológico (Thiesen).

Sendo assim, notamos a preocupação da educação moderna em perfazer as competências e habilidades da grade curricular. Por que não propor uma aproximação metodológica entre a Língua Portuguesa e Geografia? Entre Artes e Física? Pensar em interdisciplinaridade é pensar também em trabalhos coletivos que fomentem uma aprendizagem menos conceitual. Segundo Juarez Thiessen, as áreas de Ciências Humanas se notabilizaram por evidenciar mais fortemente a questão interdisciplinar.

Como metodologia enfatizada na multidisciplinaridade e calcada nas teias conceituais da disciplina de humanidades, é possível perceber por que essas áreas movimentam mais as teias das diferentes aprendizagens e métodos. Trabalhos como o de Vygotsky em Psicologia da arte ou Michel Focault em A ordem do discurso subvertem áreas específicas do saber e revelam que é preciso mais formas de conhecimento para uma base intelectual.

O educador ainda ressalta os obstáculos a serem percorridos e a necessidade do alargamento da compreensão da interdisciplinaridade como busca por novos métodos de ensino. Nesse sentido, cabe também ao professor abandonar o dogmatismo de sua disciplina e partilhar o conhecimento mediante uma teia multidisciplinar com as ciências e as congruências da vivência cotidiana.

Por isso, quanto mais interdisciplinar for o trabalho docente, quanto maiores forem as relações conceituais estabelecidas entre as diferentes ciências, quanto mais problematizantes, estimuladores, desafiantes e dialéticos forem os métodos de ensino, maior será a possibilidade de apreensão do mundo pelos sujeitos que aprendem (Thiesen).

Por fim, refletindo a práxis pedagógica, notamos que a socialização do conhecimento é muito importante neste ciclo. Da mesma forma, a apreensão dos conteúdos por meio interdisciplinar é um caminho a ser pensado pela educação atual.

Referências

THIESSEN, Juarez da Silva. A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensino-aprendizagem. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-24782008000300010&script=sci_arttext.

Publicado em 24 de maio de 2016

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