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Mudanças climáticas, conscientização da sociedade e a família

Roosevelt S. Fernandes

Coordenador do Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental (Nepa)

Conversa ouvida em uma fila de banco.

– Meu amigo, tudo bem?

– Desagradável apenas este calor.

– Mas, você sabe; isso é culpa de uma tal de mudança climática.

– Eu sei; é a redução do número de estações do ano de quatro (primavera, verão, outono e inverno) para apenas duas (chuva e verão).

– E é verdade mesmo, pois na estação do verão, dado o calor excessivo, há muita evaporação de água que acaba caindo (acima do esperado) na estação das chuvas.

– Sabe que você conseguiu explicar esse processo com muita clareza, pois vinha ouvindo muita coisa sobre este tal de aquecimento global e não estava entendendo nada.

– Amigo, não use o termo aquecimento global, pois ele não está correto. Realmente, na estação do verão o tempo esquenta muito, mas na estação das chuvas as coisas esfriam; logo, não há um efeito global, mas sim distribuído entre as duas estações.

– Já ouvi comentários de que essa tal de mudança climática irá afetar muito a agricultura e vai obrigar muita gente a se deslocar de uma região para outra.

– Bobagem; a tecnologia está aí para resolver esse problema. Basta coleta a água na estação das chuvas e usá-la como irrigação na estação do verão. Já tem até projeto de transbordo de um rio para o outro para resolver o problema da seca no Nordeste.

– Então essa história de economizar o uso da água é bobagem, pois a captação da água na estação das chuvas irá resolver o problema da falta de água na estação verão.

– Mas falam que o homem é culpado de tudo isso?

– É verdade; sem estar por dentro das coisas como realmente são, acaba ficando assustado, sem necessidade, lendo e ouvindo coisas que um dia se mostram como tremendos problemas e no dia seguinte vem alguém é diz que o falado não é verdade.

– E este inverno absurdo na Europa e na América do Norte?

– Na estação das chuvas, em um lugar muito frio, ao invés de a água evaporar ela vira gelo, o que explica esse monte de gelo nessas regiões. Mas não se preocupe, pois a natureza é sábia. Quando precisa de água ela descongela o gelo ou derrete um pouco da neve no polo da Terra.

– Mas há quem diga que a população está crescendo; isso não afeta esta tal de mudança climática?

– Claro que não. A população vem crescendo desde o início do mundo e essa tal de mudança climática só apareceu agora.

– Li que estão discutindo uma tal de redução de emissão de C-O-dois; isso tem alguma relação com o problema?

– Tem, mas não tem solução. Li em um livro de Química que toda vez que se queima um combustível há obrigatoriamente a emissão de C-O-dois. Como não há como reduzir o consumo de combustível no mundo – pelo contrário, o consumo tende a crescer – não há como pensar em reduzir a emissão desse tal de C-O-dois.

– Amigo, foi bom ter falado com você. Aprendi em poucos minutos um assunto que vinha me preocupando há muito tempo. Por que será que a mídia não explica essas coisas de forma tão fácil? Todos entenderiam e deixariam de se preocupar desnecessariamente com a mudança climática.

A conversa se encerrou neste ponto; cada amigo foi para um lado. Como produto, fica apenas um aumento significativo da preocupação em relação à necessidade de esclarecer a sociedade sobre o que realmente é o processo das mudanças climáticas. E o mais importante: essa discussão exige o amplo envolvimento de uma sociedade presente e esclarecida.

Em tempo: a família (por enquanto) vai bem, obrigado.

Publicado em 30 de março de 2010

Publicado em 30 de março de 2010

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