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A lógica e outros discursos

Janaína Garcia

As principais ideias desenvolvidas pelo autor

O discurso lógico-matemático, ao impor-se na tradição ocidental, tendeu a excluir do seio da linguagem as outras formas de discurso, nomeadamente as que visam a expressão e a persuasão: a retórica, a poética, o mito, a linguagem ordinária.

A partir do final do século XIX, a problemática da linguagem passou a interessar especialmente três disciplinas: a Lógica – em que se destacam os trabalhos de autores como Frege (cuja distinção entre sentido e referência desencadeia um conjunto de discussões fundamentais), Russel, Wittgenstein, Peirce (para quem a Lógica se identificava com a Semiótica), Morris, Carnap, Quine etc.; a Linguística – os trabalhos de Saussure, (o seu fundador, que a concebia como fazendo parte de uma ciência mais geral, que deveria estudar a vida dos signos no seio da vida social, que chamou de Semiologia ou “ciência dos signos”), Hjelmeslev, Jakobson, Barthes, Benveniste, Ducrot e Chomsky, entre outros; e a Filosofia da Linguagem – de onde podemos citar os trabalhos de Austin, Searle, Habermas, Ricoeur, Perelman e Meyer.

Michel Meyer, nascido em 1950, é um filósofo belga e professor na Universidade Livre de Bruxelas. A sua reflexão debruça-se principalmente sobre a retórica, para a qual contribuiu largamente com a introdução de uma abordagem da argumentação a que dá o nome de problematologia. Economista de formação, é mestre em Artes e doutor em Filosofia.

Neste trabalho, Meyer trata da definição da Retórica clássica, segundo Platão, Cícero e Aristóteles; tenta estabelecer a distinção entre retórica e argumentação e fala da unidade retórica e de suas partes: o éthos, que se refere ao “caráter do orador”; o páthos, que são as paixões que se pretende, com o discurso, suscitar no ouvinte ou leitor; e o logos, que é a forma de argumentação por meio de raciocínios.

Para entender o pensamento de Meyer é necessária uma breve introdução ao nascimento da retórica.

Segundo os historiadores, a Retórica nasce em 465 a.C., na Sicília Grega. Nessa época não havia advogados; o que existia eram pensadores que ensinavam os outros a falar bem e a argumentar. Um dos mais conhecidos foi Córax, discípulo do filósofo Empédocles. Inventou o argumento que recebeu o seu nome, córax. O argumento opera da seguinte maneira: tem-se uma argumentação pragmática ou argumentação pela consequência; por exemplo, se você é o suspeito número um de um crime, não o cometeria; e uma retorsão do argumento, isto é, usar o argumento do adversário contra ele mesmo.

A partir de então, dá-se o nascimento da retórica, que leva em consideração três elementos fundantes: 1) nasce de questões da vida prática, e não da essência; 2) não trabalha com o conceito de verdade, mas com o que é mais plausível, mais convincente; 3) o direito não trabalha com uma prova de verdade, mas com a verossimilhança.

Aristóteles foi o primeiro pensador da Retórica, em que caracterizou três dimensões: o éthos (o caráter do orador), o logos (a racionalidade do discurso, que não é uma racionalidade apodítica, mas visa conhecer, conseguir adesão; não é uma racionalidade coercitiva, exaustiva, é de natureza mais flexível) e o páthos (auditório a quem o discurso é dirigido). Essas três dimensões possuem funções específicas: o éthos (docere) possui a função de ensinar; o logos (movere), a de mobilizar; e o páthos (delectare), de agradar.

Desta forma, Michel Meyer buscava dois propósitos nos estudos sobre retórica. Em primeiro lugar, tentava buscar a unificação daquelas três dimensões, numa tentativa de restituição da retórica, pois, para ele, quando há harmonia entre essas três dimensões a retórica funciona bem, e quando não há ocorrem as “hipertrofias”. A hipertrofia do éthos se caracteriza pela autoridade de um orador, tão grande ela é que quando falar ninguém vai discordar; a hipertrofia do logos se caracteriza por achar que o discurso pode convencer além do orador e da disposição do público; a hipertrofia do páthos se caracteriza quando o orador só se preocupa em agradar (discurso típico dos demagogos).

Em segundo lugar, procurava superar o raciocínio proposicional, que é próprio de toda a cultura ocidental. Tal raciocínio parte de uma premissa para se chegar a uma conclusão. “Interrogar é fazer admitir uma proposição oposta mas igualmente provável, confrontando-a, entre outras coisas, com os argumentos dos adversários. Aliás, parece mesmo que o ideal proposicional se perpetua. Trata-se de chegar, tanto quanto possível, a uma proposição que exclua o seu contrário, esperando que a ciência possa decidir apodicticamente, quer dizer, com toda a precisão. Não é, portanto, o problemático que é preciso ser conceituado, mas as respostas que não o são e que gostaríamos muito que o fossem. A Retórica seria como que um paliativo da lógica; aquilo que, à falta de melhor, utilizamos para responder com probabilidade, quer dizer, como verdade exclusiva, proposicional” (Meyer, 1993, p. 29).

Mas o que é Retórica para o autor em questão? É a arte de bem falar; possui forte caráter argumentativo. É um estudo do discurso ou das técnicas de persuasão e até mesmo de manipulação, na visão dos gregos. Nesse sentido, Meyer critica a postura de Platão, que via a Retórica como sofística sem nenhum aspecto positivo. Platão desenvolveu a filosofia como discurso apodítico em reação contra a Retórica, colocando ao centro o conceito de verdade, cuja norma se distingue pelo exclusivo de toda contrariedade possível. Logo, a metafísica será a resposta à retórica, ignorando qualquer forma de interrogação. O verdadeiro discurso, o logos, não conhecia opinião, a contingência, a possibilidade de verdade contrária – que por definição seria um erro. A dialética de Platão é a expressão dessa verdade única que deve emergir da discussão, onde não há espaço para a ambiguidade, para o sentido plural ou a abertura à multiplicidade de opiniões.

Entretanto, a Retórica, como bem sublinha Meyer, possui várias definições. Em primeiro lugar, ela foi uma técnica de persuasão – e Chaim Perelman ainda a define assim, cerca de vinte séculos depois: “o objeto dessa teoria é o estudo das técnicas discursivas que permitem provocar ou aumentar a adesão dos espíritos às teses que apresentamos ao seu assentimento”.

Para Meyer, a retórica vê-se aqui claramente reduzida à argumentação, a um raciocínio cujo objetivo é persuadir. A retórica anuncia-se como “racional”, se podemos assim dizer. Porém, o conceito de persuasão reenvia à adesão, e, de uma maneira geral, à resposta do auditório.

Em segundo lugar, Meyer observa o redesdobramento da Retórica em termos de discurso e de efeitos de sentido. Na decomposição da Retórica, no âmago do seu raciocínio, onde ela se defende da Lógica, e no âmago das figuras de estilo, onde se debate contra a poética, determinamos uma realidade comum: a linguagem. O literal e o figurado, o que é dito e o que se pretende dizer delimitam a “nova retórica”.

Tradicionalmente, a Retórica é a “arte de bem falar”, mas o advérbio bem, nas palavras do autor, é demasiado rico de sentido e nos reenvia para uma multiplicidade de objetivos, entre eles: 1) persuadir e convencer, criar o assentimento (função clássica da retórica); 2) agradar, seduzir ou manipular, justificar, por vezes a qualquer preço, as nossas ideias para fazê-las passar por verdadeiras, porque o são ou porque acreditamos nelas (hipertrofia do páthos); 3) fazer passar o verossímil, a opinião e o provável com boas razões e argumentos, sugerindo inferências ou tirando-as por outrem (função do éthos); 4) sugerir o implícito através do explícito (trabalho analítico do discurso); 5) instituir um sentido figurado, a inferir do literal, a decifrar a partir dele, e para isso utilizar figuras de estilo, “histórias” (questão do sentido figurado e sentido explicativo); 6) utilizar linguagem figurada e estilizada, o literário (também questão do sentido figurado e sentido explicativo); e 7) descobrir as intenções daquele que fala ou escreve, conseguir atribuir razões para o seu dizer, entre outras coisas, através do que é dito (trabalho analítico do discurso – análise do discurso, análise da retórica e análise do argumento).

O que Meyer propõe com tudo isso é uma diferenciação entre a “retórica-sedução” e a “retórica-adesão”. A primeira se caracterizaria por uma argumentação convincente, enquanto a segunda trabalharia com a ideia de ideologia que faz comprar ou a propaganda que faz crer e, por vezes, agir. Transformar o critério da retórica na ação sobre as paixões e emoções por meio da linguagem (em vez de ser por intermédio da verdade) corresponderia a um salto – e sabemos que esse foi o salto de Platão.

Mas é possível fazer aparecer uma unidade de estrutura nas sete acepções de retórica mostradas anteriormente?

Retornando a essas definições, entende-se melhor pelos três pontos de vista propostos no texto: do ponto de vista do orador, o que se impõe como determinante é a vontade de agradar, de persuadir, de seduzir, de convencer. Do ponto de vista do auditório, o que conta é antes a decifração das intenções e, por conseguinte, o caráter do orador. Do terceiro ponto de vista, aquele que o próprio médium apresenta, vale a linguagem ou a imagem, ou seja, a mensagem.

Logo, por detrás da riqueza das sete definições apresentadas, esconde-se uma estrutura muito precisa, via linguagem (logos) ou simplesmente por instrumento de comunicação. A retórica é o encontro dos homens e da linguagem na exposição de suas diferenças e das suas identidades que se manifesta por argumentos ou por sedução. Daí Meyer dizer que a retórica é a negociação da distância entre os sujeitos, e essa negociação acontece pela linguagem. O que está em jogo na retórica é a distância, mesmo se o objeto do debate é particularizado por uma questão: “a retórica é a faculdade de considerar, para cada questão, o que pode ser próprio para persuadir” (Meyer, 1993). Logo, a definição geral proposta pelo autor: “a retórica é a negociação da distância entre os homens a propósito de uma questão, de um problema” (Meyer, 1993, p. 27).

Toda a fundamentação de retórica de Meyer é centrada na unidade entre o logos, o páthos e o éthos: “No fundo, a ambiguidade, portanto, a confusão que notamos a propósito da retórica, deve-se à incontornável problematicidade que o logos deve traduzir, embora este último se tenha constituído para o erradicar. O logos coloca o responder, ignorado como tal muito evidentemente, no anteplano; e esse responder é assim assimilado à supressão do problemático pela precisão de uma solução que é ela mesma necessária” (Meyer, 1993, p. 30). O que ele quer dizer é que aquilo que constitui o fundamento da razão e do discurso é o problema ou a questão. Discutimos uma questão e a ficção lança mão de uma intriga. A retórica não fala de uma tese, de uma resposta-premissa que não responde a nada, mas da problematicidade que afeta a condição humana, tanto nas suas paixões como na sua razão e no seu discurso.

Chegamos aqui ao cerne da questão proposta pelo autor, a de uma racionalidade interrogativa: “Quanto mais uma questão ou uma causa é certa, menos se impõe decidir: louvamos ou desaprovamos, aceitamos ou recusamos. A paixão e a opinião que a acompanha é então único juiz. Pronunciamo-nos em função daquilo que sentimos. Por contraste, quanto mais duvidosa uma questão é, mais precisamos deliberar e menos o outro é depositário da decisão, e assim somos confrontados ainda mais com uma problematicidade plural que devemos tomar sob a nossa responsabilidade sem descanso externo. É a variação de problemática que define os possíveis gêneros da retórica, e essa mesma problematicidade é tributária dos meios de resolução à disposição” (Meyer, 1993, p. 34).

Na verdade, quanto mais incerta for uma questão, menos se reduzirá a uma única alternativa e cada vez mais se abrirá um espaço de alternativas múltiplas. Já não se trata mais de aprovar ou desaprovar; agora convém decididamente encontrar a resposta mais útil, a mais adequada entre todas as possíveis e até mesmo criar a alternativa.

A colocação da interrogatividade em evidência permite compreender uma oposição entre dois usos da retórica: aquele que visa manipular os espíritos e aquele que, pelo contrário, torna públicos os procedimentos da primeira; aquele que é crítico e lúcido sobre os procedimentos de discurso e aquele que visa ofuscar o interlocutor ou, em todo caso, adormecê-lo. Tem-se então o que Meyer chama de retórica negra e retórica branca. A primeira faz do outro o foco dos seus interesses, manipula-o. Há a manipulação pela linguagem, que consegue fazer passar por resposta aquilo que é uma questão. A segunda não elimina a interrogatividade pelo seu responder, mas exprime antes o problemático sem nunca o ocultar nos seus argumentos e nas suas respostas. Engloba assim simultaneamente o estudo da retórica e o seu uso. Essa seria, enfim, a boa retórica.

Para concluir, todo discurso é de certa maneira um responder. Mas a argumentação não visa responder diretamente a uma questão. A fronteira entre retórica negra e retórica branca está apenas na maneira de interrogar: existe o agradar e seduzir como vontade e existe o agradar e o seduzir como efeitos. Para chegar a um objetivo que consideramos justo, muitas vezes utilizamos de manipulação, mas o que Meyer defende é que não se deve conceder mais espaço para a retórica negra e desmistifica a questão de que existe uma intenção totalmente pura e boa.

Análise crítica

Michel Meyer foi discípulo de Chaim Perelman, o fundador da chamada “nova retórica”, que se caracteriza por uma teoria da argumentação que cobre todo o campo do discurso que visa convencer ou persuadir seja qual for o auditório a que se dirige e a matéria a que se refere.

Com a morte de Perelman, em 1984, Meyer o substituiu na Universidade de Bruxelas, na Bélgica, onde dá continuidade aos estudos do mestre. O desdobramento do trabalho de Meyer caminha mais no sentido de ruptura do que de continuidade com o pensamento de seu Perelman. É evidente que ele utiliza a base e o referencial teórico de Perelman para poder progredir na formulação de sua teoria da “problematicidade”.

Dessa forma, é importante ressaltar uma diferença fundamental nessa ruptura de pensamento entre os dois autores: enquanto Meyer busca a unidade das três dimensões, Perelman trabalha as outras dimensões, principalmente o logos, em que outros aspectos da retórica são contemplados. Nessa concepção de argumentação, aparece como central a noção de auditório, definido como o conjunto daqueles que o orador quer influenciar mediante o seu discurso (Perelman, 1993).

Mas uma breve passagem de Meyer se faz necessária para compreender a crítica principal que pretendo fazer ao autor:

Ora, nós vivemos na história, e ela tem como efeito sacudir as velhas respostas, que se tornam caducas, atingindo-as com a problematicidade. É essencial poder dissociar o antigo do novo, as respostas que se imporão daí em diante das que estão cada vez mais sujeitas à discussão. Mais a história acelera, mais as diferenças se aprofundam e mais as velhas respostas apenas permanecem metaforicamente. Além disso, tomamos mais e mais consciência de que elas são metáforas e de que estas são enigmas que pedem outras respostas, outra literalidade. (...) Essas metáforas levantam o problema de novas respostas a que elas remetem e exigem, tornando-se a expressão da problematicidade histórica. Em consequência, ou nos damos conta desta última ou a negamos. Então, ou teremos novas respostas no lugar das antigas ou vamos nos agarrar às antigas como se elas ainda permanecessem válidas, mediante metaforização, ou seja, retorização

(Meyer, 2007)

Admitir o questionamento como pedra angular da atitude filosófica é recuperar a estrutura interrogativa do pensamento. A distinção entre o nível da questão e o nível da resposta leva a romper, de certo modo, a unidade indiferenciada do pensamento que procede através de um continuum de proposição a proposição. A história tem revelado uma imagem "proposicional" da razão, em detrimento da estrutura interrogativa do pensamento. Questão e resposta selam o pacto da circularidade; tanto em nível teórico como prático, a passagem entre ambas caracteriza o esforço do existir humano frente a problemas visando sua solução.

Segundo Michel Meyer, qualquer enunciado ou ação do homem é uma resposta, vale dizer, a qualquer ação, comportamento ou enunciado pode-se associar um problema. Em outros termos, a atividade humana, teórica ou prática, deve ser encarada como um processo de questionamento em um contexto constituído de sentido.

Porém, dentro desse modelo da “problematologia”, desse raciocínio interrogativo, que coloca em questão o que estava fora de questão, é necessário problematizar o óbvio e o lógico. Nesse modelo se passa o tempo todo interrogando. Seria uma retomada do próprio princípio socrático? O modelo socrático pressupõe chegar a um conceito que é uma verdade, única e universal, ao contrário de Meyer, para quem a própria conclusão pode ainda ser questionada, pois não é uma verdade absoluta. Para o autor, se não se rompe com o pensamento proposicional, a retórica se transforma em algo de segunda categoria, um paliativo da lógica.

Para Meyer, o homem que fala ou escreve tem um problema em mente, ou seja, quando ele empreende uma ação qualquer ele o faz em resposta a um problema que é colocado para ser resolvido. Propor resolver um problema pela linguagem pressupõe que esse problema interessa igualmente ao destinatário, pelo menos é no que o locutor crê. Seguindo ainda Meyer, a expressão de um problema já é, em parte, resposta. É uma resposta parcial, já que se coloca como a primeira etapa em direção à solução que o outro deve trazer.

Formular uma questão é já uma maneira de responder ao problema que ela exprime, assim como falar sobre qualquer coisa já é responder à questão de que se trata. Ocorre que, em uma situação natural, a resposta é tão problematológica quanto a pergunta. Em um primeiro momento, ela se refere explicitamente a um problema; em um segundo momento, não remete mais ao problema inicial, ela segue problematizando além da solução já contida na questão.

Para concluir: até que ponto vale à pena insistir nessa problematização? O que isso interessa efetivamente para nós? O que vamos tirar de proveito dessa problematização? Isso Meyer não levou em consideração na sua teoria, e acabou virando uma regressão ao infinito, um questionamento do questionamento sem limites.

Referências

MEYER, Michel. Questões de retórica: linguagem, razão e sedução. Lisboa: Edições 70, 1998.

MEYER, Michel. A retórica. Trad. Marly N. Peres. São Paulo: Ática, 2007.

MEYER, Michel. De Ia Problématologie. Paris, 1986.

PERELMAN, Chaim. O império retórico: retórica e argumentação. Porto: Asa, 1993.

Este artigo é uma resenha do texto “O que é retórica”, in: Questões de retórica: linguagem, razão e sedução.

Ficha técnica do livro:

  • Título: A retórica
  • Autor: Michel Meyer
  • Gênero: Ensaios e Filosofia
  • Produção: Editora Ática

Publicado em 02/02/2010

Publicado em 02 de fevereiro de 2010

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