Este trabalho foi recuperado de uma versão anterior da revista Educação Pública. Por isso, talvez você encontre nele algum problema de formatação ou links defeituosos. Se for o caso, por favor, escreva para nosso email (educacaopublica@cecierj.edu.br) para providenciarmos o reparo.

A motivação em situações de risco

Armando Correa de Siqueira Neto

Psicólogo e professor

Ao longo da história percebe-se um fato comum entre os eventos de guerra: uma causa. Seja em nome de defender a família, a honra, a cidade, o país, a cultura, o rei, a rainha, o bispo, o papa, e sobretudo defender-se, há uma causa a se apegar. Há um motivo claro e pujante que faz pulsar exacerbadamente o sangue nas veias. A maioria das guerras embasou-se em razões que as justificaram (ou tentaram, pelo menos) e as legitimaram por tais causas, que se apoiavam em diversas ideologias.

A justificativa bélica se dá pela existência de uma causa, e o ser humano precisa se fundamentar em uma crença, ainda que temporária, para arregimentar sua motivação. É uma situação que põe a pessoa em contato com a sua energia mais reservada, causando nela o sentimento de bem-estar pela vitalidade gerada pelos motivos, pelo desafio e pela expectativa.

Durante as batalhas, a adrenalina mantém os soldados em permanente sensação de perigo e excitação, fazendo valer cada segundo da vida e movimentar todos os átomos do corpo. Quando o intervalo entre uma disputa e outra se estendia longamente, os valentes militares queixavam-se. Muitas vezes, sua razão de viver relacionava-se justamente ao ato de confrontar-se com o inimigo.

Atualmente, para um professor, vale a pena sentir a explosão química decorrente de lutar com empenho nas pelejas contra o desinteresse dos alunos, contra a falta de recursos da escola, ao invés de mofar na monotonia dos “mares da tranquilidade” de um trabalho óbvio. Um pouco de pressão faz bem.

Vale lembrar, por outro lado, a dica do técnico da seleção brasileira de vôlei, Bernardinho – que vale para professores e alunos: “Se a tensão é alta, diminui-se a cobrança, pois fazer pressão sobre quem está mal, triste e vulnerável acaba tendo o efeito oposto. Mas se as pessoas estão tranquilas e felizes, esticamos a corda.”

Ele está certo, pois não é no sossego retilíneo que a vida se faz veemente, mas nas acidentadas linhas do desconforto. Não é na passividade que a motivação surgirá com a sua força, mas na agitação da atividade, do incentivo ao aluno.

Engana-se aquele que crê na brisa como sendo o santo remédio para a sua desiludida vida, pois os fortes ventos é que são capazes de modificar o rumo da sua nau, podendo levar a novos horizontes e então sentir a motivação em cada parte do seu ser.

Os exércitos também são formados por soldados que nem sempre estão dispostos a lutar, pois bem sabem que a morte é uma das certezas mais desagradáveis a ser encarada no front. No entanto, os ânimos se exaltam quando uma razão é apresentada, fazendo da sobrevivência um mero detalhe que é superado pela causa apontada (quando bem escolhida, claro).

Portanto, as perguntas necessárias são: o que as escolas têm feito para chacoalhar o bambuzal da motivação de sua comunidade (professores, funcionários, alunos, responsáveis)? O que é oferecido ao pessoal é suficiente? Cada líder (de que segmento for, especialmente da direção) é estimulado a estimular seus seguidores cotidianamente?

Publicado em 25 de maio de 2010

Publicado em 25 de maio de 2010

Novidades por e-mail

Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing

Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário

Deixe seu comentário

Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.