Biblioteca escolar: ação mediadora e o papel do bibliotecário

Fernanda de Oliveira Freitas Cavalcante

Bacharel em Biblioteconomia (UFAM), mestranda em Educação Escolar (UNIR)

Carmen Tereza Velanga

Doutora em Educação (USP), docente universitária (UNIR - Porto Velho), membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar (PPGEE/MEPE)

Jussara Santos Pimenta

Doutora em Educação (UERJ/UL), docente universitária (UNIR- Porto Velho), membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar (PPGEE/MEPE)

Desde o início da sociedade, houve necessidade da busca pelo conhecimento, que era transmitido de forma oral, repassado por nossos ancestrais. Com o avanço das comunidades, descobriu-se a escrita e, posteriormente, o registro do conhecimento. Os nossos antepassados registravam seus costumes nas cavernas, nas árvores e ulteriormente em papiros. O aperfeiçoamento do suporte na escrita ocorreria conforme as descobertas de materiais existentes na terra, no fogo e a oportunidade que o ar atmosférico proporciona.

A humanidade já se organizava com estratificações em sociedade. Revoluções já aconteciam, pensamentos filosóficos eram registrados, invenções tecnológicas, ciências se preparando para o futuro. Em meados do século III a. C. foi criada a Biblioteca do Museu de Alexandria, por Ptolomeu Filadelfo, com o objetivo de organizar todo o conhecimento até então adquirido pela humanidade. Flower (2002, p. 21) relata:

Apaixonado colecionador de livros, Ptolomeu II Filadelfo adquiriu todos os papiros e rolos que podia conseguir, até mesmo bibliotecas inteiras, como a de Aristóteles, embora os historiadores tenham discutido durante séculos se realmente a obteve inteira.

Na Idade Média, surgiram as bibliotecas nos mosteiros, que conservavam e armazenavam todo o conhecimento da época, mantidas nas paredes do cristianismo, o acervo fechado aos não iniciados. A partir disso, foram iniciadas as atividades acadêmicas nas universidades nos mosteiros.

Adiante, com o passar do tempo, com o advento da imprensa, a partir do século XV, veio a explosão bibliográfica para firmar o conhecimento registrado. Mais adiante, com as tecnologias conquistadas no período das duas guerras mundiais, eclodiram muitas informações e a velocidade dos acontecimentos na humanidade aconteceu conforme a descoberta cientifica e necessidade do mundo de comunicar-se.

No Brasil, no século XIX, a Família Real trouxe de Portugal a sua biblioteca particular, coleção de livros que era um sinal da riqueza e poder. Nesse período não existiam bibliotecas públicas no Brasil, apenas bibliotecas nos colégios, nos mosteiros e em casas de particulares. Com a vinda da Família Real e o acervo trazido de Portugal, se organiza a Biblioteca Nacional.

Nas escolas, a biblioteca foi muitas vezes local de castigo, onde se cobrava o máximo de silêncio, leituras obrigatórias de livros imensos como forma de disciplinar os alunos que não se encaixavam nas regras rigorosas das escolas tradicionais. Em dias atuais, a biblioteca possui finalidades em sentido mais amplo: propagar o ensino, a pesquisa escolar, permitir um ambiente de convivência, troca de experiências literárias, fomento de ações culturais e parceria nas elaborações de trabalhos científicos, dentre outras.

O Manifesto IFLA/Unesco apresenta a missão da biblioteca escolar como prestadora de serviços de apoio à aprendizagem, disponibilizando livros e outros recursos informacionais aos membros da comunidade escolar, possibilitando que se tornem pessoas críticas e usuários competentes de informações em todos os formatos e meios.

No Brasil, no decorrer do desenvolvimento da sociedade, das profissões no mercado e devido às necessidades das instituições de ensino, que exigiam conhecimentos específicos dos profissionais da Educação, além dos professores de cada disciplina estudada, a escola exigiu um atendimento com mais qualidade e atenção. O profissional bibliotecário, já conhecido nos países da Europa e que já atuava em grandes universidades e instituições de ensino tradicionais, agora é chamado a atuar também nas escolas.

Este artigo tem como objetivo identificar o papel da biblioteca no processo de curricularização escolar, partindo dos Parâmetros Curriculares Nacionais e a mediação do profissional bibliotecário no currículo escolar. Diante desses desafios, pretende-se contribuir para a comunidade científica que tem interesse na temática biblioteca, pelo levantamento bibliográfico, pesquisa documental e, por fim, refletir sobre as possibilidades que a biblioteca oferece à comunidade escolar no que tange ao apoio pedagógico e à prática do currículo.

Biblioteca, leitura e seus leitores

A busca pelo conhecimento é considerada um triunfo no seguimento consciente de ser um aluno crítico e criativo. Nesse sentido, a biblioteca favorece os alunos à vida acadêmica (sala de aula, aulas teóricas e práticas), à pesquisa e à extensão, nessa empreitada rumo ao saber.

A organização do conhecimento é um dos pilares importantes da missão da biblioteca. Gerações passadas contribuíram para que hoje fosse concretizada a organização desse conhecimento dentro das bibliotecas. A elaboração de parâmetros por Campeloet al. (2010, p. 10) foi de suma importância na apropriação do conceito de biblioteca e sua missão. O documento é composto em duas partes: acervo, espaço físico, computadores com acesso à internet, organização do acervo, serviços e atividades e pessoal; instrumento de avaliação e planejamento.

Biblioteca, leitura e seus leitores. Essa trilogia carece de ligação e justificativa. Para que biblioteca? Leitura? Onde encontramos leitores? Primeiramente, não podemos negar a existência da biblioteca nas escolas e sua importância no ensino. Na biblioteca também se faz leitura: o que o professor orientou ao aluno e leituras da sua vontade. Os leitores encontram-se nos corredores da escola, em sala de aula e na biblioteca. Em consequência dessa orquestra harmônica, o professor e o bibliotecário têm a possibilidade de trabalhar juntos, em forma de mediação.

A ação de mediar é de bom grado nessa conjuntura escolar, pelo fato de alinhar a prática pedagógica. Nesse cenário, a biblioteca interage com o professor na busca incessante por cumprir uma das suas funções: apoiar, relacionar o conteúdo dos materiais bibliográficos aos dos docentes como prática do currículo escolar. Para Maroto (2012), a biblioteca representa uma fatia significativa no processo escolar.

Para que a biblioteca tenha o seu lugar de destaque na instituição escolar, faz-se necessário que os responsáveis por sua dinamização (bibliotecários, professores e outros profissionais) desenvolvam estratégias organizacionais menos rígidas e burocráticas, que possibilitem o exercício de liberdade e autonomia do leitor/pesquisador naquele espaço e facilitem o seu livre acesso à informação. Esses profissionais não podem esquecer que o seu fazer educativo constitui-se, mais especificamente, no desenvolvimento de ações de mediação e de incentivo à leitura e à pesquisa escolar junto à comunidade escolar (p. 65).

Ler faz bem. Essa afirmação já foi dita diversas vezes por muitos e lida em livros e artigos. A verdade é esta: a leitura abre horizontes, faz conhecer o universo das palavras e redescobrir o que já se havia aparentemente aprendido, conhecido. A leitura tem a capacidade de transformação do individuo, e nas escolas não é diferente. De acordo com Lima (2000, p. 21),

o conhecimento torna-se não somente uma aquisição individual, mas uma das possibilidades de desenvolvimento da pessoa que terá reflexos na vida em sociedade. Formar a pessoa para situar-se, inclusive, como membro de um grupo passa a ser, também, um objetivo de uma educação escolar voltada para a humanização.

A leitura abre portas para a humanização, motiva o ser humano a querer conhecer o mundo, as culturas, a culinária, política, romances, as fórmulas matemáticas, a história da humanidade. O educando absorve conhecimento em sala de aula, na biblioteca (livros, computador) e a contratempo; dessa forma, adquire conhecimento individual e demonstra o seu desenvolvimento na sociedade por meio de suas atitudes, costumes e convicções.

O bibliotecário e suas contribuições

É de praxe reportar-se à lei que rege a profissão bibliotecária para adentrar os deveres e direitos. Na íntegra, a Lei nº 4.084/62 dispõe a respeito do profissional bibliotecário. No Art. 6º, cita as atribuições, como “a organização, direção e execução dos serviços técnicos de repartições públicas federais, estaduais, municipais e autárquicas e empresas particulares”. É uma das profissões pioneiras, pode-se dizer; foi instituída no Brasil com o objetivo de atender às demandas de organização de informação; com o surgimento de universidades e o crescimento das escolas; o conhecimento local e mundial cresceu exuberantemente, conforme as revoluções, ações políticas educacionais e a necessidade de encontrar rapidamente documentos e livros importantes.

A classe bibliotecária atua no ambiente escolar nos primeiros anos do aluno (Biblioteca Escolar), nas universidades (Biblioteca Universitária) e em instituições especializadas (Biblioteca especializada), dentre outros, como unidades de documentação, museus e centros históricos.

Em cada espaço desses, o bibliotecário tem as funções de disponibilizar a informação, atuar como mediador no processo de leitura, aprendizagem, facilitador do acervo bibliográfico, organizador e colaborador nas atividades culturais; tem habilidade para auxiliar na prática do currículo escolar. Diante disso, é pertinente mencionar o principal papel do bibliotecário, segundo as Diretrizes da IFLA/Unesco na biblioteca escolar (2005, p. 12):

A principal função do bibliotecário escolar é a de contribuir para [o cumprimento] da missão e dos objetivos da escola, em que se incluem os processos de avaliação, implementação e desenvolvimento [da missão e dos objetivos] da biblioteca. Em cooperação com a direção da escola, com os administradores em geral e com o professorado, o bibliotecário deve estar envolvido no planejamento e na implementação dos programas escolares.

O profissional da informação tem objetivo de contribuir na aprendizagem dos alunos, partindo de parâmetros curriculares predefinidos, de acordo com a instituição. Uma das atribuições do profissional bibliotecário é tornar fácil e rápido o acesso ao conhecimento. O trabalho é realizado em parceria com os professores, que ensinam aos seus alunos com o apoio de livros didáticos e materiais de pesquisa oriundos do acervo da biblioteca.

O modelo ideal de trabalho em conjunto de bibliotecário e professor para atingir a excelência é citado por Rosa et al. (2014, p. 41):

os bibliotecários atuam em projetos pedagógicos visando à melhoria da aprendizagem e ao desenvolvimento da prática da pesquisa escolar. Incentivam e disseminam informações que fundamentam o ensino, a pesquisa e a construção do conhecimento. No âmbito escolar, o bibliotecário se alinha ao professor ao fornecer informação de confiança, rápida e acessível; orientação na localização, seleção e utilização de informação.

A dedicação de ambos os profissionais é ingrediente essencial para o sucesso de estudantes, em sala de aula e na biblioteca; é fortemente notada ao depararmos com as indagações e sugestões que os estudantes apontam, na medida em que tenham o conhecimento e começam a ter pensamento crítico. Podemos considerar que essas movimentações dos educandos são frutos prazerosos, pois confirmam o trabalho em conjunto.

O quotidiano do bibliotecário é dinâmico, atua no ensino dando a possibilidade de acesso às informações básicas da escola, como regulamentos, projetos pedagógicos dos cursos de Ensino Médio Técnico; na pesquisa, auxilia os trabalhos escolares indicando livros, sites confiáveis e vídeos dos canais do Youtube, inserindo os alunos também na pesquisa sobre leitura, o papel da biblioteca etc. Por fim, colabora na extensão, dando apoio aos alunos nos projetos de incentivo à leitura juntamente com a comunidade externa, com atividades culturais.

A velocidade com que as informações atualmente passam é assimilada pelos alunos que demonstram curiosidade e interesse por diversidade no ambiente escolar (sala de aula, biblioteca, corredores, refeitório, quadra desportiva). Cabe ao bibliotecário direcionar juntamente com os professores os livros que abordam diversos temas, como bullying, gênero, raça, história política, contexto histórico-literário das obras e saúde pública, dentre outros assuntos pertinentes à educação do estudante.

Currículo: definições

Pesquisadores da educação já apresentaram definições de currículo. Mas ainda podemos contribuir no entendimento do que é o currículo. As definições são diversificadas, no sentido de abranger os espaços da escola, envolver alunos, professores e demais profissionais da educação. De acordo com Moreira e Candau (2007), podemos considerar

currículo como as experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, em meio a relações sociais, e que contribuem para a construção das identidades de nossos/as estudantes. Currículo associa-se, assim, ao conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas (p.18).

Libâneo (2012) define currículo como sendo

a concretização, a viabilização das intenções e orientações expressas no projeto pedagógico. Há muitas definições de currículo: o conjunto de disciplinas, resultados de aprendizagem pretendidos, experiências que devem ser proporcionadas aos estudantes, princípios orientadores, prática, seleção e organização da cultura (p. 469).

Os alunos almejam o conhecimento de forma dinâmica, informações atualizadas e relacionar o seu quotidiano com o conteúdo, com a finalidade de aplicar o conhecimento adquirido na sua vida. Conquistar a atenção dos alunos nesse processo de aprendizagem é desafio para nós, educadores. O currículo vai além das quatro paredes da sala de aula. Pesquisadores da Educação em tempos recentes reafirmam pontos a respeito do currículo, como Silveira (2016, p. 55):

é o eixo central da escola, pelo qual todos os profissionais da educação são responsáveis como educadores. Daí a relevância de o professor participar de sua construção, mediante inúmeras reflexões de discussões pertinentes à atividade escolar.

O processo de construção de diretrizes, elementos, materiais curriculares-educacionais se faz com a participação de educadores, professores e profissionais da Educação, no teor de confiabilidade desses parceiros. Para Silva (2009, p. 26), “o compromisso fundamental do professor é com a organização-transmissão do saber e com a formação do ser humano naquilo que lhe cabe através de currículo escolar”.

É necessária a contribuição do docente na formação do educando; mediante os ensinamentos preestabelecidos pelo currículo, a prática do professor é de suma importância e tem grande influência na vida dos estudantes.

As experiências educacionais desses profissionais (bibliotecário e professor) são pontos-chave para reflexões e futuras mudanças. As concepções do que seja currículo trazem a construção de novos caminhos para melhorias no ensino, pois notamos com mais clareza que o currículo vai além das aulas em sala. Por fim, não podemos permitir que os estudantes, professores e bibliotecários vão para caminhos diferentes; precisam estar alinhados ao currículo.

Biblioteca escolar no processo de curricularização

A aplicabilidade do currículo escolar surge a partir das atividades em sala de aula, com possibilidade de integrar os conteúdos diversificados estudados nos materiais bibliográficos (livros, revistas, DVDs, CDs) da biblioteca e recursos informacionais encontrados na internet (canal de Youtube, sites etc.) acessados em computadores da biblioteca. O acervo da biblioteca escolar baseia-se no currículo escolar, de acordo com os Parâmetros Curriculares. De modo geral, os materiais bibliográficos dão apoio às atividades culturais, às discussões em sala de aula, às palestras.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) acentuam as competências educacionais direcionadas ao aprendizado, como a oralidade, a leitura e a escrita, que são fundamentais para o saber humano. Essas competências são primordiais na escola e têm como apoio os livros didáticos com conteúdos de acordo com o currículo definido pelos PCN. Os PCN idealizam a cidadania para todos que buscam a educação, com a finalidade de cooperar no seu exercício, usufruir o direito de saber, deveres na comunidade, em prol de uma sociedade letrada.

Podemos alinhar aqui o encontro das finalidades presentes no PCN e no projeto pedagógico de curso (PPC), que contribuem para o crescimento e o fortalecimento da educação no que tange à biblioteca. Para Rosa et al. (2014, p. 66), o projeto político-pedagógico é o “documento institucional construído coletivamente pela comunidade escolar que contempla os objetivos a alcançar, metas a cumprir e sonhos a realizar, bem como os meios para concretizá-los”. Constitui-se num instrumento institucional de organização e gestão de médio e longo prazo, devendo incluir, por conseguinte, a biblioteca e sistematizar seus fins, objetivos e estratégias para seu funcionamento e integração com demais setores da instituição escolar.

A biblioteca tem papel de mediadora nesse processo educacional, que é a curricularização escolar; porém, para alcançar o ideal de biblioteca atuante, o trabalho é árduo. É válido exemplificar as formas da atuação da biblioteca: dar suporte às aulas, fornecer conteúdos além dos livros didáticos e dar abertura e feedback aos professores. Em reuniões pedagógicas com professores e diretores, é possível lutar pelo reconhecimento desse setor escolar.

Para Campello et al. (2008, p. 11), é possível alcançar resultados interessantes numa prática educativa utilizando como parâmetro o currículo escolar:

trabalhando em conjunto, professores e bibliotecários planejarão situações de aprendizagem que desafiem e motivem os alunos, acompanhando seus progressos, orientando-os e guiando-os no desenvolvimento de competências informacionais cada vez mais sofisticadas.

Para Veiga (2017, p. 21), é importante que a competência informacional aconteça nas bibliotecas, pois elas, “devem ser espaços que podem contribuir na melhoria do ensino, auxiliando a formação dos alunos para serem competentes no uso da informação”.

Pesquisadores da área da Educação direcionam estudos ao currículo no processo de ensino-aprendizagem. Vale a definição de currículo, segundo Vasconcellos (2009, p. 133):

Currículo é um meio de atribuição de sentido às diversas atividades realizadas no interior da escola: tomadas isoladamente, estas atividades poderiam parecer aleatórias, mas, vistas na relação com o todo, com a intencionalidade educativa, ganham significação.

A biblioteca desenvolve atividades no seu ambiente e nas localidades da escola. Os conteúdos em sala de aula são vistos não somente nos materiais bibliográficos. É possível observar nas ações de incentivo à leitura, nas organizações de eventos culturais elaborados pela biblioteca, a dinâmica do currículo no contexto escolar.

Vasconcellos relata que há um leque de diversidades que faz parte do currículo. Não se pode restringir o currículo às práticas docentes. Todas as ações educativas, mesmo realizadas supostamente isoladamente, são atividades vinculadas ao currículo escolar, ou seja, práticas de leitura em roda de conversa, preparativos para jogos internos com pesquisas de países, feira de culinária, peças teatrais com temas sociais, debates sobre leitura no processo de aprendizagem organizados pela biblioteca etc.

É pertinente acentuar o conceito de biblioteca escolar, o seu papel e o currículo. Negrão (1987) aborda o modelo flexível para um sistema nacional de bibliotecas escolares elaborado pela CBBPE/Febab (Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições) em 1985.

A biblioteca escolar é um instrumento de desenvolvimento de currículo e permite o fomento à leitura e à formação de uma atitude científica; constitui um elemento que forma o indivíduo para a aprendizagem permanente; fomenta a criatividade, a comunicação, facilita a recreação, apoia os docentes na capacitação e oferece a informação necessária para a tomada de decisão em aula. Trabalha também com os pais e outros agentes da comunidade (Negrão, 1987, p. 92).

Esse texto ainda é atual, vai de frente com algumas realidades. É perceptível que ainda há desconhecimento do valor da biblioteca escolar no processo de aprendizagem. O autor avalia a biblioteca escolar como uma ponte no desenvolvimento do currículo, ressalta a importância da leitura na escola e as competências que a biblioteca escolar exerce.

Considerações finais

A biblioteca escolar caminha corajosamente para alcançar o seu espaço no processo de aprendizagem e apoio pedagógico. Há muito a se conquistar, pois a biblioteca é invisível no quotidiano escolar, mesmo que a literatura aponte claramente a sua relevância.

É importante ressaltar o papel do profissional bibliotecário, que atua como formador de leitores, motivador nas pesquisas bibliográficas, facilitador no processo de ensino-aprendizagem no seu próprio habitat,a biblioteca, além de ter capacidade de contribuir na elaboração do projeto pedagógico, compactuando com o currículo escolar.

A biblioteca não acumula somente coleções de livros e demais materiais bibliográficos. É realmente espaço de múltiplas contribuições, como acesso às informações da escola, criação de ações e projetos culturais, apoio nas atividades de sala de aula e mediadora no processo de ensino-aprendizagem, tendo em vista a aplicabilidade do currículo escolar. O acervo da biblioteca escolar é baseado no projeto pedagógico do curso e se estende a outros títulos (obras).

A biblioteca é de fato ponte do conhecimento, divisão de saberes e tem o objetivo de auxiliar os alunos e professores no estudo dos parâmetros curriculares nacionais (PCN), como cultura, lazer, esporte, história, políticas educacionais, gênero, saúde, Psicologia, Matemática, Física, Literatura, enfim todas as áreas do conhecimento.

Além do apoio pedagógico nos livros didáticos, docentes e alunos têm a possibilidade de acesso ao acervo da biblioteca escolar. Em contrapartida, ela disponibiliza um leque de conhecimentos aprofundados em Filosofia, História, Geografia, Literatura (romance, poesia, prosa), Matemática, biografias de grandes estudiosos e demais áreas do conhecimento.

A biblioteca e todo o processo de funcionamento vão além de materiais didáticos e bibliográficos do acervo da biblioteca; podemos considerar a totalidade, o berço do saber e as possibilidades extraordinárias de aprendizagem. Palestras, debates, discussões, ações culturais, enfim, cumprimento da cidadania. A comunidade escolar obtém maior êxito no desempenho nas atividades curriculares e extracurriculares com ação “força-tarefa” de professores e profissionais da Educação em geral, especificando aqui neste artigo, o bibliotecário. É necessária a atuação da biblioteca, do profissional bibliotecário no espaço escolar, onde se preparam alunos para serem cidadãos com senso crítico e abertos para discussões socioculturais, filosóficas e cientificas.

Referências

BIBLIOTECA e o bibliotecário ao longo da história. Disponível em: http://portaldobibliotecario.com/biblioteconomia/biblioteca-bibliotecario-historia/. Informações inseridas no dia 5 jul. 2017. Acesso em: 05 maio 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Conselho Nacional da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.

BRASIL. Conselho Federal de Biblioteconomia. Lei nº 4.084, 30 de junho de 1962. Dispõe sobre a profissão de bibliotecário e regula seu exercício. Disponível em: http://www.cfb.org.br/wp-content/uploads/2017/01/Lei4084-30junho1962.pdf. Acesso em: 20 mar. 2018.

CAMPELLO, B. et al. A coleção da biblioteca escolar na perspectiva dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Informação & Informação, v. 6, nº 2, p. 71-88, jul./dez. 2001.

______ et al. Biblioteca escolar como espaço de produção do conhecimento: parâmetros para bibliotecas escolares. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 8ª ed. Curitiba: Positivo, 2010.

FLOWER, Derek. Biblioteca de Alexandria: as histórias da maior biblioteca da Antiguidade. Trad. Otacílio Nunes e Valter Ponte. São Paulo: Nova Alexandria, 2002.

INSTITUTO FEDERAL DE RONDÔNIA. PDI 2018-2022. Disponível em: http://portal.ifro.edu.br/planejamento-estrategico. Acesso em: 22 mar. 2018.

______. Regulamento de funcionamento das bibliotecas do IFRO. Aprovado pela Resolução nº 21/CONSUP/IFRO/2015.

LIMA, Elvira Souza. Currículo e desenvolvimento humano. Brasília: MEC/SEB, 2007.

MANIFESTO da Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias. Manifesto IFLA/Unesco para biblioteca escolar. Trad. Neusa Dias de Macedo. 2000.

MAROTO, Lúcia Helena. Biblioteca escolar, eis a questão! Do espaço do castigo ao centro do fazer educativo. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

MODELO flexível para um sistema nacional de bibliotecas escolares. Brasília: CBBPE/Febab, 1985.

MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa; CANDAU, Vera Maria. Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília: MEC/SEB, 2007.

ROSA, Rosemar et al. A biblioteca escolar no contexto escolar. Uberaba: IFTM, 2014.

SILVEIRA, Vera Lúcia Lopes. Currículo de língua portuguesa: pesquisa-ação, uma prática. Curitiba: Appris, 2016.

TAVARES, A. L. L.; SILVA, T. J.; VALÉRIO, E. D. Biblioteca escolar: instrumento para a formação de leitores críticos. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 18, nº 1, 2013. Disponível em: http://www.brapci.inf.br/v/a/11981. Acesso em: 3 maio 2018.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 12ª ed. São Paulo: Libertad, 2009.

VEIGA, Miriã Santana. Práticas de letramento informacional: o uso da informação como caminho da aprendizagem nas bibliotecas multiníveis do Instituto Federal de Rondônia. 126 f. Dissertação (Mestrado em Educação), Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar, Universidade Federal de Rondônia. Porto Velho, 2017.

Publicado em 28 de janeiro de 2020

Como citar este artigo (ABNT)

CAVALCANTE, Fernanda de Oliveira Freitas; VELANGA, Carmen Tereza; PIMENTA, Jussara Santos. Biblioteca escolar: ação mediadora e o papel do bibliotecário. Revista Educação Pública, v. 20, n] 4, 28 de janeiro de 2020. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/4/biblioteca-escolar-acao-mediadora-e-o-papel-do-bibliotecario

Novidades por e-mail

Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing

Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário

Deixe seu comentário

Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.