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Biblioteca Digital Mundial

Alexandre Amorim

Uma Biblioteca Atraente

Imagem da página inicial do site
http://www.wdl.org/pt

A Biblioteca Digital Mundial é um site cultural em que foram compilados documentos de todos os tipos, dos mais variados cantos do mundo e de períodos que compreendem dez mil anos de história. Dito desse modo, você pode achar que será impossível achar alguma coisa específica no meio de tanta informação. Está enganado. O site traz maneiras fáceis de pesquisa, possibilitando ao visitante a escolha do melhor meio de organizar sua busca. Como eles mesmos dizem, “tesouros culturais” do mundo todo estão disponíveis e bem organizados. São manuscritos, mapas, livros raros, partituras, gravações, filmes, gravuras, fotografias e outros tipos de documentos – que vão desde um tratado manuscrito de operações de números irracionais, encontrado na África no século XV, até a tenebrosa fotografia de Elvis se encontrando com Richard Nixon, em 1970, passando por um mapa da Baía do Rio de Janeiro de 1764, por pinturas rupestres de séculos antes de Cristo e pelo primeiro livro impresso no México, um tratado de ortografia espanhola.

A variedade de informações pode espantar no começo, mas a fácil navegação torna a busca agradável. O visitante pode “passear” pelo site e buscar documentos de forma aleatória, mas pode também chegar à Biblioteca Digital Mundial com um objetivo específico e, ainda assim, sua pesquisa será realizada de modo simples. Existem três modos de busca:

  • Digitando um termo qualquer, como se faz no Google. O site retorna todos os documentos que contêm aquele termo.
  • Em um mapa-múndi, pode-se escolher o local de interesse. Nesse modo de busca, o visitante pode também escolher a data aproximada do documento que está procurando. Documentos do século XIX na América do Norte, por exemplo.
  • Navegando pelas opções de lugar, período, tópico, tipo de item (que pode ser livro, filme, mapa, foto e outros) ou instituição que serviu de fonte para o site.

Cada uma dessas opções abre uma página com os documentos organizados. O visitante pode escolher a opção “tópico”, por exemplo, e uma página vai se abrir com os documentos organizados por filosofia, artes, literatura, religião etc.

Todos os documentos – ou “tesouros” – são acompanhados de um texto explicativo, seu local e data de origem e a instituição onde se encontra, além de outros itens relacionados a ele. Mas a maior atração da biblioteca é que ela apresenta a maioria dos itens na íntegra: a edição alemã do Apocalipse, de São João, de 1470, pode ser apreciada completa, digitalizada em formato pdf, e livros de poesia e de fotografias também podem ser acessados integralmente por qualquer visitante. A sensação é de que estamos mesmo numa biblioteca, com a vantagem de termos disponíveis descrições dos itens e entrevistas com curadores sobre os documentos.

A Biblioteca Digital Mundial foi desenvolvida e está hospedada na Biblioteca do Congresso norte-americano, com a ajuda intelectual da Unesco e o apoio financeiro de empresas e fundações privadas. A proposta de criação foi feita em 2005, mas o site só foi lançado publicamente em abril de 2009, após extenso trabalho de peritos e técnicos. A ideia era criar uma coleção de documentos de fácil acesso virtual que abrangesse as diversidades culturais do mundo, promovendo conscientização e compreensão multiculturais. A biblioteca procura promover interação internacional e intercultural, oferecendo uma variedade de conteúdo cultural na Internet e fornecendo recursos acadêmicos para educadores e ao público em geral.

Ao contratar especialistas nas áreas relativas aos documentos, o site garante informações consistentes e de fácil recuperação. Em colaboração com o programa Memória do Mundo, da Unesco, a biblioteca se preocupa em manter o acesso simples e objetivo aos itens, de modo que cada vez mais pessoas possam obter informações sobre qualquer região do planeta. É uma meta corajosa, mas o trabalho é feito de modo cuidadoso, e o resultado, em termos de visitas e respostas desses visitantes, tem sido satisfatório. Como o próprio site afirma, a Biblioteca Digital Mundial “visa estabelecer as capacidades, especialmente nos países em desenvolvimento, a fim de permitir que as instituições de todos os países contribuam com conteúdo adicional para o projeto”, aumentando a diversidade cultural dos itens e reduzindo a “lacuna digital”.

Além de buscar documentos, o visitante pode se candidatar a participar do projeto, identificando e apontando itens e coleções que representem, de modo significativo, um país ou uma cultura. Os interessados em participar podem se candidatar através do link Fale Conosco. Instituições que desejarem parceria ou mesmo realizar contribuições de conteúdo também podem entrar em contato. O conteúdo do site, hoje, é fornecido por bibliotecas e outras instituições culturais de quase todos os continentes. O projeto prevê uma rede sustentável mundial para a produção, apresentação, catalogação e tradução de conteúdos.

Toda essa preocupação com o conteúdo das informações não permitiu que o lado estético do site fosse esquecido. A página inicial mostra um mapa-múndi e uma linha do tempo que se harmonizam e convidam o visitante a utilizá-los. A busca através de tópicos, regiões e períodos também oferece uma divisão agradável para a escolha da informação. A disposição da informação é sempre feita de forma clara e intuitiva.

Jorge Luís Borges, o escritor argentino, imaginava o paraíso como uma grande e infinita biblioteca. A Biblioteca Digital Mundial ainda está longe dessa magnitude, mas seu objetivo de oferecer diversidade e interação cultural ruma para que esse site se torne um espelho digital de uma grande biblioteca. Se não o paraíso, essa biblioteca está no caminho para ser uma das maiores e mais prazerosas fontes de pesquisa virtual.

Publicado em 23 de fevereiro de 2010.

Publicado em 23 de fevereiro de 2010

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