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Discutindo questões relacionadas ao ensino de Física no Brasil: o ensino descontextualizado e excessivamente matematizado

Adriana Oliveira Bernardes

Professora; mestre e doutoranda em Ensino de Ciências (UENF); tutora do curso de Licenciatura em Matemática do Consórcio Cederj; coordenadora do Clube de Astronomia Marcos Pontes

O Ensino de Física no Brasil, tanto quanto o de outras disciplinas – poderíamos citar aqui a Química, por exemplo –, apresenta-se para maioria dos alunos do Ensino Médio como um ensino desvinculado da realidade do mundo em que vivem, não sendo, na maioria das vezes, contextualizado em sala de aula pelo professor.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), os alunos não conseguem ver ligação entre o que aprendem em Física na escola e os fenômenos físicos que acontecem em seu cotidiano. Vem daí a importância da contextualização, que é apontada como um recurso que a escola tem para fazer com que o aluno seja ativo no processo de aprendizagem, afirmando também ser esta uma maneira de provocar a aprendizagem significativa dos alunos.

Devido à falta de contextualização, ao estudar inércia, queda livre e pêndulo simples, por exemplo (conteúdos comuns ao currículo de Física no Ensino Médio), a maioria dos alunos não consegue associar aquele conhecimento a fenômenos observados em seu dia a dia, como ao fazer uso de um carro ou quando observam fenômenos da natureza que são periódicos, tanto quanto o movimento do pêndulo simples.

É bom lembrar que o excesso de matematização também colabora para isso, e o estudo da Física deve envolver mais que fórmulas e resolução de problemas; é essencial que os conceitos sejam entendidos, daí a importância da discussão do que foi aprendido em sala de aula. Cada conteúdo, cada conceito deve ser discutido pelo professor junto aos alunos e contextualizado através do recurso que lhe for mais conveniente.

Nesse sentido, os PCN apontam para a importância de que aluno e professor percebam juntos quais e como o conhecimento da matéria foi construído.

Aí entra uma questão interessante e que devemos considerar em relação aos cursos de Física e Química. Os alunos iniciam seu estudo no Ensino Fundamental, no 9o ano, tendo normalmente como professor um profissional da área de Ciências Físicas e Biológicas que na maioria das vezes não recebeu preparo para ensinar Física. Esse profissional geralmente trabalha tanto Física como Química; isso é uma realidade pelo menos nas escolas estaduais do Rio de Janeiro.

Nos anos subsequentes, os cursos de Física e Química deverão ser mais consistentes e fazer com que os alunos compreendam a ciência cotidiana. Nesse sentido, o problema da falta de professores de Física leva os alunos a ter aulas de Física com professores de Matemática e aulas de Química com professores de Biologia.

Em ambos os casos, o aluno perde muito em qualidade; aprende conceitos incorretos, tira notas ruins que avaliam o pouco que esses profissionais sabem e que muitas vezes não é Física propriamente dita, o que torna desestimulante o ensino para o aluno – e algumas vezes enfadonho.

Esse profissional, além de ter dificuldades de contextualizar e tendência a matematizar excessivamente, tratando a Física como mera resolução de equações do primeiro e segundo graus que o aluno certamente aprendeu no Ensino Fundamental, não tem como ensinar essa disciplina com a diversidade de recursos que é necessária. Novas tecnologias, recursos lúdicos e História da Ciência, unidos, podem trazer qualidade ao ensino de Física no Ensino Médio.

É difícil pensar que a formação desse professor que está em sala de aula vindo de outra área de formação possa suprir essas necessidades. Até mesmo professores que se licenciaram em Física teriam dificuldades em trabalhar diversificadamente, visto que nem sempre o desenvolvimento de tais competências faz parte de sua formação universitária. Vem daí a importância de incentivar a formação de professores de Física que primem principalmente pela qualidade no ensino oferecido.

Veja alguns links Interessantes com experiências da utilização da História da Ciência e de recursos lúdicos no ensino de Física:

Publicado em 23 de novembro de 2010

Publicado em 05 de outubro de 2010

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