O discurso de ódio sobre corpos trans no Instagram
DOI:
https://doi.org/10.18264/repdcec.v3i3.231Palavras-chave:
Normatividade, Transexual e Travesti, Cisgênero, Divulgação Científica, Discurso de ÓdioResumo
Neste relato de experiência, apresentamos nosso trabalho de divulgação científica no Instagram do Instituto Sua Ciência (ISC), do projeto de pesquisa “Discursos cisnormativos na área da saúde e a patologização dos corpos travestis e transexuais”, financiado pelo instituto no edital Ciência + Diversa. Essas publicações buscavam desenvolver os conceitos de “sexo”, gênero” e suas relações e com o discurso científico. Realizamos um levantamento do engajamento das publicações, caracterizando os comentários, com finalidade de compreender quais publicações despertaram discurso de ódio. Das seis publicações realizadas, duas sofreram ataques, com engajamento muito maior do que as demais. Destacamos que os ataques foram de não seguidores do perfil do instituto. Todas as publicações questionavam a normatividade do discuso científico, porém as que sofreram ataque mostravam o “sexo” como um campo de conhecimento fabricado na cultura científica normativa. A maquinaria discursiva cisnorativa acerca do sexo mantêm ele como uma verdade biológica inata, sustentando o privilégio cisgênero de autoafirmação natural por estar dentro dessa pariedade sexo-gênero. Simultaneamente, inserem os corpos transexuais e travestis como artificiais por não caber dentro da pariedade. As publicações evidenciaram estas questões, despertando o dicurso de ódio em uma tentativa de manter o corpo cisgênero dentro dessa naturalidade, sustentando seu privilégio.
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