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Estratégias de leitura

Palmyra Baroni Nunes

Mestre em Linguística Aplicada ao ensino de Inglês, professora do Ensino Fundamental da Prefeitura do Rio

Em nosso dia a dia, usamos diferentes estratégias para superar nossas dificuldades. Com base nisso, decidi pesquisar em sala de aula as estratégias usadas pelos alunos para superar os obstáculos impostos pelas lacunas existentes em seu conhecimento de Língua Inglesa, disciplina com a qual trabalho, na área específica de leitura, por se tratar de uma atividade primordial para a aprendizagem, não só de Inglês como também de outras disciplinas.

O objetivo principal da investigação era identificar os recursos já utilizados pelos alunos que facilitavam sua aprendizagem para depois, de maneira sistematizada, mostrar a eles a importância desses recursos, valorizando e incentivando o seu uso.

A investigação foi realizada segundo os princípios da pesquisa-ação, visto que os participantes eram meus próprios alunos e que interferi no contexto de modo claro por meio da aplicação de um miniprograma de leitura de língua inglesa. O miniprograma era constituído de doze encontros. Os três primeiros foram dedicados à conscientização quanto a estratégias que os alunos usavam durante a leitura de alguns textos em língua materna, enquanto os nove encontros seguintes se dedicaram a observar, por meio de protocolos verbais (em que os alunos falavam o que faziam para compreender os textos durante a sua leitura), o processo de leitura de textos em língua estrangeira.

O resultado da pesquisa mostrou que durante a leitura dos textos os alunos fizeram uso de estratégias cognitivas – as que os capacitam a entender a nova língua, como: identificação de palavras cognatas (transparentes), “pular” palavras desconhecidas, resumo do texto, tradução, dedução e uso do conhecimento prévio e estratégias que servem para compensar as lacunas existentes no conhecimento da língua inglesa, como análise de gravuras, do layout do texto e uso do contexto.

É importante mencionar que, apesar de não entenderem todas as palavras e reconhecerem isso, os alunos foram capazes de entender a essência dos textos por meio do uso de estratégias, e nenhum deles desistiu de ler diante das dificuldades apresentadas. Além disso, a cada dia, os alunos sentiam-se mais confiantes em ler os textos, pois estavam tornando-se mais autônomos na leitura, uma vez que foram gradativamente se conscientizando de que poderiam e deveriam contar com seus próprios recursos, isto é, usar suas próprias estratégias para construir o sentido dos textos.

A análise dos resultados obtidos com a pesquisa demonstra o importante papel de estratégias no ensino-aprendizagem da Língua Inglesa, já que as estratégias que são ações específicas realizadas pelos alunos, frequentemente conscientes, podem ser ensinadas e, assim, contribuem para que eles se tornem mais confiantes no que estão fazendo.

A investigação das estratégias usadas pelos alunos se faz relevante, pois a leitura possibilita que o aluno use, em língua estrangeira, estratégias que emprega em língua materna e vice-versa, além de desenvolver a sua autonomia e poder contribuir para seu desenvolvimento em todas as disciplinas escolares. O professor, à luz dessa perspectiva, estaria contribuindo para que o aluno se torne o agente de sua própria aprendizagem, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento da habilidade de leitura.

Acredito que as estratégias de leitura podem ser ensinadas aos alunos, principalmente aos iniciantes, pois estes demonstraram que, apesar de usá-las, não estão totalmente cientes dos benefícios que elas podem trazer-lhes. Para isso, os professores deveriam incluir o ensino de estratégias em suas práticas pedagógicas, a fim de tornar o aprendiz mais equipado para ser o arquiteto de seu próprio saber.

Concluindo: o uso apropriado de estratégias pode levar o aluno ao sucesso durante a leitura de textos em língua estrangeira, estimulando-o a, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, “trabalhar com autonomia, de forma a poder identificar suas possibilidades e dificuldades no processo de aprendizagem”.

Publicado em 12 de abril de 2011

Publicado em 12 de abril de 2011

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