Quando Meninas e Mulheres Falam de Ciência: Saberes Situados, Afetos e Resistência
DOI:
https://doi.org/10.18264/repdcec.v4i2.396Palavras-chave:
Meninas e Mulheres na Ciência. Análise do discurso. Gênero.Resumo
Este artigo analisa os discursos de meninas e professoras participantes do projeto Rocket Girls 2018 até 2020, que visava incluir meninas em situação de vulnerabilidade e imigrantes em práticas científicas na Astronomia e Astronáutica. O objetivo é compreender como essas sujeitas discursivas produzem resistências às normas de gênero, raça e classe, ressignificando a ciência como espaço de pertencimento e emancipação. Analisar essas narrativas se faz necessário para visibilizar e enfrentar as desigualdades estruturais que limitam o acesso feminino à ciência e tecnologia. A fundamentação teórica apoia-se em Foucault, Butler, hooks, Haraway, Louro e Schiebinger, que justificam a análise discursiva como ferramenta para evidenciar processos de subjetivação e resistência na ciência. Utilizou-se a análise do discurso foucaultiana sobre relatos colhidos em entrevistas com participantes do projeto. As conclusões indicam que os discursos produzem deslocamentos identitários, práticas colaborativas e afetivas que desafiam a ciência hegemônica, fortalecendo processos de inclusão e reinvenção epistemológica. Essas descobertas são relevantes para promover políticas educacionais e científicas mais equitativas e inclusivas.
Referências
BYARS-WINSTON, Angela; ROGERS, J. G. Testing intersectionality of race/ethnicity × gender in a social-cognitive career theory model with science identity. Journal of Counseling Psychology, v. 66, n. 3, p. 267–281, 2019.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003/2018.
BUTLER, Judith. Corpos que importam. Os limites discursivos do “sexo”. 1.Ed. São Paulo: Crocodilo edições. 2019.
EUROPEAN COMMISSION. Women’s participation in STEM studies and careers. European Education Area, 2024. Disponível em: https://education.ec.europa.eu/focus-topics/digital-education/action-plan/Women-participation-in-STEM. Acesso em: 9 out. 2025.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996.
Governo do Estado do Paraná. Entre as menores do País, taxa de analfabetismo do Paraná alcança mínima histórica. Agência Estadual de Notícias (AEN), 17 maio 2024. Disponível em: AEN-PR. Acesso em: 14 jul. 2025.
GRIENDLING, Lindsay M.; VANUITERT, Vitória J.; ESPREITADELA , Katherine N. Intersectionality in Inclusive Science Classrooms: Enhancing Student Performance via Multimedia Teacher Professional Development. Journal of Educational Research and Practice, v. 32, n. 2, 2023. https://doi.org/10.1177/016264342210880 . Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/01626434221088023. Acesso em: 9 out. 2025.
GUO, C.; WU, W.; HU, T.; TIZHEN, H.; TINGKAI, G. Gender differences in the relationship between university-led STEM program factors and undergraduates’ career commitment in STEM. International Journal of STEM Education, v. 12, 2025. Disponível em: https://stemeducationjournal.springeropen.com/articles/10.1186/s40594-025-00569-9. Acesso em: 9 out. 2025.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico 2022: Alfabetização: Resultados do universo. IBGEeduca, 17 maio 2024. Disponível em: IBGEeduca portal. Acesso em: 14 jul. 2025.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Taxa de alfabetização chega a 93% da população brasileira, revela IBGE. Agência Brasil (EBC), 17 maio 2024. Disponível em: Agência Brasil. Acesso em: 14 jul. 2025.
HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, n. 5, 1995.
HARDING, Sandra. The science question in feminism. Ithaca: Cornell University Press, 1991.
HOOKS, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.
KOZLOWSKI, D; LARIVIÈRE, V ; SUGIMOTO C, R. ; MONROE-WHITE,T . Intersectional inequalities in science. PNAS, v. 119, n. 15, 2022. https://doi.org/10.1073/pnas.2113067119. Disponível em: https://www.pnas.org/doi/full/10.1073/pnas.2113067119. Acesso em: 9 out. 2025.
LIMA JUNIOR, P. R. M.; REZENDE, F.; OSTERMANN, F. Diferenças de gênero nas preferências disciplinares e profissionais de estudantes de nível médio: relações com a educação em ciências. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v. 13, n. 2, p.119-134, maio/ago. 2011. Disponível em: https://www.abrapec.com.br/ensaio/index.php/ensaio/article/view/208. Acesso em: 3 jul. 2025.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997.
PARISOTO, Mara Fernanda. Rocket Girls: Meninas na Astronomia e Astronáutica. In: Paola Ponciano Cavalheiro. (Org.). Rocket Girls: Meninas na Astronomia e Astronáutica. 1ed.: 2020, v., p. 27-42.
PAVANI, Roseli de Deus. Mulheres na ciência e tecnologia: uma reflexão. Cadernos Pagu, Campinas, n. 35, p. 245-267, jan./jun. 2010. DOI: 10.1590/S0104-83332010000100011.
PAVANI, Roseli de Deus; LIMA, Flávia; JUNIOR, Paulo Roberto Malvasi Lima. Mulheres na ciência: participação e permanência no ensino superior. Cadernos de Educação, Tecnologia e Sociedade, Brasília, v. 8, n. 2, p. 25-42, 2015.
SANDINI, S. P. Brinquedos de meninas e brinquedos de meninos: a normatização da questão de gênero na escola. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, SUBJETIVIDADE E EDUCAÇÃO (SIRSSE), 4. 2018,
SCHIEBINGER, Londa. O feminismo mudou a ciência? Bauru: EDUSC, 2001.
SCHIEBINGER, Londa. Has feminism changed science? Cambridge: Harvard University Press, 1999.
VAKIL, Sepehr; MCCOY, K. Rising Stargirls: Creative Arts-Based Astronomy Workshops to Inspire Girls of Color in Science. International Journal of Astronomy Education, v.9, n. 1, p. 45–60, 2023. https://doi.org/10.32374/2024.4.1.089ra. Disponível em: https://www.astroedjournal.org/index.php/ijae/article/view/89. Acesso em: 9 out. 2025.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Educação Pública

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Todos os artigos publicados na Revista EaD em Foco recebem a licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0). Todas as publicações subsequentes, completas ou parciais, deverão ser feitas com o reconhecimento, nas citações, da Revista EaD em Foco como a editora original do artigo.
