Arduínas: Um Relato de Experiência de Inclusão

Autores

  • Adriana Cardinot Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
  • Elis Miranda Universidade Federal Fluminense
  • Maria Priscila Pessanha de Castro Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

DOI:

https://doi.org/10.18264/repdcec.v4i2.347

Palavras-chave:

Educação Científica, Pré-Iniciação Científica, Equidade de Gênero, Ensino Médio, Capital Científico.

Resumo

Este relato de experiência apresenta os principais aprendizados, desafios e impactos observados durante a implementação do projeto de pré-iniciação científica Arduínas, voltado à promoção do engajamento de alunas do ensino médio público em atividades de pesquisa em física e tecnologia. Realizado em Campos dos Goytacazes (RJ), o projeto se propôs a aproximar jovens em situação de vulnerabilidade social do ambiente científico universitário, por meio de práticas experimentais com placas Arduino e acompanhamento por mentores da graduação. A análise das entrevistas e observações revelou obstáculos estruturais, sociais e pedagógicos significativos à permanência das alunas no projeto, mas também indicou impactos positivos sobre o senso de pertencimento, a autoconfiança e o interesse por carreiras científicas. As experiências vivenciadas evidenciam que projetos dessa natureza exigem escuta ativa, flexibilidade e sensibilidade institucional para se adaptar às múltiplas realidades das estudantes. Com a renovação do apoio institucional, o projeto inicia uma nova fase com a ampliação das ações e aprofundamento das estratégias de acompanhamento. O relato busca contribuir com a literatura sobre capital científico e equidade de gênero nas ciências, oferecendo subsídios para pesquisadores, professores e gestores interessados na construção de práticas mais inclusivas na educação científica.

Biografia do Autor

Adriana Cardinot, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

Dra. Adriana Cardinot é Pesquisadora de Pós-Doutorado na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), onde desenvolve pesquisas na área de Ensino de Física e desenvolvimento do Capital Científico, tanto em contextos formais quanto informais. Além disso, investiga o uso de jogos não digitais como ferramenta para promover o conhecimento conceitual e a motivação para a aprendizagem em ciências. Ela tem desenvolvido diversas abordagens didáticas baseadas em aprendizagem por meio de jogos, alinhadas ao novo currículo de ciências, incluindo jogos de tabuleiro, escape rooms e outros materiais educacionais imersivos. Sua pesquisa adota uma abordagem de métodos mistos, integrando ferramentas de pesquisa quantitativas e qualitativas para coleta e análise de dados.

Elis Miranda, Universidade Federal Fluminense

Elis de Araújo Miranda é de Belém (Pa). Concluiu a graduação em Geografia e o Mestrado em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido pela Universidade Federal do Pará. Defendeu seu Doutorado em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e em seguida tornou-se professora da Universidade Federal Fluminense. Atualmente, coordena o Laboratório de Pesquisa em Cultura, Planejamento e Representações Espaciais (LABCULT_UFF_CAMPOS). Compõe a Rede Latino Americana de Participação Popular em Elaboração de Políticas Públicas (RED PPGA) e a Rede Inovação e Território (INCT-CNPQ). É docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, Ambiente e Políticas Públicas (PPGDAP/UFF) desde 2016. Pesquisa a relação espaço e cultura. Foi colaboradora da Assessoria de Cultura da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, contribuindo para a gestão da Casa de Cultura Villa Maria. Foi uma das idealizadoras e curadora do Cine Darcy.

Maria Priscila Pessanha de Castro, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

Possui graduação em Física pela Universidade Federal Fluminense (1993), mestrado em Física pela Universidade Federal Fluminense (1995) e doutorado em Física pela Universidade Estadual de Campinas (2001). Atualmente é professor associado I da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Tem experiência na área de Física, com ênfase em Prop. Óticas e Espectrosc. da Mat. Condens; Outras Inter. da Mat. com Rad. e Part.. Tendo como principal atuação a aplicação da técnica fotoacústica para a detecção de gases conhecidos como biomarcadores para o monitoramento ou diagnóstico precoce de doenças por meio da exalação humana. Atualmente a proponente é credenciada em dois programas de Pós-graduação em Ciências Naturais (PGCN) e MNPEF IFF polo 34. Atuou como coordenadora de área do Programa CAPES: PIBID/Fisica/UENF durante os anos de 2012 a 2014 e 2016 a 2017 desenvolvendo projetos e na orientação de estudantes em Iniciação à Docência e Jovens Talentos durante este período. Neste momento participa de 03 projetos de extensão, um como coordenadora e dois outros como colaboradora: a) Gestão Cultural UENF 2020-22 coordena as ações do Cine Darcy, o cinema universitário da UENF; b) A produção fotográfica como recurso didático interdisciplinar, está sendo desenvolvido no polo de São Francisco de Itabapoana Fundação Cecierj Consorcio CEDERJ; c) O uso do Arduino como ferramenta motivadora no ensino de física. Neste momento está na gestão da Universidade Estadual Norte Fluminense, onde atua como Assessora de Cultura, lotada na Casa de Cultura Villa Maria (coordenadora do Cine Darcy).

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Publicado

2025-11-28

Edição

Seção

Dossiê Temático Meninas e Mulheres na Ciência