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Formalidade e informalidade do professor em sala de aula

Tatiana Serra

Existe uma medida ideal para lidar com os alunos em sala de aula? Como falar a mesma língua que eles sem se confundir com um colega de classe? Qual a postura correta de um professor? Qual o equilíbrio entre a formalidade e a informalidade de um professor em sala de aula?

Um ano novo se inicia e, provavelmente, você já está pensando em seu novo ano letivo que se aproxima. Já já você vai acordar e será seu primeiro dia de aula. Parece que as férias terminaram cedo demais, ao mesmo tempo que você parece ainda carregar as marcas das turmas que acompanhou no último ano. Mas, como você já deve estar acostumado com o ir e vir de turmas e alunos, sabe que se inicia um ano e, com ele, novas e diferentes turmas e alunos.

Para a adaptação a esse recomeço parece não haver regras. Cada turma e, principalmente, cada aluno vai dizer a que veio e você, como educador, certamente vai tentar adaptar seu método de trabalho a esses aprendizes, que ora estarão abertos às informações passadas por você, ora estarão fechados a qualquer troca de ideias, e em outros momentos vão querer se impor a qualquer regra ou ensino.

Para você será sempre um desafio, e como lidar com determinada turma ou aluno talvez seja uma pergunta constante. A resposta? Provavelmente haverá uma para cada caso. Na opinião de Marcia Costa, educadora do município do Rio de Janeiro, existe um divisor de águas com relação à postura de um professor. Normalmente, é a instituição de ensino que dita a linha a ser seguida pelo profissional de educação. Porém, acima desse direcionamento imposto, o professor é quem deveria ter a percepção de que caminho seguir em cada caso.

Igualar-se para se aproximar?

Marcia ressalta que muitos professores se perderam na tentativa de se aproximar de seus alunos. “Muitos começaram a se igualar a esses alunos e aí não conseguiram obter o interesse deles. Esses professores até foram ridicularizados, em vez de serem respeitados pelos alunos, como: ‘olha lá aquele professor. O cara tem 40 anos e quer parecer garotão...’”. Falando as mesmas gírias que os alunos, demonstrando ter os mesmos gostos musicais ou mesmo se vestindo como eles, várias foram as demonstrações de que algo precisava de equilíbrio. Ser formal demais pode impedir o professor de criar uma relação de troca e proximidade com seus alunos, mas certamente se transformar em um colega deles é uma informalidade ao extremo e desnecessária.

Na busca por uma melhor forma de educar, vários profissionais devem se perder em alguns momentos. Porém muitos deles logo se encontram e passam a enxergar suas relações com os alunos de forma diferente e melhor. “Eu acredito que hoje esse professorado consegue perceber que professor é professor e aluno é aluno. Eu sinto que o professor está recuperando seu lugar e, assim, o aluno passa a ser mais compreendido. Ele tem que manter o linguajar dele como professor, não sendo um linguajar totalmente irreconhecível para o aluno. Os professores tiveram que refazer toda a maneira de trabalhar para se reaproximar de seus alunos. Essa percepção de que não era mudando seu linguajar que eles se aproximariam dos alunos foi possível pelo retorno dos alunos e pelo feeling dos próprios profissionais”, afirma a educadora.

Todo aluno quer regras?

Parece óbvio, mas é sempre bom ressaltar que o professor precisa ser respeitado como tal. E, por mais que muitas vezes não pareça, o aluno não quer mais um colega em sala de aula e sim alguém que dite as regras, alguém que o oriente. “Mesmo que o aluno demonstre indisciplina, ele quer regras. Ele pede limites que, às vezes, não tem em casa. Ele pede um linguajar com o qual aprenda o que é correto. Os alunos cobram do professor um retorno dele, eles sinalizam isso a todo momento, mas o professor muitas vezes não percebe por não estar atento a seu trabalho, por cansaço etc. É como pai e mãe, que não são irmãos, não são amigos. É preciso respeitá-los como tais, existe uma hierarquia”, diz Marcia, lembrando que hoje em dia os recursos tecnológicos são boas opções para que o professor se aproxime dos alunos. “Os professores só não utilizam esses recursos se não quiserem, porque até a escola pública pode oferecê-los. O professor pode usar computador, datashow, pode levar os alunos para fora da escola, para mostrar um novo mundo para eles”.

Planejar, sim. Padronizar, jamais!

Sabe-se que toda instituição de ensino e todo professor precisam seguir um planejamento com conteúdo específico para cada série. Mas, quanto à maneira de dar aula, é preciso tratar cada turma e cada aluno em sua individualidade. “Se o professor tiver um único padrão de trabalho e achar que o mesmo serve para todos, ele está fadado ao fracasso. Uma turma nunca vai ser igual a outra, até mesmo com relação à avaliação. Portanto, a maneira como o professor vai dar aula tem que ser diferente. O professor precisa perceber as diferenças, perceber o que pode ser cobrado aqui, não ser cobrado ali”, completa Marcia.

Portanto, boa sorte com suas novas turmas e seus novos alunos e faça ótimas descobertas neste ano letivo!

Publicado em 4 de janeiro de 2011

Publicado em 04 de janeiro de 2011

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