Este trabalho foi recuperado de uma versão anterior da revista Educação Pública. Por isso, talvez você encontre nele algum problema de formatação ou links defeituosos. Se for o caso, por favor, escreva para nosso email (educacaopublica@cecierj.edu.br) para providenciarmos o reparo.
Menino de rua
Valmir Sales Borges
Humano!
Que humano que nada
Me confundem com o lixo que dorme nas calçadas
Quero uma chance pra ser gente e me salvar
Quero uma casa, quero paz
Quero o carinho de um lar
Pra ter a vida, luto sempre contra a morte
Muitos amigos não tiveram a mesma sorte
E já partiram para outra encarnação
Existem muitas candelárias na nação
Humano
Que humano que nada
Sou quase um bicho que assusta a criançada
E que os adultos olham com indiferença
Não dá pra ter crença
Tantos inventos, tantas evoluções
Só para mim não existem soluções
Sigo perambulando pela selva urbana
Que vida tirana
Às vezes
Um trago é meu único aliado
Assim durmo quase anestesiado
Pois eu não quero o direito de sonhar
Pra quando acordar não ter que me chocar
Com a realidade nua e crua
De que sou apenas um menino de rua
Se eu fosse um índio
Tinha o direito de andar nu
Porém jamais seria um tatuapú
Pois suas terras estão quase todas exploradas
E as reservas têm grileiro na parada
Ah!
Que índio que nada
A sua raça já está quase exterminada
Só que a minha
Aumenta a cada madrugada.
Eu quero viver – eu quero crescer
Eu quero sorrir – eu quero cantar
Eu quero o bom-senso – quero entrar no censo
Quero ser humano, com direitos iguais
Publicado originalmente na antologia Ecos da Alma.
Publicado em 17/04/2012
Publicado em 17 de abril de 2012
Novidades por e-mail
Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing
Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário
Deixe seu comentárioEste artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.