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Como anda o hábito da leitura... digital?

Tatiana Serra

Os livros não mudam o Mundo, quem muda o Mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.
Mário Quintana

Ler sem folhear. Ler sem fazer “orelha”. Ler sem sentir o cheirinho de um livro novo. Ler e reler aquele antigo livro cheio de marcações e marcas do tempo. Ler sem prazer? Deixar de ler?

Nos dias de hoje, em que teclar tem substituído a escrita e a fala de muita gente, por que não encontrar prazer na e-leitura (leitura digital)? Economia de papel, de dinheiro e de tempo. Essa mudança de hábito ou, simplesmente, alternativa pode, sim, ter vários pontos positivos. E será que, mesmo não nos dando conta, já não estamos numa fase de transição entre o livro e o e-book? Afinal, em nosso dia a dia, ficamos mais tempo diante de uma tela de computador ou de uma folha de papel?

A 3ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pelo Instituto Pró-Livro ao IBOPE Inteligência, ouviu 5.012 pessoas entre 11 de junho e 3 de julho de 2011 e teve como objetivo traçar o perfil atualizado do leitor brasileiro. De acordo com o estudo, o brasileiro lê, em média, quatro livros por ano, sendo apenas 2,1 deles até o fim; outra revelação é de que 75% da população nunca pisou em uma biblioteca na vida.

Pela primeira vez, o hábito de ler livros digitais também fez parte da pesquisa. Os números revelaram que os e-books ainda não fazem parte da realidade da maioria de nós: apenas 5% dos entrevistados, ou seja, 9,5 milhões, tem o hábito da e-leitura; 70% nunca ouviram falar dos livros eletrônicos; desses, 25% são pessoas que não ouviram falar, mas gostariam de conhecer.

Nativos e imigrantes digitais

O estudo concluiu que a maioria dos leitores de e-books é da classe A, tem nível superior completo e idade de 18 a 24 anos (12%). Seriam esses os chamados “nativos digitais” (expressão criada pelo nova-iorquino Marc Prensky, especialista em tecnologia e educação, assim como o termo “imigrantes digitais”)?

Porém, é o próprio Prensky que, em entrevista à revista Época, esclarece que não é a idade que define esses nativos, a não ser indiretamente. “Nativos digitais e imigrantes digitais são termos que explicam as diferenças culturais entre os que cresceram na era digital e os que não. Os primeiros, por causa de sua experiência, têm diferentes atitudes em relação ao uso da tecnologia. Hoje, há muito mais adultos que migraram, e nos Estados Unidos quase todas as crianças em idade escolar cresceram na era digital. Pode ser que, em alguns lugares, os nativos sejam separados dos imigrantes por razões sociais. Em algum momento, é claro, todos terão nascido na era digital. Estamos a caminho de algo novo: a era do Homo sapiens digital ou a era do indivíduo com sabedoria digital”.

Comparando os livros digitais e os impressos, segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, 52% dos entrevistados (entre nativos e imigrantes digitais) acreditam que os livros impressos não acabarão e 17% acham que os impressos vão continuar em pequenas edições; apenas 7% afirmam que os livros desaparecerão com o tempo; outros 7% acham que os digitais interessam a poucos leitores.

E você, prefere os livros ou os e-livros? Na realidade, é preciso escolher um deles ou a melhor escolha seria aproveitar o que cada tipo de leitura tem de bom? Talvez aí esteja a tal sabedoria digital (e impressa) do Homo sapiens.

17/04/2012

Publicado em 17 de abril de 2012

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