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Tecnologias: inovando para transformar o ensino de Matemática

Márcia Ramalho Guinelle

Especialista em tecnologias na Educação

Sônia Cristina da Cruz Mendes

Mestranda em Educação Matemática

Este artigo relata uma experiência de utilização do laboratório de informática para a interação dos professores de Matemática com novas possibilidades de ferramenta de ensino/aprendizagem. Devido à implementação do ambiente informatizado nas escolas, surge a necessidade de uma atualização dos professores e apresentação de métodos inovadores para o ensino de diversos conteúdos. Os professores de Matemática precisam consumir, incorporar e matematizar as tecnologias. Nesse contexto, esta experiência visa ensinar os professores de modo a aumentar a utilização dos recursos tecnológicos existentes na escola. A oficina teve como objetivo apresentar aos docentes participantes os softwares de Matemática disponíveis no Laboratório de Informática Educativa. O relato apresenta os resultados da oficina que busca apoiar o desenvolvimento de uma educação crítica e inovadora.

É certo que a educação necessita de novos olhares e perspectivas para o que chamamos “geração do futuro”. Atualmente temos um corpo discente que observa o mundo com o uso constante das tecnologias que a cada instante oferecem interessantes recursos para desbravar o futuro.

Muitos advogam o uso do computador devido à motivação que ele traria à sala de aula. Devido às cores, ao dinamismo e à importância dada aos computadores do ponto de vista social, o seu uso na educação poderia ser a solução para a falta de motivação dos alunos (Borba e Penteado, 2005, p. 15).

Nesse contexto, a escola onde essa geração é formada precisa estar sempre atenta, aberta e direcionada às mudanças para então envolver seus alunos nas conquistas do conhecimento.

Uma das maneiras de conscientizar os professores sobre as práticas pedagógicas com o uso das novas mídias é levando a observação e utilização dessas práticas através de um modo dinâmico para os docentes.

Tendo em vista a complexidade de introduzir novas práticas, é visível a resistência de muitos professores em se apropriar desses recursos pedagógicos em suas ações didático-pedagógicas.

Muitos professores desistem quando percebem a dimensão da zona de risco. Evitam qualquer tentativa nesse sentido. Muitas vezes assumem e justificam essa postura baseados ou no fato de que acham que computadores não são para a escola ou que não estão preparados e não encontram condições de trabalho na escola (Borba e Penteado, 2005, p. 15).

Assim, propusemos uma oficina interativa, apresentando uma estratégia que enfatiza a capacidade de aprender a aprender de forma ativa e colaborativa.

Podemos constatar que o laboratório é um espaço frequentemente utilizado pelo corpo discente. Porém observa-se que poucos professores utilizam esses recursos em suas práticas pedagógicas com suas turmas. Segundo Morgan (1999), o modelo de aprendizagem vivenciado pelo professor, quando aluno, influência sua prática.

Este trabalho propõe como intervenção-ação oficinas a serem ofertadas no Laboratório de Informática Educativa, dentro do contexto escolar, tendo o apoio técnico-pedagógico do orientador tecnológico com parceria de um professor da disciplina para qual a oficina será direcionada. Dessa forma, poderão ser planejadas atividades a serem apresentadas e desenvolvidas no laboratório, promovendo a integração com as atividades realizadas em sala de aula.

De acordo com Almeida (2005), compreender as diferentes formas de representação e comunicação propiciadas pelas tecnologias disponíveis na escola, bem como criar dinâmicas que permitam estabelecer o diálogo entre as formas de linguagem das mídias, são desafios para a educação atual. Daí a importância de o professor conhecer a especificidade das mídias, a fim de usá-las pedagogicamente, buscando teorias educacionais que lhe permitam identificar em que atividades essas mídias têm maior potencial e são mais adequadas.

Pensando na vivência do professor, a oficina teve como objetivo apresentar a utilização e o manuseio de alguns softwares para os professores de Matemática, com sugestões de atividades para apresentação dos conteúdos para os alunos de diversas séries.

Trilhando o caminho da teoria à prática

Por que escolhemos fazer uma oficina? Como indica a própria etimologia da palavra, oficina em latim também significa, figurativamente, “escola” (Faria, 1962 apud MOITA; ANDRADE, s/d, p. 14). A oficina é um dispositivo pedagógico bastante acessível e estimula o engajamento criativo de seus integrantes.

A oficina é um meio pelo qual ocorre um trabalho colaborativo, compartilhado e coletivamente significativo, em que criamos momentos de sistematização dos conceitos, estratégias e procedimentos que podem fortalecer o professor a reconstruir a sua prática, que é fundamental para que o uso das novas mídias possa ser integrado às suas ações didático-pedagógicas.

Neste texto, desenvolvemos uma reflexão sobre a oficina de Matemática, considerando em particular a perspectiva dos docentes. Interessa-nos demonstrar que esse dispositivo favorece a articulação do docente com as novas mídias na escola.

A oficina foi ofertada dentro do próprio espaço escolar, ou seja, no espaço de atuação do professor, para promover a motivação em participar de uma atividade que o ajudará na sua prática pedagógica, sem o intimidar no contexto espaço-temporal, levando uma proposta que esteja dentro da sua realidade e um ensinar mais compartilhado.

A oficina de Matemática teve como objetivo principal levar o professor a conhecer a especificidade e a identificar os recursos dos softwares de Matemática existentes no laboratório da escola, motivando-o a criar um planejamento que integre essas mídias em suas práticas com a turma.

A dinâmica foi desenvolvida com 12 professores de Matemática e foi colocada em prática conforme as seguintes etapas:

1º momento

Aqui ocorreu a mobilização provocada pelo vídeo Possibilidades de uso das mídias digitais na educação, do professor José Manuel Moran.

2º momento

Foram apresentados os softwares de Matemática, como Graphmatica (software criado por Keith Hertzer e utilizado para estudo e ensino de funções), Geogebra (software gratuito utilizado para o ensino de Geometria, Álgebra e tabelas), Rived (Rede Interativa Virtual de Educação, do MEC http://rived.mec.gov.br/) e os programas educacionais do sistema Linux do laboratório da escola, como o Kpercentage, entre outros.


Figura 1 – Graphmatica. Disponível em: http://www8.pair.com/ksoft/

Figura 2 – Geogebra. Disponível em www.geogebra.org

Como estratégia didática e motivacional para gerar maior eficácia e atendimento às necessidades do professor, foram entregues a cada participante tutoriais dos softwares e um caderno de exercícios que o professor utilizou ao longo das atividades na oficina, podendo posteriormente adaptá-los para suas práticas com os alunos no próprio laboratório.

3º momento

Foram apresentadas diretrizes para estimular as interações entre professores e alunos, além de um questionário para sensibilização contendo perguntas sobre as práticas didático-pedagógicas do professor.

Para finalizar, os professores expressaram seus sentimentos sobre os possíveis benefícios da oficina em uma pequena avaliação e deram sugestões para encaminhamento das próximas oficinas a serem realizadas.

Considerações finais

Observamos que a realização da oficina foi um grande diferencial para os professores que participaram dela.

De modo geral, os professores aceitaram de forma positiva a oficina, e sugeriram que fosse realizada periodicamente, com a apresentação e manuseio de outros softwares.

Verificamos que uma semana após a realização da oficina uma das professoras de Matemática agendou o espaço do laboratório para trabalhar com suas turmas utilizando os softwares que foram apresentados. Observamos ainda que o interesse dos alunos foi extremamente satisfatório e motivador.

Percebemos que, no caso especifico da Educação, não basta apenas ter acesso à tecnologia nem fazer uso dela; é preciso saber aplicá-la no exercício da prática docente. E, para que isso se torne uma realidade, precisamos realizar a ponte entre a tecnologia e a forma de utilizá-la nas atividades didáticas.

Concluímos que oficinas como essas podem contribuir para que o professor sinta-se seguro em utilizar os softwares em suas aulas, passando assim a consumir, incorporar e (no caso especifico da Matemática) matematizar as tecnologias.

Referências bibliográficas

BORBA, Marcelo de Carvalho; PENTEADO, Miriam Godoy. Informática e Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2005 (Coleção Tendências em Educação Matemática).

MOITA, Filomena Maria G. S. Cordeiro; ANDRADE, Fernando César B. O saber de mão em mão: a oficina pedagógica como dispositivo para a formação docente e a construção do conhecimento na escola pública. 29ª Reunião Anual da ANPED, Caxambu, 2006.

Publicado em 7 de junho de 2011

Publicado em 07 de junho de 2011

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