Este trabalho foi recuperado de uma versão anterior da revista Educação Pública. Por isso, talvez você encontre nele algum problema de formatação ou links defeituosos. Se for o caso, por favor, escreva para nosso email (educacaopublica@cecierj.edu.br) para providenciarmos o reparo.
Proteger o filho ou o mundo?
Alexandre Rodrigues Alves
Fazendo minha caminhada matinal pelas ruas perto de casa, observando pais e filhos, concluí que existem, em essência, dois tipos de bolsas para os pais transportar filhos: uma em que o bebê fica voltado para o peito do pai (ou da mãe) e a outra, em que ele fica sentado voltado para a rua, de costas para o pai. Isso vale para os carrinhos, também.
Além de vantagens e desvantagens óbvias (a criança, de frente para o parente, pode se sentir asfixiada ou imprensada; de costas, não se vê se ela está com o nariz escorrendo, por exemplo), o modelo adotado pode indicar a atitude preferencial da família em relação ao bebê.
Um pai que quer que o filho observe o mundo, que preste atenção naquilo que é externo a ele (ainda que sejam incômodos raios de sol, por exemplo) provavelmente optará por uma bolsa em que a criança fica de costas pra ele.
Aquele que quer proteger seu filho certamente escolherá aquela arrumação em que o filho fica de frente para ele – que verá mais rapidamente as mudanças de humor da criança, a ameaça de choro etc. – e não correrá o risco de o filho ter ofuscada sua visão.
Toda generalização é perigosa, inclusive esta, dizia um provérbio brasileiro. Mas fico tentado a dizer que um pai (ou mãe) que privilegia o abrigo do filho na hora de escolher a bolsa para carregá-lo tem tudo para superprotegê-lo o resto da vida. Daí para fazer todas as vontades do pimpolho é um pulo.
E aí – continuando no campo das generalizações – essa criança passa a determinar os passos, os prazeres e passeios dos pais. E a ter para si tudo do bom e do melhor (claro, dentro dos limites orçamentários da família). E mais: a reclamar quando não consegue isso. Quantas vezes já vimos crianças se desmilinguindo num supermercado, numa lanchonete, numa loja ou até no meio da rua porque querem aquele doce, aquele sorvete, aquele sanduíche, aquela boneca. Faz todo tipo de pirraça, aquele choro sem lágrima, digno de dos melhores atores, das melhores atrizes do nosso teatro.
E os pais olhando com aquela cara de “criei um monstro”... Não reagem, não exigem uma atitude da criança, submissos à sua vontade.
Proteger é bom, é necessário. Mas deixar uma criança descobrir o mundo é fundamental. Para a sua saúde, da família e do mundo.
Ontem mesmo, tomando um café num shopping, reparei num casal que conversava em uma mesa próxima. O filho de uns três anos perambulava pelas mesas, até que ficou maravilhado com um sonho numa vitrine. A mãe só olhando, a uns dez passos, talvez. Ele paquerando aquela obra fantástica da culinária, passeando pelo meio das pernas de adultos junto ao balcão. Um ou outro “grandão” falava com ele, fazia um cafuné, estranhando não ter um adulto cuidando dele intensivamente. Até que o menino resolveu mudar seu rumo e virou a lateral do balcão. Imediatamente a mãe se levantou e foi atrás dele, trazendo-o de volta.
Afinal, o que os olhos não veem...
Mas são só ideias... A escolha da bolsa de transporte pode ter a ver com orientação médica, com a valorização de uma ou outra cultura... Com um prosaico problema de coluna... Ou até uma oferta naquela loja especializada.
Publicado em 17 de julho de 2012
Publicado em 17 de julho de 2012
Novidades por e-mail
Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing
Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário
Deixe seu comentárioEste artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.