Discutir Educação a Distância é discutir Educação

Os artigos reunidos no livro EaD Online: suportes e leituras, organizado por Alexandre Farbiarz e Jackeline Lima Farbiarz, discutem importantes aspectos da Educação a Distância, especialmente no que diz respeito ao emprego de inovações tecnológicas. Nesses trabalhos são feitas análises sobre modelos e práticas educacionais – que, diga-se de passagem, quase sempre valem para as atividades presenciais, em sala de aula ou fora dela.

O livro não foi produzido exclusivamente por pedagogos – o que é um grande mérito da obra, já que Educação é um tema multidisciplinar e não deve permanecer apenas nas mãos de educadores. Especialmente na EaD, essa diversidade é potencializada, o que valoriza a presença de autores como Alexandre Farbiarz, Cristina Portugal, Eliane Bettocchi Godinho, Guilherme de Almeida Xavier, Nathalia Chebab de Sá Cavalcante, Patrícia Ferreira e Ricardo de Carvalho, que são da área do Design; Felipe Siqueira, que é jornalista; Heitor Gribl, da área de Linguística; Rogério Moura, que é da área de Educação e Artes; Marina Boechat e Washington Lessa, da área de Comunicação, além daqueles da área de Educação, como Carlos Eduardo Miranda, Jackeline Lima Farbiarz e Rita Maria de Souza Couto.

Deve-se ressaltar o papel dos diversos profissionais envolvidos nos processos de Educação a Distância, notadamente o designer instrucional e os tecnólogos de sistemas, que devem ter suas ideias subordinadas à proposta didática do curso. A presença desses atores faz com que os professores revejam suas atitudes frente às novas tecnologias, abandonando a resistência às mudanças, tornando-os mais capacitados e atualizados, procurando utilizar esses recursos em benefício de suas atividades pedagógicas.

O livro discute também a função da relação entre texto e imagem na produção de cursos em EaD. Afinal, o texto só existe quando há um leitor interagindo com ele, e a possibilidade de combiná-lo com imagens torna-o mais rico e mais polissêmico, o que contribui positivamente para os processos de aprendizagem. A imagem é, por si só, fator fundamental por sua relevância no processo de comunicação e por servir como orientadora no manuseio e no sequenciamento de cursos a distância; afinal, texto e imagem devem ser elementos voltados para a aproximação entre professores, profissionais e estudantes.

Outro tema abordado no livro diz respeito à possibilidade de construir um curso não linear: essa decisão, razoavelmente simples com os recursos eletrônicos, é possível também nos materiais impressos, permitindo a leitura do material em qualquer sequência, desde que seja estudada a transformação da linearidade de um curso em um padrão de modelo matricial, dando destaque à oportunidade de oferecer ao aluno a perspectiva de criar seu próprio trajeto de construção do conhecimento, inclusive a partir do emprego de uma narrativa (e não de textos discursivos, acadêmicos) como forma de envolvimento do estudante.

Além desses aspectos básicos, são analisadas ferramentas disponíveis para avaliação e construção de cursos mediados pelas tecnologias de informação e comunicação; são discutidos também: o papel dos ambientes colaborativos; a essencialidade da interação por via eletrônica; e a valorização das atividades nos processos de aprendizagem.

A partir do estudo de vários fatores (recursos, textos, imagens, ferramentas tecnológicas, profissionais envolvidos), são definidos os elementos essenciais para a constituição de cursos a distância, com o objetivo de alcançar um dos mais destacados benefícios da EaD: a disseminação dos núcleos educacionais – especialmente de pesquisa –, a ampliação da área geográfica da população atendida e o desenvolvimento de ações interinstitucionais de cooperação acadêmica.

Das experiências tratadas em EaD Online: suportes e leituras, é possível concluir que um dos princípios que devem ser seguidos pelos bons cursos em Educação a Distância, em qualquer nível, é fazer do aluno o protagonista do processo educacional: o professor deixa de ser o centro das atenções, o único definidor dos conteúdos a trabalhar – que passam a ser transmitidos em via de mão dupla.

Talvez essa perspectiva de centralidade do papel do estudante seja a melhor herança – e a mais frutífera provocação – que a EaD pode trazer para a Educação como um todo.

Publicado em 10/04/2012