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Interdisciplinaridade, um bem necessário do século XXI

Lilian Aparecida Almeida Garrit dos Santos

Psicopedagoga e professora de Língua Portuguesa

O advento da globalização trouxe para o mundo contemporâneo um novo agir, um novo pensar. Todos os campos precisaram ser revistos e a educação não poderia ficar afastada desse processo.

O ensino tradicional, em que os conteúdos são trabalhados de forma isolada, não pode mais existir sozinho. O conhecimento precisa desenvolver as habilidades de forma integrada, surgindo a partir disso a interdisciplinaridade.

Esse é um tema em processo de construção como método, definição e corrente no meio científico e educacional. Sabemos que práticas antigas sozinhas não satisfazem mais o desenvolvimento do aprendizado, pois a mente do aluno não é como um HD de computador, em que cada saber fica armazenado e quando ele precisa acessa o dado necessário.

Esse pensamento é reforçado pelos estudos de Moacir Gadotti, quando este afirma que “a interdisciplinaridade (...) surge na metade do século passado, em resposta a uma necessidade verificada principalmente nos campos das Ciências Humanas e da Educação: superar a fragmentação e o caráter de especialização do conhecimento, causados por uma epistemologia de tendência positivista em cujas raízes estão o empirismo, o naturalismo e o mecanicismo científico do início da modernidade”.

O boom do construtivismo no final do século XX trouxe para o meio educacional parte desse questionamento. O aluno deve ser desenvolvido por completo, em todas as suas habilidades e ao mesmo tempo. A base curricular deve ser integrada, a fim de proporcionar a educadores e educandos novas formas de aprendizado. Portanto, podemos hoje pensar em um currículo em que o ensino de Matemática ocorra concomitantemente com o de Língua Portuguesa e História, por exemplo.

Uma das avaliações que vêm crescendo em confiabilidade no Brasil, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), tem como base de suas questões a interdisciplinaridade, o saber integrado. E a cada ano os jovens vêm demonstrando mais facilidade em resolver esse tipo de questões.

Para acompanhar a nova visão que surge, as escolas precisam quebrar paradigmas e unir pontos benéficos do ensino tradicional a essa ideia da construção do saber a partir da integração das partes.

O mundo conectado à internet, à rede de ideias, traz para a sala de aula a urgência da comunicação interdisciplinar. Aluno x professor x escola e família fazem parte desse aglomerado de novidades e precisam participar desse processo complexo de trabalho para aproximar a criança da realidade que vem sendo estudada hoje em dia.

Citando Paulo Freire, “a interdisciplinaridade é o processo metodológico de construção do conhecimento pelo sujeito com base em sua relação com o contexto, com a realidade, com sua cultura. Busca-se a expressão interdisciplinaridade pela caracterização de dois movimentos dialéticos: a problematização da situação, pela qual se desvela a realidade, e a sistematização dos conhecimentos de forma integrada”.

A globalização trouxe questionamentos como descentralização, flexibilidade dos programas escolares, valorização do conhecimento do educando, trabalho em equipe, democratização do saber e principalmente a preocupação em instruir cidadãos críticos e completos; para isso ocorrer de maneira clara, a interdisciplinaridade, que é um bem desenvolvido no século XXI, não pode ficar de fora.

Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

GADOTTI, Moacir. A organização do trabalho na escola: alguns pressupostos. São Paulo: Ática, 1993.

15/02/2011

Publicado em 15 de fevereiro de 2011

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