Ensino de Física, Olimpíadas e revista Educação Pública analisados por uma professora que ama educação
Revista Educação Pública - O que despertou em você o interesse em carregar a tocha olímpica?
Adriana de Oliveira Bernardes – Bom... Houve uma inscrição para escolha dos Servidores de Ouro do estado, que teriam a honra de conduzir a tocha olímpica. Seriam 50 servidores de todas as áreas de atuação estadual, inclusive professores; foram recebidas mais de 800 inscrições em todo o estado. Sempre tive paixão pela Olimpíada, principalmente por sua origem na Grécia antiga e seu ressurgimento no século XIX, com o barão de Coubertin. Acreditei que poderia conduzi-la pelo trabalho realizado em 20 anos na rede estadual de ensino, reconhecido, e por já ter ganhado outros prêmios. Acredito que todos os inscritos se dedicaram a suas atividades, como eu. Infelizmente, foram escolhidos apenas 50.
– Como foi a passagem da tocha em Nova Friburgo?
A passagem mobilizou toda a cidade; foi um espetáculo muito bonito e admirado, em uma cidade com uma beleza excepcional, a cidade onde vivo! Carreguei a tocha num bairro próximo de onde moro, por onde passo praticamente todos os dias para trabalhar e principalmente próximo à escola em que trabalho. Foi inesquecível!
– Que história você contou para ser escolhida "servidora de ouro"?
Contei uma historia de sucesso! Acredito ter escrito, como professora, uma história bonita! Recebi muitos prêmios, e ser condutora da tocha coroou uma trajetória da qual eu me orgulho muito. Penso, principalmente, que representei a classe de professor, tão desvalorizada, como sabemos! E penso que o professor precisa ser prestigiado e homenageado todos os dias. Será que um dia vão entender isso?
A história enviada foi esta:
Sou professora de Física há 20 anos. Sempre fui profundamente interessada em Astronomia e acredito no poder transformador do professor; desenvolvo projetos nos quais tento tornar a Física mais próxima dos alunos. Surpreendentemente, me deparei com alunos com deficiência auditiva em sala de aula. Se ensinar Física para alunos ditos normais pode ser considerado um grande desafio; como seria então para um aluno que não podia me ouvir, que não fazia leitura labial efetiva e não conhecia o português como nós? Definitivamente eu tinha um desafio.
Meu trabalho envolveu a utilização de recursos didáticos para trabalhar Física com alunos surdos e cegos, utilizando novas tecnologias no ensino de Física e a história da ciência como fator motivador. Fundei também um grupo de Astronomia, que tem desenvolvido o interesse dos alunos pelo tema e os estimulado.
– Qual o valor, pra você, de ser colaboradora tão constante da revista Educação Pública nesses 10 anos?
É um trabalho que faço com muito carinho, pois ele é dirigido especialmente aos meus colegas professores! Quis utilizar a revista para mostrar o trabalho que realizo em escolas estaduais desde 1998. Foram vários projetos, muitos alunos, muitos sonhos e conquistas, a maioria registrada pela revista Educação Pública. São mais de 40 contribuições, entre artigos e relatos. Todos abordam o meu trabalho com ensino de Física.
Também sou colaboradora do site de divulgação científica da UENF e escrevi durante dois anos para um jornal de Nova Friburgo uma coluna divulgando Astronomia para leigos.
– Como é a repercussão de seus artigos junto a seus alunos, sempre protagonistas de seus projetos?
Nem sempre os alunos têm acesso, mas quando têm, eles curtem ter participado e ficam felizes em ver suas fotos e suas participações nos trabalhos. A maioria deles hoje está na universidade e vez por outra recebo uma mensagem de algum deles relembrando com saudade algumas conquistas trazidas pelo desenvolvimento dos projetos.
– O que você espera da revista Educação Pública para o futuro?
Espero que a revista seja reconhecida por fornecer ao professor um material maravilhoso que o auxilia em seu trabalho.
Publicado em 30 de agosto de 2016
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