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Trabalho em equipe: duas cabeças pensam melhor do que uma?

Tatiana Serra

Socializar, interagir, compartilhar, buscar soluções em grupo, aprender com os outros, ouvir outras opiniões e refletir sobre elas. Quando o trabalho é em equipe podem ser muitas as consequências além das metas predeterminadas no papel.

E pode ser justamente o trabalho em equipe o elemento que diferenciou os humanos dos demais animais e o levou ao desenvolvimento de um cérebro tão grande – tido como o de um gigante, se comparado com o de seus antecessores hominídeos, é o que sugere um estudo publicado pela revista Proceedings of the British Royal Society.

Porém nunca se explicou por que a evolução levou a esse resultado. A resposta para isso pode ser mais simples do que se imagina. Os pesquisadores dizem que, para sobreviver, o ser humano precisou cooperar com seus semelhantes e, portanto, dotou-se de um cérebro suficientemente grande para navegar na complexidade das relações sociais.

Essa explicação leva a questionar outro ponto, com base no dito popular “tamanho não é documento”. Um cérebro grande ainda não seria o suficiente, já que o Homo sapiens estaria longe de dominar as relações sociais. O instinto, que vem sendo perdido por nossa espécie e mantido pelas outras, talvez desvendasse melhor a complexidade dessas relações.

Cooperar pode levar à troca de favores

De acordo com matéria do portal Globo.com, os pesquisadores desse estudo projetaram um cérebro virtual para reproduzir o cérebro humano, e o submeteram a dois cenários: “no primeiro, dois delinquentes foram detidos pela polícia, e cada um podia decidir se denunciava ou não seu cúmplice. No segundo, os indivíduos, presos em um carro coberto pela neve, deveriam avaliar a situação para determinar se uniriam suas forças para escapar ou se deixariam simplesmente o outro agir. Em ambos os casos, um dos indivíduos pensava que poderia obter mais benefícios sendo egoísta. O caso é que, quanto mais seu cérebro evoluía, mais o indivíduo estava disposto a cooperar, descobriram os pesquisadores”.

Mas é importante destacar que essa cooperação não é totalmente desinteressada, e muitas vezes está ligada a uma intenção de troca de favores entre os indivíduos.

Segundo Lucas McNally, do Trinity College de Dublin, um dos autores do estudo, o trabalho em equipe e a potência cerebral estimulam uns aos outros. "A mudança para sociedades mais cooperativas, mais complexas, pode levar à evolução de um cérebro maior. E com o aparecimento de níveis de inteligência mais elevados, constatamos que a cooperação vai muito além".

Menos ou mais inteligentes em grupo?

Outro ditado diz que duas cabeças pensam melhor que uma, ao contrário do que afirma um estudo publicado recentemente pela Universidade Virginia Tech:  em pequenos grupos, as pessoas tenderiam a ficar menos inteligentes.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas mediram o quociente de inteligência (QI) dos participantes isoladamente e em pequenos grupos; e aplicaram exames de ressonância magnética para visualizar o que acontecia dentro do cérebro das pessoas. Quando em grupo, elas se mostraram menos capazes de resolver problemas.

“Nosso estudo destaca as consequências inesperadas e dramáticas que mesmo os sinais sociais mais sutis em ambientes de grupo podem ter nas funções cognitivas. Nós precisamos lembrar que a dinâmica social afeta não só os ambientes de educação e de trabalho, mas também os corpos responsáveis pela política nacional e internacional, como o congresso e as Nações Unidas”. Foi o que afirmou Kenneth Kishida, autor da pesquisa, em material divulgado pela Virginia Tech e publicado pelo portal Globo.com.

Na sua opinião, em que situações duas cabeças podem pensar melhor do que uma? Como diferenciar e tirar o que há de melhor na individualidade e no pensamento em grupo?

Publicado em 15 de maio de 2012

Publicado em 15 de maio de 2012

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