Mulheres Pioneiras nas Ciências no Brasil: Trajetórias, Desafios e Conquistas

Autores

  • Rúbia Estefania Pinto da Silva Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal
  • Maria Beatriz Dias Coutinho Universidade de Brasília
  • Jeane Cristina Gomes Rotta Universidade de Brasília
  • Cláudia Regina Gonçalves Batista Universidade de Brasilia
  • Cássia Gonçalves de Souza Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.18264/repdcec.v4i2.377

Palavras-chave:

Mulheres Cientistas. Gênero. Biografias

Resumo

A participação das mulheres nas Ciências tem sido historicamente marcada por desafios e barreiras, tanto estruturais quanto culturais. A invisibilização de mulheres cientista ainda é um fenômeno mundial, onde nota-se que as mulheres têm uma baixa representatividade em cursos de Ciências Exatas e Engenharias. Nesse sentido, o objetivo dessa pesquisa foi conhecer as trajetórias de mulheres cientistas brasileiras nas áreas de Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemática homenageadas nas sete edições das publicações “Pioneiras nas Ciências no Brasil”, destacando suas contribuições para o desenvolvimento científico, assim como os processos de invisibilização e lutas que permearam suas histórias. Esta pesquisa teve abordagem qualitativa interpretativa, com cunho de análise documental assumindo como referencial metodológico a Análise Textual Discursiva identificou a história de 18 cientistas. Foram identificadas duas categorias finais “Gênero, Resistência e Apagamentos na Construção das Trajetórias de Mulheres nas Ciências” e “Presença Feminina como Ato Político na Formação e na Produção da Ciência” e os resultados evidenciaram que várias cientistas biografadas atuaram como gestoras, mentoras ou educadoras, redesenhando as estruturas institucionais a partir de uma perspectiva emancipadora. Ainda que o reconhecimento, em muitos casos, tenha vindo de forma tardia, suas trajetórias mostram uma atuação que desafiou a lógica masculina da ciência hegemônica.

Biografia do Autor

Maria Beatriz Dias Coutinho, Universidade de Brasília

Sou Doutoranda em Educação em Ciências pela Universidade de Brasília (UNB), com mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), além de licenciatura plena em Biologia pela Universidade Estadual do Piauí e graduação em Pedagogia. Possuo especializações em Atendimento Educacional Especializado (Ensino Fundamental, Médio e Superior); Educação Ambiental, Docência do Ensino Superior, Gestão em Saúde Pública e Gestão Escolar com Habilitação em Supervisão Escolar. Atualmente, sou professora substituta na Universidade Estadual do Piauí no curso de Pedagogia e professora na Secretaria Estadual de Educação e Cultura na educação básica. Áreas de interesse: Ensino de ciências, formação inicial e continuada de professores, Relação de gênero, visibilidade de mulheres nas ciências e relações etno-raciais.

Jeane Cristina Gomes Rotta, Universidade de Brasília

Bacharel (1995) e Licenciada em Química (2003) pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP). Mestrado em Química (1998) e doutorado em Ciências pela FFCLRP-USP (2003). Atuou como professora na Educação Básica e ingressou como docente na Universidade de Brasília UnB - Campus Planaltina (FUP) em 2006. Atualmente ocupa o cargo de Professora Associada IV e tem experiência na área de Ensino de Ciências e de Síntese Orgânica. Coordena o LAPEC I, laboratório que desenvolve atividades de pesquisa e extensão, integrando as escolas básicas de Planaltina e os licenciando do curso de Ciências Naturais. Também coordena os projetos de extensão: O ensino de Ciências e o Desafio da Aproximação Universidade-Escola, LABdidático e Divas nas Ciências: também posso ser cientistas. Lider do Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Formação de Professores de Ciências, identidades e diferenças e atua no Programa de Pós Graduação em Educação em Ciências-PPGEduC (UnB).

Cláudia Regina Gonçalves Batista, Universidade de Brasilia

Mestre em Ensino de Ciências pela Universidade de Brasília (2021). Especialista em Informática-Análise de Sistema, Educação Ambiental, Direito Publico e Privado e Gestão Pública. Graduada em Antropologia pela Universidade de Brasília (2013), graduação em Direito pela Universidade Federal do Ceará (1998), graduação em Ciências - Licenciatura pelo Centro Universitário de Brasília (1988), graduação em Programa de Formação Pedagógica - Direito e Legislação pela Universidade Católica de Brasília (2018), graduação em Sociologia pela Universidade de Brasília (2014), graduação em Ciências Políticas pela Universidade de Brasília (2016), graduação em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília (2014) e graduação em Matemática - Licenciatura Plena pelo Centro Universitário de Brasília (1988). Atualmente é professor - Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal.

Cássia Gonçalves de Souza, Universidade de Brasília

Me formei no segundo semestre de 2019 em Licenciatura em Ciências Naturais, pela Universidade de Brasília (UnB). Meu interesse pela Educação teve início desde pequena, através da minha mãe, que é professora de Geografia e História, que me incentivou a questionar o porquê de tudo e a explorar o mundo ao meu alcance. Durante o Ensino Médio dois professores de biologia me encantaram e por causa deles as Ciências se tornaram um desejo, então comecei a graduação em uma faculdade particular de Ciências Biológicas, mas não me identifiquei com o curso, então pesquisei áreas da educação pois sentia que devia lecionar, gostei de Licenciatura em Ciências Naturais, estudei e passei. Ser professora de Ciências é, para mim, uma honra e uma construção constante. Entendo que, desde que comecei a graduação ou, até mesmo, antes dela, eu percebia que para ser Professora e Pesquisadora, precisaria sempre estudar, me atualizar e claro, pesquisar.

Referências

ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS (ABC). Membros Titulares. Rio de Janeiro, RJ: Academia Brasileira de Ciências, 2023. Disponível em: https://www.abc.org.br/tipo_membro/titular/. Acesso em: 14 mar. 2023.

ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS (ABC). Bolsista PQ do CNPq, Helena Nader será a primeira mulher a presidir a ABC. Academia Brasileira de Ciências, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/cnpq/pt-br/assuntos/noticias/destaque-em-cti/bolsista-pq-do-cnpq-helena-nader-sera-a-primeira- mulher-a-presidir-a-abc. Acesso em: 14 mar. 2023.

BATISTA, Cláudia Regina Gonçalves. Um jogo de luz e sombras: a presença feminina nas ciências e a formação de professores de Ciências Naturais. Dissertação da Universidade de Brasília, Brasília, 2021.BRASIL. Lei no 13.536/2017. Dispõe sobre a prorrogação dos prazos de vigência das bolsas de estudo concedidas por agências de fomento à pesquisa nos casos de maternidade e de adoção. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2017.

BRASIL, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Pioneiras da Ciência, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/cnpq/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programas/mulher-

e-ciencia/pioneiras-da-ciencia-1> Acesso em 20 jul. 2025.

BRASIL. Lei no 14.986/2024a. Dispõe sobre a prorrogação dos prazos de conclusão de cursos ou de programas para estudantes e pesquisadores da educação superior, em virtude de parto, de nascimento de filho, de adoção ou de obtenção de guarda judicial para fins de adoção; e altera a Lei no 13.536, de 15 de dezembro de 2017, para disciplinar a prorrogação dos prazos de vigência das bolsas de estudo. Brasília, DF: Diário Oficial da União de 2024.

BRASIL. Lei no 14.986/2024b. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para incluir a obrigatoriedade de abordagens fundamentadas nas experiências e nas perspectivas femininas nos conteúdos curriculares do ensino fundamental e médio; e institui a Semana de Valorização de Mulheres que Fizeram História no âmbito das escolas de educação básica do País. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2024.

BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Pioneiras das Ciência, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/cnpq/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programas/mulher-e-ciencia/pioneiras-da-ciencia-1. Acesso em: 20 jul. 2025.

CANDIDO; Marcia Rangel; FELIX, Marcelle. Desigualdades de gênero na ciência brasileira. Gênero e Número, 2023. Disponível em: https://www.generonumero.media/artigos/desigualdades-genero-ciencia-brasileira/. Acesso em: 08 jun. 2023.

COUTINHO, Maria Beatriz Dias; ROTTA, Jeane Cristina Gomes. Feminismo na percepção de professores de Ciências dos anos finais do ensino fundamental e suas práticas docentes. Revista Diversidade e Educação, Rio Grande, v. 12, n. 2, p. 394-416, 2024. DOI:https://doi.org/10.14295/de.v12i2.18021.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa. Mulheres, Corpo e Acumulação Primitiva. São Paulo: Elefante, 2023.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós-estruturalista. 16a ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2014

HEERDT, Bettina; BATISTA, Irinéa de Lourdes. Unidade didática na formação docente: natureza da ciência e a visibilidade de gênero na ciência. Experiências em Ensino de Ciências, Cuiabá, v.11, n. 2, p. 39-60, 2016.

MELO, Hildete Pereira de; RODRIGUES, Ligia. Pioneiras da ciência no Brasil: uma história contada doze anos depois. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 70, n. 3, p. 41-47, 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602018000300011. Acesso em: 20 mar. 2025.

OLIVEIRA, Daniele Aparecida de.; CAVALARI, Mariana Feiteiro. Barreiras e suportes na carreira acadêmica em matemática: Uma questão de gênero? Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 53, e10244, p. 1-20, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980531410244. Acesso em: 20 mar. 2025.

OLIVEIRA-SILVA, Ligia Carolina; PARREIRA, Vanessa Aparecida Diniz. Barreiras e enfrentamentos de mulheres em carreiras predominantemente masculinas. Revista Estudos Feministas, v. 30, n. 1, 1- 14, 2022.

KLANOVICZ, L. R. F.; OLIVEIRA, V. A. M. D. Permanecer ou desistir? Mulheres na graduação em engenharia e tecnologias na UTFPR/Guarapuava, Brasil. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, v. 26, p. 137-156. 2021.

ROTTA, Jeane Cristina Gomes; BATISTA, Cláudia Regina Gonçalves. Mulheres nas ciências e a formação de professores: o ingresso na Universidade de Brasília e a progressão na carreira acadêmica. Revista Internacional de Formação de Professores, Itapetininga, v.6, p. 1-19, e021021, p. 2021. Disponível em: https://periodicoscientificos.itp.ifsp.edu.br/index.php/rifp/article/view/489. Acesso em: 31 jul. 2025.

SAMPIERI, Roberto Hernández; COLLADO, Carlos Fernández; LUCIO, María del Pilar Baptista. Metodologia de Pesquisa. 5a ed. Porto Alegre: Editora Penso. 2013

SCHIEBINGER, Londa. O feminismo mudou a ciência? São Paulo: EDUSC, 2001. Disponível em: https://bibliotecaonlinedahisfj.wordpress.com/wp-content/uploads/2015/03/schienbinger-2001.pdf. Acesso: 30 jul. 2023.

SCHIEBINGER, L. Mais mulheres na ciência: questões de conhecimento. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, São Paulo, v. 15, suplemento, p. 269–281, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-59702008000500015. Acesso em: 20 mar. 2025.

SILVA, Rúbia Estefânia Pinto. Formação de professoras e professores de Ciências Naturais: a “Semana da Mulher” como um espaço para valorização e visibilidade de mulheres cientistas. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências) - Universidade de Brasília, Brasília, 2023.

SILVA, Sérgio Brauna da; Nader, Rundsthen Vasques de; Dantas, Regina Maria Macedo Costa. (2021). Pioneiras da Ciência no Brasil e a identificação daquelas que tiveram invenções publicadas. Revista Scientiarum História, 1, 9. Disponível em: https://doi.org/10.51919/revista_sh.v1i0.256. Acesso em: 21 mai. 2025.

Downloads

Publicado

2025-11-28

Edição

v. 4 n. 2 (2025): Dossiê Meninas e Mulheres na Ciências

Seção

Dossiê Temático Meninas e Mulheres na Ciência

Licença

Copyright (c) 2025 Revista Educação Pública

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Todos os artigos publicados na Revista EaD em Foco recebem a licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0). Todas as publicações subsequentes, completas ou parciais, deverão ser feitas com o reconhecimento, nas citações, da Revista EaD em Foco como a editora original do artigo.