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Consciência ecológica vital
Armando Correa de Siqueira Neto
Psicólogo e professor
Você conhece o seu papel na preservação da vida? Não podemos mais ignorar os problemas ecológicos atuais e futuros. E, para aqueles que já possuem algum conhecimento a respeito, não basta apenas saber; é preciso arregaçar as mangas e desenvolver a consciência ecológica, agindo em prol da preservação do que ainda resta na natureza. Um primeiro passo pode ser discutir questões ambientais em sala de aula.
Saber, querer e fazer são os elementos dessa importante receita da salvação. Se o ser humano soube tirar proveito do mundo natural que lhe ofereceu a possibilidade de existir e manter-se vivo até os dias atuais, é hora de retribuir – não apenas como uma forma de agradecer, mas pela imperativa necessidade de sobreviver, pois, caso nada seja feito em maior escala para impedir o avanço da destruição dos recursos naturais, pouco nos restará em um porvir próximo.
Não se trata de uma previsão, mas de um inevitável apocalipse ecológico que se avizinha. Você já pensou séria e profundamente sobre a questão? Já levou essa questão para sua escola, para suas aulas?
Ao redor do mundo, muito se tem debatido acerca da agressão contra a natureza e suas sinistras decorrências, mas poucos têm colaborado de verdade. É preciso discutir mais e empreender com afinco tanto no combate aos comportamentos inadequados quanto no estímulo às atitudes que auxiliam e preservam (reciclagem do lixo e economia de água são um ótimo começo). A ecologia é um assunto que pertence a todos, e não apenas a alguns especialistas. Quanto mais a estudamos e a praticamos, mais significativos são os resultados que emergem, gerando graus de consciência necessários ao aprimoramento da gestão ecológica, pois, sem a mínima consciência, será possível obter muito pouco.
Será preciso passar por experiências similares registradas no passado? Onde está nossa capacidade de análise e julgamento? O nosso bom senso? Foram necessários oitenta anos para que se deixasse de poluir o ar com a mistura do chumbo à gasolina, por exemplo, substituindo-o pelo álcool, mesmo que se soubesse, há décadas, que o perigo causaria problemas como deficiência intelectual, o que se constatou inequivocamente por meio de estudos com várias pessoas nos Estados Unidos.
Hoje observamos passivamente o descarte irrefletido de montanhas de lixo e o desmatamento de imensas áreas verdes. Sim, assistimos à destruição, sentados confortavelmente em nossos sofás.
É preciso lembrar que há quem faz e quem consente?
Quem não se opõe aceita. Esconder-se atrás do sentimento de impotência não seria uma posição cômoda e infantil? Onde está a atuação política madura, cuja organização cidadã é capaz de fazer pressão suficiente sobre os parlamentares que nos representam na democrática sociedade de convívio? Por que tamanho silêncio, tamanha inércia?
A omissão não isenta o seu autor da responsabilidade da culpa. Ignorar não justifica a falta de interesse.
Sim, somos culpados, ainda que a maioria de nós não tenha indústrias que jorram seus indecentes restos rio adentro ou céu afora, poluindo sobretudo a reduzida percentagem de água potável disponível, que é notoriamente conhecida como fonte de sobrevivência da nossa espécie (e de outras). Aceitamos que se destrua o bem mais precioso, e com isso encaminhamo-nos à própria destruição. Não acredita?
É um paradoxo e tanto frente à determinação genética de sobrevivência, aperfeiçoamento, adaptação e transmissão das informações à descendência. Não somos programados para a autodestruição, mas dá para entender as razões da absurda contradição. Faz-se necessária a presença do perigo real e imediato para que o ser humano desperte do seu estado de torpor e passividade para tomar as providências defensivas. Poucos são previdentes e se antecipam aos riscos. Então, enquanto a desgraça não bater à porta de forma concreta e sem rodeios, pouco se fará para combatê-la.
O aviso externo não nos estimula tanto quanto a dor interior. O mal-estar pessoal é sempre o ponto de partida das mudanças. Porém, talvez chegue a ocasião em que seja tarde para qualquer tipo de reação sem que aconteça o extermínio de substancial número de vidas.
Não é uma previsão, insisto. É um efeito do qual não se escapa se não houver modificação da causa. Afinal, o que falta para que você comece a refletir e agir sobre o assunto? Quando você pretende adquirir a consciência ecológica vital?
Para nós, professores, outra questão tão importante quanto essa é: como levar essa discussão para nossas aulas? Como conscientizar nossos alunos desses fatos e desses riscos?
Publicado em 24 de agoato de 2010
Publicado em 24 de agosto de 2010
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