Contos mitológicos no ensino de Astronomia: uma abordagem inovadora para discussão dos planetas do Sistema Solar

Adriana Oliveira Bernardes

Polo Cederj Nova Friburgo

Diovanna Pinto Belório

Instituto de Biologia (Ibrag/Uerj), Polo Cederj Nova Friburgo

Ellen dos Santos Lemos

Instituto de Biologia (Ibrag/Uerj), Polo Cederj Nova Friburgo

O ensino de Ciências da Natureza na escola, que engloba as disciplinas Química, Física e Biologia, é visto na maioria das vezes com desinteresse pelos alunos, talvez pelo difícil entendimento dos assuntos, que são abordados principalmente através de aulas expositivas, a partir de recursos como livros e apostilas. A saída da rotina estudantil é uma excelente proposta para recuperar o interesse na sala de aula; sair da rotina pode significar a chegada de formas agradáveis de aprender, como com a utilização animações, de filmes, jogos e até mesmo, como relatamos neste trabalho, contos mitológicos.

Essa forma de ensino e aprendizagem pode ser utilizada para despertar o interesse dos estudantes, favorecendo que eles venham a ter prazer em permanecer e participar das aulas e possivelmente a entender melhor cada conteúdo abordado.

Em relação ao interesse dos alunos pelas aulas ministradas, Miranda e Giacomini esclarecem a importância da contextualização e do aprendizado de forma lúdica; segundo eles,

de maneira geral, os alunos se interessam em aprender aquilo que é útil no contexto do seu cotidiano, além das atividades que envolvam entretenimento. Por essa razão, três alternativas podem ser aplicadas para combater a apatia que ronda as salas de aula: introduzir o conteúdo de forma contextualizada, de forma lúdica ou de forma lúdica e contextualizada, o que seria o ideal (Miranda; Giacomini, 2005, p. 17).

Entre os professores, o tema central das discussões é a falta de interesse dos alunos nas atividades desenvolvidas em sala de aula, porém eles devem refletir sobre por que isso se dá, realizando periodicamente uma reflexão sobre sua prática.

A questão da utilidade também deve ser ressaltada, considerando que o aluno dá importância a aprender o que lhe será útil em seu cotidiano; assim, é relevante pensar que o conteúdo desenvolvido deverá ser contextualizado.

No caso da Astronomia, o tema é fortemente difundido pela mídia, o que gera o desejo de compreender e poder participar de discussões referentes a temas atuais que são amplamente discutidos. Porém a apresentação dos temas de forma lúdica também colabora para o interesse dos alunos; por isso a preocupação do professor com a utilização de recursos que satisfaçam essa necessidade também é importante.

Em trabalhos como os de Knechtel e Brancalhão (2009), Bozelli e Nardi (2009) e Barros e Ovigli (2014), foram relatadas melhorias no processo de ensino-aprendizagem com alunos em determinados temas em momentos de atividades lúdicas e com multidisciplinaridade, o que reforça a importância da utilização do que chamamos de recursos lúdicos, tais como textos, jogos e vídeos, entre outros.

Em 2012 ocorreu a inclusão de temas de Astronomia na disciplina Física no 1o ano do Ensino Médio, na elaboração do currículo mínimo estadual de Física.

Nesse contexto, o currículo elaborado por habilidades e competências deve enfatizar o enfoque histórico-filosófico (Rio de Janeiro, 2012, p. 2). Segundo Bernardes e Reis (2014, p. 6), “o currículo apresentou modificações significativas em relação ao anterior, introduzindo tópicos de Física Moderna, Astronomia e ressaltando a importância da abordagem histórico-filosófica”.

Em relação à multidisciplinaridade envolvida no ensino e aprendizagem da Astronomia, Damasceno (2016, p. 17) apresenta a seguinte reflexão:

uma vantagem encontrada na escolha do estudo da Astronomia é a multidisciplinaridade, envolvendo assuntos como História, Geografia, Filosofia, Química e Matemática, Física e outras. Desta forma, encontramos uma excelente oportunidade de mostrar aos alunos que as ciências não existem de maneira segmentada, mas sim de uma forma única. Nas aulas de Astronomia, podemos levantar assuntos que contemplem todos os níveis de ensino nas mais variadas áreas, sendo assim considerado um tema integrador.

Uma vez inseridos tais temas no currículo, acreditou-se que eles deveriam ser trabalhados com recursos diversificados. Neste trabalho apresentaremos um relato do ensino de conteúdo de Astronomia, no caso planetas do Sistema Solar, a alunos do 1º ano do Ensino Médio utilizando contos mitológicos.

Quando buscamos a inclusão de alunos no ensino de Física, é importante compreender a visão da comunidade escolar sobre o desenvolvimento de ações que visem a interdisciplinaridade para melhor aprendizado dos alunos.
Em relato de Bernardes e Santos (2018) fica clara a visão dos professores da escola sobre o projeto desenvolvido no qual a mitologia é associada ao ensino de Astronomia, quando elas apontam que, em decorrência do desenvolvimento de seu projeto, obtiveram

Nos depoimentos das professoras que trabalham diretamente com os alunos das séries iniciais fica claro que perceberam o entusiasmo dos alunos com Astronomia a partir do desenvolvimento do trabalho. Algumas vezes relataram que os alunos adquiriram maior interesse na leitura e escrita, através de vários questionamentos relacionados aos temas que envolviam Astronomia. Discussões em grupo sobre esses temas passaram a ser uma constante entre esses alunos, quer nas atividades em sala de aula ou nos momentos dos intervalos de recreio, elevando a socialização entre eles (Bernardes; Santos, 2008, p. 10).

Podemos observar então que a Astronomia, no contexto em que foi desenvolvido o projeto, provoca envolvimento dos alunos e maior interesse, favorecendo a discussão acentuada do tema na escola; por isso, acreditamos que a introdução do tema via contos mitológicos pode ser considerada um recurso lúdico e abriria excelentes perspectivas de aprendizado para o aluno.

A respeito da utilização de contos mitológicos, devemos compreender que a mitologia teve grande importância para o surgimento da Filosofia e posteriormente da Ciência, já que, ao contrário do que se pensa, o mito é dotado de razão.

Peixoto (2017) discute a questão da utilização da mitologia na educação, reforçando a ideia da importância do mito para o surgimento da Filosofia e sua importância na educação.

O trabalho com mitologia em aulas de Física, junto a temas de Astronomia, possibilita ao professor uma abordagem interdisciplinar envolvendo Astronomia e Filosofia, disciplina em que é trabalhado o tema mitologia. Em relação ao envolvimento da Física com a Filosofia, podemos considerar que

o mistério das estrelas mexeu profundamente com a imaginação dos povos e converteu-se em matéria-prima para o desenvolvimento da Filosofia, das religiões, da poesia e da própria ciência, que ajudou a produzir as coisas práticas, que trouxeram conforto, qualidade de vida, cultura e desenvolvimento econômico e social. Observar o céu e anotar os movimentos das estrelas e dos planetas é uma prática milenar e continua na fronteira do conhecimento e da cultura contemporânea (Damineli, 2010, p. 13).

Em relação a interdisciplinaridade associada a um trabalho envolvendo Física e Filosofia, as orientações curriculares (p. 16) asseguram que:

Não se cogita em descaracterizar as disciplinas, confundindo-as todas em práticas comuns ou indistintas; o que interessa é promover uma ação concentrada do seu conjunto e também de cada uma delas a serviço do desenvolvimento de competências gerais que dependem do conhecimento disciplinar.

Em relação ao ensino de Física e a questão interdisciplinar, Bernardes (2016) afirma que devemos ficar atentos ao que motiva o aprendizado do aluno, já que o ensino de Física na maioria das vezes é excludente. A introdução de uma visão geral sobre o assunto favorece o envolvimento do aluno com a disciplina e fugimos da discussão de conceito por conceito, apresentando ao aluno todo um contexto no qual o tema esta inserido.

Os nomes dos planetas do Sistema Solar e os deuses gregos

Os nomes de origem grega dos planetas são: Hermes, Afrodite, Gaia, Ares, Zeus, Cronos, Uranus e Poseidon. Os nomes que conhecemos hoje são de origem romana; assim, Hermes é Mercúrio, Afrodite é Vênus, Gaia é a Terra, Ares é Marte, Zeus é Júpiter, Cronos é Saturno, Urano é Urano e Netuno é Poseidon.

O Sistema Solar é composto por oito planetas; anteriormente, Plutão também era considerado planeta, porém, após 2006 foi rebaixado a planeta-anão.

Entre os planetas, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno são conhecidos desde a Antiguidade; tais corpos celestes receberam esses nomes porque naquela época pensava-se que tais corpos celestes eram deuses. Urano e Netuno só foram descobertos após a descoberta do telescópio, no século XIX, porém, foi mantida a ideia de dar nome de deuses gregos.

Características dos planetas do Sistema Solar e os contos mitológicos relacionados aos planetas

Mercúrio é o primeiro planeta do Sistema Solar e o menor deles, possuindo raio equatorial de 2.439,7 km. Esse planeta, que não tem atmosfera substancial devido às condições de temperatura, que em média é de aproximadamente 169ºC, e gravidade baixa, foi batizado com esse nome por conta de sua velocidade, já que percorre sua órbita a 47,87 km/s ao redor do Sol. O tempo gasto para concluir seu movimento de rotação é de 59 dias; o de translação, 87 dias.

O deus Mercúrio inspirou o nome do planeta. Era o deus dos viajantes e o mensageiro dos deuses, se movendo muito rápido. Esse deus ainda pequeno roubou o rebanho de seu irmão Apolo e para enganá-lo calçou as sandálias aladas ao contrário para que pistas falsas fossem seguidas. Ao descobrir, Apolo exigiu a devolução do rebanho, mas Mercúrio negou o roubo. Ele lhe deu uma lira feita de casco de tartaruga dizendo ser uma homenagem por suas habilidades musicais; Apolo ficou tão encantado com o presente que se esqueceu do rebanho. Mercúrio era um deus em quem não se podia confiar, por ser traiçoeiro e quase sempre desviar os viajantes das estradas. Assim, segui-lo nem sempre significa uma escolha segura e garantida.

Vênus é o segundo planeta do Sistema Solar; ao contrario do que se pensa, não é Mercúrio o planeta que apresenta a maior temperatura, e sim Vênus, devido ao efeito estufa provocado pelos gases de sua composição atmosférica, chegando à temperatura máxima de 482ºC. A atmosfera desse planeta é composta por hélio, sódio, oxigênio, dióxido de carbono, enxofre e vapor d’água. Vênus tem rotação de 243 dias e translação de 224 dias, sendo sua velocidade orbital de 35km/s. Vênus é confundido com uma estrela devido ao seu brilho intenso, podendo ser visto a olho nu. Devido a isso, recebeu o nome da deusa da beleza, Afrodite.

Vênus era a deusa do amor e da beleza. Ela era capaz de comandar o clima para o amor, tanto dos deuses como dos seres humanos. Por ser muito bonita, encantava todos que desejava. Era tão bonita que Minerva (deusa da razão), Diana (deusa da lua e da caça) e Vesta (deusa do lar) sentiram-se prejudicadas, já que os homens não as notavam. Então procuraram Júpiter, pedindo que Vênus fosse desfavorecida e sugeriram que ela se casasse. Júpiter fez Vênus se casar com o deus mais feio, o deus do fogo, Vulcano, que tinha marcas de cicatrizes no rosto. Mas Vênus era apaixonada por Marte (deus da guerra), com quem traía seu marido Vulcano. Um dia, Apolo (deus da luz) revelou a traição a Vulcano, que flagrou os amantes. Devido a isso, Marte a abandonou e, enfurecida, Vênus lançou uma maldição sobre ele, dizendo que ele se apaixonaria por toda mulher que avistasse.

A Terra é o terceiro planeta do Sistema Solar; é o único conhecido que propicia a vida e a sobrevivência a seus habitantes. Devido à fertilidade, recebeu esse nome em homenagem à deusa Terra, que foi a geradora de todos os deuses. O planeta Terra possui um satélite natural, a Lua. O tempo de translação do planeta é de 365,2 dias e o de rotação é de 23,9 horas; sua velocidade orbital é de 29 km/s. A temperatura média é de 15ºC. A atmosfera é composta principalmente de oxigênio, nitrogênio e argônio.

A Terra era a deusa primordial, geradora de todos os deuses. Os deuses celestiais foram descendentes de sua união com Urano (o deus Céu); os deuses marinhos, de sua união com Pontos (o deus Mar); os Gigantes, de sua união com Tártaros (o submundo); as criaturas mortais foram crescendo de sua matéria terrena. Com Urano, a deusa Terra teve muitos filhos e ele, temendo ser desafiado e destronado por eles, os aprisionou no útero de sua esposa, que tempos depois tramou uma vingança com Saturno para destronar Urano e os livrar da tirania.

Marte é o quarto planeta do Sistema Solar; seu tempo de translação é de 687 dias e o de rotação 24,6 horas, possuindo velocidade orbital de 24 km/s. Possui temperatura média entre 20ºC a 130ºC. A atmosfera desse planeta é composta de dióxido de carbono, nitrogênio, oxigênio e monóxido de carbono e possui duas luas: Fobos e Deimos. Sua coloração avermelhada é devida à quantidade de óxido de ferro presente em sua atmosfera. O planeta recebeu esse nome devido a essa coloração, que se assemelha ao sangue derramado nas batalhas travadas pelo deus da guerra, Marte.

O deus Marte era interessado em lutas sangrentas e assassinatos. Quando estava no campo de batalha, ninguém conseguia derrotá-lo, exceto Atena, que também era deusa da guerra, mas em termos diferentes de Marte. Atena focava na estratégia e no planejamento das batalhas, na bravura dos combatentes e em qualquer parâmetro intelectual da guerra. Marte era quem tomava parte na luta, a fim de contribuir para as ações de violência da guerra, como se estivesse sedento por sangue.

Júpiter é o quinto planeta do Sistema Solar e é o primeiro gasoso. Sua atmosfera é composta por hidrogênio, hélio, metano, dióxido de carbono, água, amônia e silicatos. Possui 67 satélites conhecidos. Seu tempo de translação é de 11,9 anos e o de rotação é de 9h55min30s; sua velocidade orbital é de 13 km/s. A temperatura média desse planeta é de -108ºC. Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar; devido a isso recebeu o nome do deus Júpiter, que era o mais poderoso do Olimpo.

Júpiter era filho de Saturno e Reia. Zeus foi criado numa caverna em Creta, onde foi alimentado pela cabra Amaltheia. Reia havia escondido seu filho na caverna para salvá-lo de Saturno, que costumava comer seus filhos por medo de perder o poder. Após crescer, Júpiter destronou seu pai e libertou seus irmãos que haviam sido comidos. Com isso, ele e seus irmãos começaram uma guerra contra os titãs.

Os deuses derrotaram os titãs e Júpiter se estabeleceu no topo da montanha Olimpo e compartilhou seu poder com Netuno, que comandava o mar, e Plutão, que comandava o submundo. Assim, Júpiter se estabeleceu como o deus dos deuses, o senhor do universo e mais poderoso dos deuses.

Saturno é o sexto planeta do Sistema Solar e segundo planeta gasoso. Sua atmosfera é composta principalmente por hidrogênio e hélio. Esse planeta possui 60 satélites conhecidos e temperatura média de -125ºC. Seu tempo de translação é de 30 anos e o de rotação de 10,5 horas; sua velocidade orbital é de 9,6 km/s. Devido ao tempo de translação, que era o maior da antiguidade, recebeu o nome do deus do tempo, Saturno.

O deus Saturno era filho da deusa Terra e do deus Urano, que era um tirano. Urano era muito fantasioso; possuía muitos filhos e imaginou que um dia um de seus filhos poderia retirá-lo do trono e roubar seu poder. Devido a isso, ele decidiu aprisionar seus filhos no ventre da própria esposa, a deusa Terra. Ela teve que viver muitas eras com esse tormento. Um dia, farta de tanto sofrimento, ela decidiu pedir ajuda a seus filhos, mas apenas Saturno concordou em ajudar. Ele era o mais jovem e ambicioso dos titãs e perguntou à mãe o que deveria fazer; ela então lhe entregou uma enorme foice de diamante; ele pegou a foice e foi até onde Urano descansava; depois de analisar o rosto do impiedoso pai por um tempo, ele ergueu a foice acertando-o na virilha, dizendo fazer aquilo para livrar a mãe, ele e os irmãos dos tormentos causados por Urano.

Urano é o sétimo planeta do Sistema Solar e o terceiro planeta gasoso. Sua atmosfera é composta principalmente por hidrogênio, hélio e metano. Urano possui 27 satélites naturais e 10 anéis. Por estar bem distante do Sol, possui temperatura média de -215ºC. Seu tempo de translação é de 84 anos e o de rotação é de 17 horas; sua velocidade orbital é de 6,8 km/s. A cor azulada de Urano é devida à quantidade de metano presente em sua atmosfera. Por essa cor se assemelhar ao céu, recebeu seu nome em homenagem ao deus do firmamento, Urano.

O deus Urano é o mais antigo deus grego e o mais velho deus supremo. Era pai de Saturno, Ciclopes e titãs. É o deus do firmamento e esposo da Terra. Urano era o deus que comandava tudo, possuía muitos filhos; por ser fantasioso, imaginou perder o poder para um deles, e então os aprisionava no ventre de sua esposa. Ela, após muitas eras de sofrimento, conseguiu ajuda do filho Saturno, que empunhou a foice e matou Urano. Isso deu fim aos tormentos da deusa Terra e de seus filhos, que foram libertados.

Netuno é o oitavo e último planeta do Sistema Solar, já que em 2006 Plutão deixou de ser planeta e passou a ser considerado planeta-anão. Netuno também é um planeta gasoso; sua atmosfera é composta principalmente por hidrogênio, hélio e metano. Por estar a cerca de 4,5 bilhões de quilômetros de distância do Sol, sua temperatura média é de -200ºC. Seu tempo de translação é de 164 anos e o de rotação é de 16 horas; sua velocidade orbital é de 5,4 km/s. Sua coloração azulada é devida à grande presença de metano; por essa cor, recebeu o nome do deus do mar, Netuno. Possui 13 satélites.

O deus Netuno era filho de Saturno e Reia. Para ele não ser devorado pelo pai, sua mãe o escondeu numa ilha, onde foi criado pelos Telchines. Eles eram artesãos, construíram um tridente e deram a Netuno, que com ele controlava o mar. Ele era considerado o deus que governava o terremoto. Quando estava irritado, batia seu tridente no chão causando terremotos e maremotos. Além de ser o deus do mar, era também o deus dos navegantes, que faziam sacrifícios a ele para obter a graça de uma navegação segura; como senhor do mar, ele também dividiu o palácio do Olimpo com seus irmãos.

Objetivos

O objetivo desta proposta é motivar o aprendizado de Astronomia utilizando recursos lúdicos (contos mitológicos), a fim buscar maior interesse e entendimento de alunos do Ensino Médio pelo tema planetas do Sistema Solar, atualmente vinculado à disciplina Física.

Metodologia

O trabalho relatado neste artigo foi realizado em colégio público estadual do Rio de Janeiro situado na cidade de Nova Friburgo.

O colégio conta com os turnos matutino, diurno e noturno, oferecendo Ensino Fundamental e Médio e Educação de Jovens e Adultos, totalizando nos três turnos aproximadamente 600 alunos.
O espaço escolar conta com um laboratório de Ciências, um laboratório de Informática e espaços físicos como auditório e quadra de esportes.

O trabalho foi realizado junto à turma do curso noturno de Ensino Médio regular de 1º ano, com 35 alunos matriculados.

A oficina foi oferecida no contexto da disciplina Física, de cujo conteúdo Astronomia faz parte e que deve ser ministrada pelo professor no 1º bimestre do 1º ano do Ensino Médio, sendo trabalhado, entre outros, o tema planetas do Sistema Solar.

Para a realização da oficina, inicialmente foram pesquisadas características dos planetas do Sistema Solar, bem como a mitologia associada ao nome dos planetas.

Foi então preparada apresentação de slides no programa Powerpoint por alunas do curso de Ciências Biológicas da Uerj do Polo Cederj de Nova Friburgo; a abordagem dada ao tema partia da mitologia, sendo apresentados aos alunos os contos que deram origem ao nome dos planetas que compõem o Sistema Solar juntamente com aspectos relevantes dos planetas.

Questionário

Aplicamos um questionário para a turma participante da oficina com o objetivo deobter a visão dos alunos sobre ela, a fim de que futuramente novos temas sejam levados à sala de aula.

O questionário era composto de quatro perguntas:

    1. O que você achou do tempo de duração da atividade?

Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo ( )

    1. O que achou do conteúdo ministrado?

Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo ( )

    1. Como foi seu entendimento dos tópicos trabalhados?

Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo ( )

    1. Em relação às suas expectativas serem satisfeitas com a oficina, você considera...

Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo ( )


Figura 1: Apresentação do trabalho realizado no evento Manhãs Científicas.
Fonte: Polo UAB Nova Friburgo.

Resultados

A oficina elaborada com a utilização de contos mitológicos foi aplicada em sala de aula; foi abordado o tema Planetas do Sistema Solar.

O trabalho, que apresenta ainda resultados preliminares, almeja que os alunos tenham melhor compreensão do tema devido à utilização do recurso lúdico utilizado. Ao aplicar tal recurso, esperam-se resultados positivos nas avaliações e, principalmente, afinidade maior dos alunos com o conteúdo.

Os resultados foram obtidos a partir da aplicação de questionário sobre a oficina e mostram que o trabalho foi bem recebido na escola.

Em relação à pergunta 1, foram obtidos os seguintes resultados:


Figura 2: Qual sua opinião sobre o tempo de execução da atividade?
Fonte: Pesquisa realizada com alunos.

Observamos que 71% dos alunos acharam o tempo ótimo, 24% bom e 5% regular.

Em relação à pergunta 2, foram obtidos os seguintes resultados:


Figura 3: Qual sua opinião em relação ao conteúdo ministrado na oficina?
Fonte: Pesquisa realizada com alunos.

Observamos que 43% acharam o conteúdo ótimo, 52% bom, 5% ruim e 0% regular.

Na pergunta 3, foram obtidos os seguintes resultados:


Figura 4: Qual seu entendimento em relação ao conteúdo ministrado na oficina?
Fonte: Pesquisa realizada com alunos.

Observamos que 52% afirmam que o entendimento foi bom, 43% ótimo e 5% regular; nenhum aluno afirmou que foi ruim.

Em relação à pergunta 4 foram obtidos os seguintes resultados:


Figura 5: Suas expectativas foram satisfeitas em relação à oficina?
Fonte: Pesquisa realizada com alunos.

Observamos que para a pergunta relacionada a expectativas dos alunos serem satisfeitas com a oficina, 57% afirmaram ser ótima, 24% boa e 19% regular.

Conclusão

Este trabalho mostra a importância da utilização de recursos didáticos diversificados para o aprendizado do aluno; nesse caso trabalhamos com contos mitológicos, o que pode ser considerado um recurso lúdico, auxiliando os alunos na compreensão e motivando para o aprendizado.

Pelos dados obtidos com o questionário, percebemos que os alunos avaliam positivamente o tempo empregado na execução da oficina, o que consideramos importante para que permaneçam atentos, contribuindo assim com seu aprendizado.
Em relação aos conteúdos ministrados, os alunos também esboçam comentários positivos.

Eles avaliaram positivamente o entendimento dos conteúdos; pretendemos, no prosseguimento deste projeto, realizar uma avaliação do conhecimento prévio do aluno e sua evolução após a oficina.

Em relação às expectativas, a maioria afirma que foram satisfeitas, o que poderia ser mais bem avaliado em pesquisa qualitativa, o que pretendemos fazer futuramente.


Figura 6: Alunas do Polo Cederj Nova Friburgo na Semana de Biologia, apresentando trabalho na área de Astronomia.
Fonte: Polo UAB Nova Friburgo.

Considerações finais

Novas práticas são bem-vindas à escola, que na maioria das vezes conta apenas com aulas expositivas e desconexas à realidade, sendo, assim, desmotivante para os alunos.

Sabemos que o compromisso do professor não deve estar atado apenas ao que ensinar, mas também em como ensinar; por isso a necessidade de um trabalho com recursos didáticos variados.

Nosso aprendizado diário se dá com o envolvimento de variadas áreas do conhecimento; na escola também deve acontecer dessa maneira. Por isso, o trabalho teve a preocupação de buscar interdisciplinaridade entre os conteúdos, apresentando a mitologia, que faz parte da disciplina Filosofia, presente também no Ensino Médio.

Para ensinar o tema Planetas do Sistema Solar num contexto interdisciplinar entre Astronomia e Filosofia, recorremos a um recurso lúdico, que é o conto mitológico.

A nova prática, elaborada por alunas do 7o período do curso a distância de Ciências Biológicas da Uerj do Polo Cederj Nova Friburgo, foi desenvolvida em colégio público da cidade; elas tiveram oportunidade de conhecer o ambiente escolar antes do término da graduação, graças a uma parceria entre o colégio estadual e o polo; o trabalho foi orientado pela tutora da disciplina Introdução às Ciências Físicas II.

Assim, o contato entre elas e a sala de aula trouxe benefícios mútuos, tanto para a formação das alunas como professoras como para escola que as recebeu.

O projeto desenvolvido possibilitou a participação delas em eventos científicos promovidos por universidades, apresentando seus trabalhos em pôster, oportunizando o contato com outros alunos de graduação.

A prática foi desenvolvida junto à disciplina Física, nos conteúdos relacionados à Astronomia, que também faz parte da grade curricular de Ciências no Ensino Fundamental.

As perspectivas do projeto são: a utilização de novas tecnologias, como recursos de áudio para apresentação dos contos, avaliação prévia do conhecimento do aluno e após a participação na oficina, bem como a realização de pesquisa qualitativa com base em depoimentos dos participantes.

Consideramos também importante que o trabalho seja levado às turmas matutinas, ocorrendo igualmente uma avaliação e a comparação de resultados entre os dois turnos.

Referências

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RIO DE JANEIRO. Secretaria de Educação. Currículo Mínimo Estadual de Física. Fevereiro de 2012.

Publicado em 14 de agosto de 2018

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