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A economia como arma da educação e vice-versa

Tatiana Serra

Enchendo o carrinho de leitura e conhecimento no hipermercado do livro

Decidido. A partir de agora, só volto ao “hipermercado do livro” se for especialmente para assistir a algumas palestras de interessantes escritores e, ao passar por aqueles lotados corredores, aproveitar a ida para uma tentativa de comprar um lançamento ou a promoção de um livro muito desejado. Não que isso não seja possível pela internet, por exemplo, mas não há nada como folhear bons exemplares em pleno estande de uma editora de que gostamos.

De que hipermercado estou falando? Refiro-me aqui à Bienal do Livro, que, nas palavras de Sérgio Rodrigues, colunista da revista Veja, é um hipermercado, enquanto a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) é uma delicatessen. Para ele,

a Bienal não é exatamente uma feira literária – não no sentido estrito dessa palavra. É uma feira do livro, o que faz tanta diferença que explica o aparente paradoxo do sucesso de massa do evento num país com três quartos da população em situação de analfabetismo funcional e que carrega o modesto índice de leitura de 4,7 livros anuais per capita, aí incluídas obras didáticas e técnicas.

Mesmo assim, o colunista reconhece que há bons motivos para ir ao tal “hipermercado do livro”; um deles seria assistir a palestras ou acompanhar bate-papos intimistas com bons autores. Foi justamente o que me propus a fazer nos corredores da última bienal, em setembro de 2011, e de onde, sem mesmo pensar em encher o carrinho, saí me sentindo abastecida. Isso porque tive a oportunidade de assistir à palestra da jornalista Miriam Leitão sobre seu best-seller Saga brasileira, a longa luta de um povo por sua moeda.

No espaço Mulher e ponto, Miriam fez mais do que falar sobre seu livro; ela mexeu com as emoções de algumas dezenas de pessoas que estavam ali atentas ao que a jornalista tão claramente falava ao fazer um breve histórico da economia brasileira. Em pouco mais de uma hora, suas palavras, as perguntas do público e alguns depoimentos deixaram claro que a preocupação com a economia do País é uma realidade de quem vivenciou as dificuldades da Era Collor; de quem tem vaga lembrança da época em que corríamos o risco de sair de casa para comprar uma dúzia de ovos e voltar com apenas um; ou mesmo de quem não se recorda de grande instabilidade econômica. Segundo a jornalista, quando lhe perguntam se uma situação extrema como essa voltará, ela renova a esperança de que isso pode não voltar a acontecer, já que nessa pergunta está implícita uma mudança de postura, o amadurecimento e a vontade de um povo para que a economia se estabilize.

Foi então que Miriam comparou a economia à educação, ao dizer que “as armas da luta para enfrentar os problemas são as armas da educação. A economia atual é a economia do conhecimento. Portanto, tudo só irá melhorar com base na educação do povo brasileiro”. Um povo bem educado? Diante dos problemas que enfrentamos hoje na educação, a colocação da jornalista pode nos parecer utópica, mas quando nos lembramos da credibilidade de alguém que acompanha a economia brasileira de perto e, há muito tempo, esclarece toda a complexidade que nos parece ser o Brasil em números, se torna inevitável não parar para pensar na ligação direta entre os dois setores e acreditar que é possível a economia ser uma das armas da educação e vice-versa.

18/10/2011

Publicado em 18 de outubro de 2011

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