Quando Meninas e Mulheres Falam de Ciência: Saberes Situados, Afetos e Resistência

Autores

  • Andréa do Carmo Bruel de Oliveira Universidade Federal do Paraná
  • Mara Fernanda Parisoto Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.18264/repdcec.v4i2.396

Palavras-chave:

Meninas e Mulheres na Ciência. Análise do discurso. Gênero.

Resumo

Este artigo analisa os discursos de meninas e professoras participantes do projeto Rocket Girls 2018 até 2020, que visava incluir meninas em situação de vulnerabilidade e imigrantes em práticas científicas na Astronomia e Astronáutica. O objetivo é compreender como essas sujeitas discursivas produzem resistências às normas de gênero, raça e classe, ressignificando a ciência como espaço de pertencimento e emancipação. Analisar essas narrativas se faz necessário para visibilizar e enfrentar as desigualdades estruturais que limitam o acesso feminino à ciência e tecnologia. A fundamentação teórica apoia-se em Foucault, Butler, hooks, Haraway, Louro e Schiebinger, que justificam a análise discursiva como ferramenta para evidenciar processos de subjetivação e resistência na ciência. Utilizou-se a análise do discurso foucaultiana sobre relatos colhidos em entrevistas com participantes do projeto. As conclusões indicam que os discursos produzem deslocamentos identitários, práticas colaborativas e afetivas que desafiam a ciência hegemônica, fortalecendo processos de inclusão e reinvenção epistemológica. Essas descobertas são relevantes para promover políticas educacionais e científicas mais equitativas e inclusivas.

Biografia do Autor

Andréa do Carmo Bruel de Oliveira, Universidade Federal do Paraná

Mulher branca, mãe, professora, pesquisadora, cisgênero, sem deficiência. Graduada em Ciências Biológicas. Mestra e doutora em educação Pós doutoranda no projeto meninas nas ciências do CNPq.

Mara Fernanda Parisoto, Universidade Federal do Paraná

Licenciada em Física pela Universidade Comunitária de Chapecó, Mestrado e Doutorado em Ensino de Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente professora Adjunta da Universidade Federal do Paraná- Campus Palotina, na qual atuo na graduação e no Mestrado Acadêmico em Ensino de Ciências.

Referências

BYARS-WINSTON, Angela; ROGERS, J. G. Testing intersectionality of race/ethnicity × gender in a social-cognitive career theory model with science identity. Journal of Counseling Psychology, v. 66, n. 3, p. 267–281, 2019.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003/2018.

BUTLER, Judith. Corpos que importam. Os limites discursivos do “sexo”. 1.Ed. São Paulo: Crocodilo edições. 2019.

EUROPEAN COMMISSION. Women’s participation in STEM studies and careers. European Education Area, 2024. Disponível em: https://education.ec.europa.eu/focus-topics/digital-education/action-plan/Women-participation-in-STEM. Acesso em: 9 out. 2025.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996.

Governo do Estado do Paraná. Entre as menores do País, taxa de analfabetismo do Paraná alcança mínima histórica. Agência Estadual de Notícias (AEN), 17 maio 2024. Disponível em: AEN-PR. Acesso em: 14 jul. 2025.

GRIENDLING, Lindsay M.; VANUITERT, Vitória J.; ESPREITADELA , Katherine N. Intersectionality in Inclusive Science Classrooms: Enhancing Student Performance via Multimedia Teacher Professional Development. Journal of Educational Research and Practice, v. 32, n. 2, 2023. https://doi.org/10.1177/016264342210880 . Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/01626434221088023. Acesso em: 9 out. 2025.

GUO, C.; WU, W.; HU, T.; TIZHEN, H.; TINGKAI, G. Gender differences in the relationship between university-led STEM program factors and undergraduates’ career commitment in STEM. International Journal of STEM Education, v. 12, 2025. Disponível em: https://stemeducationjournal.springeropen.com/articles/10.1186/s40594-025-00569-9. Acesso em: 9 out. 2025.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico 2022: Alfabetização: Resultados do universo. IBGEeduca, 17 maio 2024. Disponível em: IBGEeduca portal. Acesso em: 14 jul. 2025.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Taxa de alfabetização chega a 93% da população brasileira, revela IBGE. Agência Brasil (EBC), 17 maio 2024. Disponível em: Agência Brasil. Acesso em: 14 jul. 2025.

HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, n. 5, 1995.

HARDING, Sandra. The science question in feminism. Ithaca: Cornell University Press, 1991.

HOOKS, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.

KOZLOWSKI, D; LARIVIÈRE, V ; SUGIMOTO C, R. ; MONROE-WHITE,T . Intersectional inequalities in science. PNAS, v. 119, n. 15, 2022. https://doi.org/10.1073/pnas.2113067119. Disponível em: https://www.pnas.org/doi/full/10.1073/pnas.2113067119. Acesso em: 9 out. 2025.

LIMA JUNIOR, P. R. M.; REZENDE, F.; OSTERMANN, F. Diferenças de gênero nas preferências disciplinares e profissionais de estudantes de nível médio: relações com a educação em ciências. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v. 13, n. 2, p.119-134, maio/ago. 2011. Disponível em: https://www.abrapec.com.br/ensaio/index.php/ensaio/article/view/208. Acesso em: 3 jul. 2025.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997.

PARISOTO, Mara Fernanda. Rocket Girls: Meninas na Astronomia e Astronáutica. In: Paola Ponciano Cavalheiro. (Org.). Rocket Girls: Meninas na Astronomia e Astronáutica. 1ed.: 2020, v., p. 27-42.

PAVANI, Roseli de Deus. Mulheres na ciência e tecnologia: uma reflexão. Cadernos Pagu, Campinas, n. 35, p. 245-267, jan./jun. 2010. DOI: 10.1590/S0104-83332010000100011.

PAVANI, Roseli de Deus; LIMA, Flávia; JUNIOR, Paulo Roberto Malvasi Lima. Mulheres na ciência: participação e permanência no ensino superior. Cadernos de Educação, Tecnologia e Sociedade, Brasília, v. 8, n. 2, p. 25-42, 2015.

SANDINI, S. P. Brinquedos de meninas e brinquedos de meninos: a normatização da questão de gênero na escola. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, SUBJETIVIDADE E EDUCAÇÃO (SIRSSE), 4. 2018,

SCHIEBINGER, Londa. O feminismo mudou a ciência? Bauru: EDUSC, 2001.

SCHIEBINGER, Londa. Has feminism changed science? Cambridge: Harvard University Press, 1999.

VAKIL, Sepehr; MCCOY, K. Rising Stargirls: Creative Arts-Based Astronomy Workshops to Inspire Girls of Color in Science. International Journal of Astronomy Education, v.9, n. 1, p. 45–60, 2023. https://doi.org/10.32374/2024.4.1.089ra. Disponível em: https://www.astroedjournal.org/index.php/ijae/article/view/89. Acesso em: 9 out. 2025.

Downloads

Publicado

2025-11-28

Edição

Seção

Dossiê Temático Meninas e Mulheres na Ciência