Este trabalho foi recuperado de uma versão anterior da revista Educação Pública. Por isso, talvez você encontre nele algum problema de formatação ou links defeituosos. Se for o caso, por favor, escreva para nosso email (educacaopublica@cecierj.edu.br) para providenciarmos o reparo.

Vozes do holocausto

Cristiane da Silva Brandão

Professora de Sociologia e Filosofia nos Colégios Estaduais Cora Coralina e Professor Gonçalves

Sente-se o cheiro de vidas pelo caminho... e ouve-se a voz do silêncio, de um silêncio que jamais poderá calar... Vidas que, mesmo em morte, jamais nos deixarão esquecer o que foi escrito com muita dor, sofrimento e perda. O que foi escrito com o sangue, sim, muito sangue, na história da humanidade. Ninguém jamais poderá esquecer tamanha atrocidade, um crime que não se pode medir em grau. Mesmo que o mundo não compreenda o porquê, nunca esquecerá o que foi o Holocausto:

“Pelo caminho só vejo mortos, um cheiro de vidas gemendo, gritos dos que já se foram não cessam de ecoar... É lamentável que o mundo saiba e não queira ouvir o clamor de crianças, velhos, doentes, mulheres e homens moribundos, pois lhes foi tirado o direito de viver”1.

Sente-se, ao vento, uma penugem diferente tocar a pele que, sussurrando ao pé do ouvido, vozes são ouvidas ao léu: Piedade... Tenha compaixão!... É, de tal modo, incompreensível a nova cobertura que se dá ao chão com cinzas das vidas ceifadas, mas que a morte não poderá deixar de falar, ainda que em meio à chama que arde:

“Onde estavas tu, ó humanidade, que por algum momento se vestiu de imparcialidade ao assistir à mortandade de inocentes, por aqueles que se cobriam com o manto da perversidade, impregnando o mundo com suas pseudoverdades. Perderias tu toda a dignidade?”

Tentam justificar, com tolerância, os que levaram seus preconceitos ao extremo, discriminaram a raça, não respeitaram os credos, estigmatizaram o ser, anularam o sentido da vida por simplesmente orgulho de uma nação. Quem entenderia se no cotidiano, paulatinamente, a intolerância fosse tolerada, aceita por unanimidade, afrontando a qualquer tipo de direito humano, repetindo toda a desgraça como do genocídio de judeus?

“Mataram meus sonhos, mataram meus pais, meus irmãos, mataram a minha família sem se importar que, por um triz, quase mataram meus ideais, mas não conseguiram. Sobrevivi. Agora sei que o meu espírito vive em busca de justiça, sim, justiça pelo direito à liberdade. Hoje sou livre!”

Tamanha crueldade, o Holocausto, nunca poderá, de fato, se explicar se não for com a alma. Aquilo que seria um resgate dos que viveram num ‘vale de ossos secos’ seria também, talvez, rememorar os princípios fundamentais para nos atribuirmos imagem e semelhança de Deus; portanto, imagem e semelhança uns dos outros. Sobreviventes ao Holocausto e viventes de todo o planeta se empenham em aniquilar quaisquer resquícios dessa calamidade; uma catástrofe que marcou e marcará, sem dúvida, futuras gerações, como sinal de que nunca mais se permita veraz atrocidade como essa que se inscreveu no século passado e marcou toda a humanidade.

“Quem me dera me livrar de todas as bestas feras, bestas homens... Quem me dera conseguir vencer todos os preconceitos e superar todas as diferenças... Viver num paraíso universal onde a intolerância seja completamente anulada, num mundo onde haja a cultura da paz e que o respeito e o amor ao próximo jamais sejam aniquilados. Quem me dera!”

Que haja paz entre os teus muros, ó Israel... Que haja paz entre os povos... Que a paz alcance a humanidade... Que haja paz em toda a face da Terra!


Holocausto: a dimensão do preconceito

Fernanda Mileide Sinquini da Costa

Aluna da 2ª série do Ensino Médio do CIEP Brigadeiro Sérgio de Carvalho

Preconceito: palavra que exprimiu o terror, o medo, o desespero e a angústia de milhares de famílias.

Preconceito: palavra tão discutida em nossa sociedade, mas que, para nós, não representa um terço do significado que representou para aquelas pessoas que vivenciaram o Holocausto, uma das piores atrocidades cometidas por seres humanos. Um período de terror em que as pessoas eram julgadas e condenadas não pela sua índole ou pelo seu caráter, mas sim por aquilo que Adolf Hitler julgava ser certo ou errado.

Raça: a raça era o que ele julgava importante. E para que a supremacia racial ariana fosse conquistada pelo povo alemão, o governo de Hitler passou a pregar o terror e o ódio contra aqueles que, de acordo com ele, impediam a pureza da raça ariana, a única raça que, nos conceitos dele, merecia o direito de viver. E foi por esse motivo, somente por esse motivo, que começaram as perseguições.

Ciganos, negros, homossexuais, comunistas, deficientes físicos, deficientes mentais e principalmente judeus; todos considerados raças inferiores. Podiam ser crianças, mulheres, idosos e até mesmo bebês; isso não fazia a menor diferença para os nazistas. A única coisa que importava era a ‘raça’ em que aquelas pessoas estavam inseridas. E, sem o menor direito de defesa ou de escolha, elas foram retiradas de suas casas e forçadas ao isolamento em guetos. O pior de tudo é que isso era apenas o começo.

No início da Segunda Guerra Mundial, o governo nazista criou os campos de concentração, lugar onde as pessoas eram obrigadas a viver e trabalhar em condições subumanas. Pessoas morriam de fome e de sede, metralhadas, torturadas, presas em câmaras de ar, queimadas vivas ou por contrair algum tipo de doença. Dentre essas pessoas havia crianças, crianças sem o menor discernimento para entender o que estava acontecendo, mas nem mesmo o fato de serem apenas crianças as libertava de todo aquele terror.

Algumas pessoas eram condenadas ao trabalho escravo para ajudar a manter economicamente a Alemanha nazista. Elas eram levadas dos campos de concentração, manipuladas por Hitler com a proposta de que receberiam um salário pelo serviço, porém o que acontecia de fato era bem diferente. O salário? Apenas um prato de comida para mantê-las de pé e em condições de trabalhar.

Você deve estar se perguntando: o que fizeram essas pessoas para merecer tamanha crueldade?

Nada, elas não fizeram nada. Eram pessoas como todos os outros; tinham suas casas, suas famílias, suas religiões, suas opções sexuais, suas crenças e suas descendências. Elas só não tiveram o direito de viver dignamente.

Publicado em 25/01/2001

Publicado em 25 de janeiro de 2011

Novidades por e-mail

Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing

Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário

Deixe seu comentário

Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.