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Novas mídias, novos formatos, novas plataformas

Gordeeff

Designer, mestre em Artes Visuais

A atual diversidade de canais de comunicação e de formas de expressão é, ao mesmo tempo, estimulante e confusa. Certas denominações e nomenclaturas também não ajudam no entendimento do que são na realidade. “Mídia”, “formato” e “plataforma”, por exemplo.

O termo mídia pode significar algo material ou imaterial. Quando nos deparamos com expressões como “mídia impressa” ou “mídia digital”, estas significam canais de comunicação – revistas, jornais, no primeiro caso; e CDs, internet, no segundo. Mas mídia também pode referir-se à materialidade do meio físico de comunicação, como o disquinho de CD e o de DVD.

“Formato” tem a ver com “formatação”, com “dar forma”. Assim, um texto pode ser “formatado” no Word, no Indesign ou em qualquer outro programa de diagramação de texto. É muito comum encontrar o termo “formato digital”, em relação a documentos que podem ser enviados ou adquiridos via internet. Normalmente, essa forma não é completamente correta, pois é certo que foram “formatados” por um programa digital, mas depois de prontos são documentos de “meio digital”, de mídia digital. “Formato” também é um termo muito utilizado para programas de TV e games. Por exemplo: Big Brother, CQC e Topa Tudo por Dinheiro são programas de origem estrangeira cujos “formatos” são licenciados para canais de TV brasileiros, que precisam pagar pelo uso e seguir regras rígidas de realização.

“Plataforma” refere-se aos canais existentes, em que um determinado programa pode ser exibido ou “estendido” – TV, celular, internet, iPad, games (e alguns até o utilizam em relação à mídia impressa, quando o programa pode ser adaptado para quadrinhos). É aplicado quase da mesma forma que “mídia”, mas é mais utilizado pelo mercado tecnológico e audiovisual. Fica fácil perceber a tênue diferença entre o que é “plataforma” e o que é “mídia”, o que ocasiona facilmente o emprego trocado dos dois termos.

Entendidas essas denominações básicas, é possível concluir que a cada dia aparecem no mercado novas plataformas e novos formatos para essas plataformas. O iPad é o exemplo mais recente. Como vivemos num mundo capitalista e na “era da informação”, tudo se move com o objetivo de ganhar dinheiro pela exposição de marcas, produtos e filosofias. Assim, hoje não basta ter um número de telefone e um endereço. Também é necessário ter número de celular, e-mail, Facebook, Twitter etc., como se o fato de não se estar ao mesmo tempo em todos os canais disponíveis nos torna criaturas ultrapassadas, eremitas, que não merecem atenção ou que “não estão” no mundo. E isso acontece tanto para pessoas quanto para empresas e produtos. Assim, um programa de televisão não deve apenas estar na televisão; precisa ter também um site próprio (hotsite), ser lançado em DVD, ter uma versão para os canais de celulares, e às vezes até quadrinhos, isto é, ele deve ser “multiplataforma”. Isso lembra os antigos álbuns de figurinhas lançados depois de grandes produções cinematográficas, o que prova que essa ideia de “estender” um programa para outras plataformas e mídias não é nova; apenas foi atualizada para o enorme sortimento que se oferece no momento.

A questão principal é que, devido a essa variedade de canais de comunicação e tudo acontecendo ao mesmo tempo, na realidade o que vem ocorrendo é uma duplicação da informação de uma plataforma para outra – conhecida como informação replicada. Isto é, não há adaptação da forma da informação à sua aplicação em outras plataformas, respeitando suas características, que são diferentes da original. Isso não ocorre mais com jornal, rádio e televisão, pois são meios com os quais convivemos há mais de 50 anos e já sabemos bem como funcionam. Seus profissionais também constroem a informação que esses veículos irão apresentar de forma coerente com as características de cada um. Não é o caso da internet, canais por celulares, games e iPads... São plataformas com características muito mais complexas, em que a interação com o usuário abre caminhos ainda não completamente conhecidos nem explorados. Assim, com o simples replique de informação, na realidade subutilizamos erroneamente esses canais, e talvez até níveis de comunicação – em termos semiológicos, de usabilidade e de cognição. A internet, por exemplo: é uma plataforma em que o principal elemento que deve ser avaliado é a navegação, que depende da estrutura informativa a ser apresentada. A informação deve ser organizada levando em conta a interação com o usuário e a narrativa dessa informação – textual e visual. Isto é, ela também interfere na estética, que pode contribuir para o seu entendimento. Um ótimo exemplo de boa exploração dessa plataforma é o site canadense Waterlife, onde até o preload informa o assunto abordado. É um site “pesado”, que só tem bom acesso em máquinas com bons processadores, ligadas a banda realmente larga. Mas por que essa necessidade ditatorial de “estar presente” em todas as plataformas, se um programa não foi concebido para, ou não se adapta perfeitamente a, todas elas? É uma questão de marketing.

Como estamos no centro de duas revoluções, da imagem e da informação, é extremamente difícil analisar e chegar a qualquer tipo de conclusão no momento. É preciso que a poeira baixe. Mas uma coisa é certa: com as novas possibilidades, há necessidade de pensar diferente, de elaborar diferente – e não apenas ideias, mas processos criativos, produtivos e tecnológicos. Há também consenso entre os estudiosos e especialistas: estamos atravessando um período de transição. O que temos hoje não é definitivo. Virão plataformas ou modificações do que conhecemos hoje, com uma muito provável unificação de plataformas, em que a ação do usuário/público será preponderante.

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Publicado em 19 de abril de 2011

Publicado em 19 de abril de 2011

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