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Uma experiência de grupo de estudo na educação a distância
Mariana Cruz
A educação a distância (EAD) ganha cada vez mais importância no Brasil. A oportunidade de formar profissionais de múltiplas áreas de interesse e pertencentes a diferentes lugares do país sem obrigá-los a sair de suas cidades é um fator decisivo no crescimento dessa modalidade de ensino. Isso mostra que a EAD pode ajudar a tornar realidade a universalização do ensino superior no Brasil. O Consórcio Cederj tem diversos polos regionais, que, além de servirem de apoio aos alunos da graduação, proporcionam atividades culturais, como acontece no Polo Cederj Cantagalo, onde foi criado um grupo de estudos em História da Matemática. Tal iniciativa tem o objetivo de contribuir para a formação profissional de quem trabalha ou pretende trabalhar com o ensino de Matemática por meio da divulgação da história dos grandes matemáticos. O curso também visa realizar intercâmbio com instituições que desenvolvam pesquisas afins, além de favorecer a interação de profissionais das áreas de Matemática e História, entre outras.
A iniciativa já está colhendo seus frutos: no dia 9 de abril de 2011 aconteceu a 2ª Semana de Matemática do Polo Cederj Cantagalo. Para saber mais sobre o grupo de estudo, entrevistamos a tutora Adriana Oliveira Bernardes e o aluno de graduação Marcos Vinícius Barros, que apresentaram, junto com o professor Dirceu Souza Silva, ex-aluno do Cederj, o projeto do grupo durante o encontro.
Educação Pública – Adriana, conte um pouco sobre a formação do grupo? Quem faz parte de sua formação?
Adriana Bernardes – O grupo de estudos em História da Matemática foi criado este ano, vinculando suas atividades ao Núcleo de História do Polo Cederj Cantagalo. O grupo é formado por tutores presenciais e alunos dos cursos de Matemática e História do polo, além de professores e pessoas do público em geral.
Educação Pública – Qual é o objetivo do grupo?
Adriana Bernardes – O objetivo do grupo é, além de divulgar a história de cientistas e matemáticos juntos aos alunos de educação a distância, oferecer aos alunos do polo a participação em projetos que visem uma melhoria no ensino e aprendizagem da disciplina Matemática no Ensino Fundamental e Médio, em que atuarão no futuro como professores.
Educação Pública – Como se dá participação dos alunos em tal projeto?
Adriana Bernardes – O projeto é aberto à participação de todos os alunos vinculados ao polo Cederj Cantagalo dos cursos de Matemática, História e Pedagogia. Eles participarão de eventos no polo destinados à divulgação da história da Matemática e dos projetos desenvolvidos em escola propriamente dita.
Educação Pública – A Matemática é muitas vezes considerada o "bicho-papão" das disciplinas; qual o desafio de ensiná-la aos alunos que conviverão no futuro com esse problema mais de perto quando se tornarem professores?
Adriana Bernardes – É muito importante passar para os alunos a importância de um trabalho diversificado em sala de aula, no qual são utilizados vários recursos para o aprendizado dos alunos. As aulas expositivas são importantes e devem ter qualidade, porém não podem constituir-se no único recurso do professor para ensinar.
Educação Pública – Quais serão os projetos desenvolvidos?
Adriana Bernardes – Serão dois os projetos desenvolvidos este ano: o primeiro deles, Recursos didáticos para o ensino de história da matemática no Ensino Médio: Napier, Briggs e a criação dos logaritmos, será coordenado por mim, coorientado por um ex-aluno do Cederj, Dirceu de Souza Silva, e contará com a participação do aluno Marcos Vinícius Barros, que atuará diretamente na escola no desenvolvimento do projeto, que acontecerá no C. E. Tuffy El Jaick, de Nova Friburgo-RJ. Outro projeto será também orientado por mim e coorientado pela tutora presencial Airan Borges, do curso de História, e tem como título História da Astronomia no Ensino Médio: a contribuição da Escola de Alexandria.
Educação Pública – Pelas suas respostas, vemos que você transita por diversas áreas do saber. Qual a sua formação?
Adriana Bernardes – Sou graduada em Física pela Universidade Federal de Juiz de Fora; mestre em Ciências Naturais (modalidade Ensino de Ciências, pela UENF; defendi minha dissertação na área de ensino de Astronomia para deficientes visuais). Sou professora de Física, Química e Matemática no Ensino Médio e tutora, ministrando Cálculo, Álgebra Linear e Geometria Analítica. Sou doutoranda em Ciências Naturais pela UENF e coordenadora do Clube de Astronomia Marcos Pontes, que desenvolve projetos no sentido de divulgar Astronomia junto à comunidade em geral. Atualmente estou também coordenando este grupo de estudo.
Como se trata de um grupo de estudos, todos os integrantes têm grande importância em seu desenvolvimento; por isso, o graduando Marcos Vinicius Bastos Barros também participou da entrevista e expôs sua experiência como estudante neste projeto.
Educação Pública – Que período você está cursando na graduação em Matemática?
Marcos Vinicius – Estou no 1º período do Curso de Licenciatura de Matemática da UFF no polo Cantagalo.
Educação Pública – O que levou você a participar do projeto?
Marcos Vinicius – Na aula inaugural, um dos professores citou que, junto com o aprendizado da Matemática, era importante saber em qual contexto a teoria estudada foi desenvolvida, para qual finalidade, os porquês das questões. Fiquei interessado e entrei no projeto.
Educação Pública – Quais vantagens você vê na EAD?
Marcos Vinicius – A EAD é a oportunidade de ter um ensino superior de qualidade no interior, pois nós, que moramos longe dos grandes centros, temos muitas vezes dificuldades financeiras e logísticas para estudar na capital.
Educação Pública – O que você está achando de participar deste projeto?
Marcos Vinicius – Uma grande oportunidade de vivenciar o dia a dia nas escolas e desenvolver, durante a minha formação, conceitos para uma melhor apresentação da matemática aos alunos.
26/04/2011
Publicado em 26 de abril de 2011
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