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Educar com emoção

Tatiana Serra

Revivendo a Sociedade dos Poetas Mortos?

No final dos anos 1950, o professor John Keating voltou ao tradicional internato onde estudou, agora como professor de Literatura. Mas não se tratava apenas de um novo professor numa escola conservadora; o filme Sociedade dos Poetas Mortos (1989), dirigido por Peter Weir,conta a história de um educador polêmico e revolucionário, que leva seus alunos ao apaixonante mundo da poesia e a pensar por si mesmos, tomando gosto por questionar tudo e todos.

Porém há quem diga que não há sentido em ter o personagem de Robin Williams como exemplo de bom educador, já que o professor Keating não teria apresentado a seus alunos um mundo de possibilidades, e sim a sua própria verdade, uma interpretação da poesia e da vida à sua maneira. Então o educador seria o responsável por impor uma verdade subjetiva ou por conduzir os alunos às suas próprias escolhas?

Mas por que não pensar que uma verdade subjetiva pode se tornar verdade absoluta? Nem que seja por um tempo, nem que seja para despertar a vontade de descobrir, o desejo de aprender... Enfim, expressar o que estava oculto muitas vezes pode ser interpretado como revolucionário ou como pura loucura. E se ser louco é estar fora dos padrões ou ver esses padrões sob outro olhar, que seja bem-vindo um pouco dessa loucura!

No filme, por exemplo, o professor Keating chega à sala de aula assoviando, joga futebol com os alunos, também junto com eles sobe nas mesas da sala para melhor interpretar os textos e chega a mandar que os alunos arranquem as folhas de Introdução à Poesia, de Pritchard, alegando que aquele seria um texto superado. Disciplina e liberdade são, então, colocadas em dúvida.

A essa altura os estudantes, já totalmente envolvidos, ressuscitam a Sociedade dos Poetas Mortos, grupo dedicado ao culto da poesia e da amizade do qual Keating participara em seu tempo de estudante. Por que não dizer que temos aí um misto de demonstração da empolgação de adolescentes influenciados e de um momento de descobertas em busca de suas próprias verdades?

A luta do professor Keating contra padrões tradicionais mostra que é possível e preciso questionar a educação que tem sido oferecida aos jovens, expor suas emoções e conhecer as emoções do outro. Afinal, educar não é fazer os alunos aprenderem a pensar e pensar junto com eles? Por que não fazer isso aos poucos, dando um passo por vez, seguindo o lema do próprio Keating: carpe diem (aproveite sua vida), sendo um aprendiz de verdade e da verdade por toda a vida!?

Que tal buscar novos métodos para estimular seus alunos a questionar os padrões que são impostos sem que notemos? Que tal discutir com outros educadores o ponto onde educação e emoção se encontram? É possível saber até onde o discurso de um professor retrata uma verdade subjetiva ou o estímulo à verdade de cada indivíduo?

Questionar e, por conseguinte, quebrar paradigmas impostos podem ser passos fundamentais para o crescimento, desde que haja coerência e sentido ao fazê-lo.

Que tal fazer essa viagem? Com emoção ou sem emoção?

Publicado em 24 de maio de 2011

Publicado em 24 de maio de 2011

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