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Era atual, atual?

Ivone Boechat

Em 1932, Einstein, aos 52 anos, “sentou-se” no divã virtual do pai da psicanálise, Freud. Um forte cheiro de guerra exalava no ar. Preocupado, Einstein escreveu uma carta a Freud em que interpretava, com muita ansiedade, o comportamento da sociedade atual e o consultava sobre temores e fracassos iminentes. Surpreso, Freud, que já estava com a saúde abalada, aos 76 anos, respondeu a todas as perguntas do famoso cliente.

A primeira preocupação de Einstein foi saber do mestre se ele também estava percebendo a possibilidade de guerra, e Freud disse que sim: “Estamos a um passo da guerra”. A segunda e grande expectativa foi saber que técnicas poderiam ser utilizadas para conter os ímpetos negativos do homem. Freud respondeu a mais esta pergunta e desabafou:

– Einstein, fiquei surpreso com sua carta. Afinal de contas, o senhor contribuiu para o início da Era Atômica. Devo lhe dizer que o homem tem instintos de morte e só a civilização poderá contê-los.

Hoje, talvez, pela política “educacional” que muitos propõem e têm a cara de pau de implantar, homens perderam a percepção, não sentem o odor dos perigos que exalam ao redor. O mais simples homo sapiens tem um chocalho ultracolorido nas mãos, nem que seja uma TV ou um celular.

A humanidade vive hoje a sua era mais fantástica no planeta. Um século pode-se fazer num ano, porque é a evolução tecnológica que marca o tempo, não mais os dias. Tudo que foi previsto para acontecer daqui a dez anos já aconteceu – ou acontece num piscar de olhos. “O que é já foi; e o que há de ser também já foi” (Ec 3:15).

Peter Russell fala da revolução das consciências como um passo decisivo para alcançar a paz. Di Masi, sociólogo italiano, diz que neste momento vai dominar o país que souber organizar o tempo livre. A ociosidade não pode ser companheira da longevidade. O conceito de velhice “evoluiu”, e políticas públicas serão revistas para atender à demanda de um batalhão de cidadãos no mundo inteiro que estarão no auge da vida aos 80, 90 anos.

Que profissional é esse que ora conclui o curso de formação profissional? Profissional de quê? O especialista exige o multifuncional que vai brotar, sim, do especialista! As neuroses deste século são outras e muito velhas, fantasiadas de novas. Que perfil deve ter o profissional do século XXI? Competente emocionalmente, líder, sentinela da verdade, administrador do tempo, competente social, educador... Multialfabetizado.

O homem que vai exercer qualquer atividade deve ser competente para interpretar a interpretação dos outros, mas, sobretudo, o cidadão deve ser preparado para viver e tomar posse da vida. De que vale a vida sem um projeto de vida? Que todos sejam competentes emocionalmente para decidir assim:

Eu não quero me acostumar a ver, com tédio, as belezas da vida!
Não quero me declarar solitária com a minha companhia.
Nunca dizer que é rotina acordar de manhã com o sol
entrando e me aquecendo.
Não quero dizer que é tolice o discurso bravo ou sereno das ondas do mar.
Jamais ficar triste e declarar-me cansada de ouvir a natureza.
Deus me livre de começar a contagem regressiva
dos meus dias no mundo.
Quero discar SOS para me livrar do pessimista,
e nunca optar nem andar pelo caminho da desistência.
Quero chegar inteira, completa, única, verdadeira,
ao topo da vida para de lá contemplar, com entusiasmo total,
o esplendor da vida, do outro lado da vida!!!

Publicado em 27/03/2012

Publicado em 27 de março de 2012

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