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Astronomia para deficientes visuais?

Adriana Oliveira Bernardes

Mestre em Ensino de Ciências

Astronomia e
Ilustração

Muitas pessoas podem se perguntar: por que Astronomia para deficientes visuais? Que interesse em Astronomia teria uma pessoa com esse tipo de deficiência? Afinal de contas, se não podem ver, que interesse poderiam ter no que pode ser observado no céu ou no que ocorre em outros planetas? É incrível, mas, ao desenvolver um projeto com essa temática, fui questionada muitas vezes.

Questionamentos podem acontecer; neste caso, mostram apenas que as pessoas precisam de informação e orientação sobre o assunto. A verdade é que a questão da deficiência deve ser discutida dentro da sociedade, principalmente na escola, porque a visão que se tem da deficiência precisa mudar, ainda mais num momento em que tanto se fala em inclusão – e a própria LDB ratifica a importância de manter o aluno com deficiência em sala de aula regular.

Vivenciamos um período conturbado, em que o ensino de Ciências no Brasil passa por uma crise, na qual alunos “ditos normais” enfrentam sérias dificuldades de aprendizado e encaram muitas das vezes as disciplinas da área de exatas de forma “negativa”. Nesse contexto, a Astronomia, com sua perspectiva interdisciplinar, pode incentivar e motivar o Ensino de Ciências.

Uma das primeiras iniciativas do projeto que desenvolvemos foi promover a discussão escolar sobre a deficiência, incentivando a aproximação entre alunos com e sem deficiência, articulando um trabalho voluntário dentro da escola que propiciasse interação entre esses alunos.

Elaboramos então materiais táteis e de áudio para o ensino de Astronomia para deficientes visuais. O trabalho foi realizado em três escolas públicas, contando com a participação de mais de cem alunos.

A aproximação da escola com a questão da deficiência é algo que deve ocorrer o mais rápido possível; com a LDB fica clara a necessidade de manter a pessoa portadora de necessidades especiais em classes regulares de ensino.

Com este projeto sentimos que a proximidade é algo benéfico para ambas as partes e que a escola deve promover atividades que mostrem que a diversidade existe e é normal.

Só assim as pessoas perceberão que o direito à educação é de todos e que, se é desejo do indivíduo, ele deve ter o direito de recebê-la. Por isso, o projeto Astronomia para Deficientes Visuais, além de promover a discussão da inclusão de pessoas com necessidades especiais, lutava principalmente contra os preconceitos em relação à questão da deficiência, pensando que existem outras maneiras de aprender como existem outros meios de conhecer algo para o qual presumidamente acredita-se ser necessária a visão.

Publicado em 03/07/2012

Publicado em 01 de fevereiro de 2012

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