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Mudanças didáticas e pedagógicas na construção social do conhecimento: a autonomia do aluno no novo milênio
Silvio Profirio da Silva
Graduando em Letras (UFRPE)
Durante muito tempo, a prática docente foi guiada por uma concepção de ensino puramente tradicional. Com isso, o processo de ensino e de aprendizagem ocorria em função de uma grande quantidade de conceitos e definições que deveriam ser reproduzidos pelos alunos. Ainda com base nessa linha metodológica, a prática da interação entre docente e discente não ocorria, na medida em que ambos não eram concebidos como interlocutores. Nesse processo de ensino e aprendizagem, era dado ao aluno um papel passivo; em virtude disso, ele deveria abdicar de seus posicionamentos diante dos argumentos inquestionáveis do professor. Essa postura esteve presente durante décadas nas escolas brasileiras, alçando, assim, o ensino a um papel reprodutivo.
Em face desse contexto educativo, em meados da década de 1980 ocorreu intensa produção e disseminação de estudos na área de Educação. Conforme ressaltam Albuquerque et al (2008), estudiosos de diversos campos, como Ciências da Linguagem (Linguística), Ciências Educativas (Pedagogia), Ciências Psicológicas (Psicologia e Psicologia Cognitiva) e de outros campos de estudo (Filosofia, Sociologia) produzem inúmeros pressupostos e fundamentos teóricos, buscando assim romper as práticas obsoletas presentes nas unidades escolares brasileiras. Tendo como pano de fundo esse contexto de difusão dos postulados de âmbito educacional, surgem novas estratégias e metodologias de ensino e novos papeis para os sujeitos envolvidos na construção social do conhecimento (Koch & Elias, 2006).
Diante desse cenário, ocorre intensa alteração nas relações tradicionais de ensino. Surgem, agora, novas funções sociais. Primeiramente, abordamos a mudança na função social do docente. O professor não é mais aquele que detém o conhecimento, repassando-o para o aluno de forma dogmática (não admitindo questionamentos). O docente é, nesse novo contexto paradigmático, aquele que propicia articulação no encontro entre o aluno e o saber (a forma em que dá sentido às informações recebidas, elaborando significação a partir de tais informações). Nessa ótica, o professor é alçado à condição de mediador, deixando de lado a postura de transmissor de conteúdo, assumindo, dessa forma, o papel de orientador e de estimulador na construção social do conhecimento do discente. Este, por sua vez, assume papel ativo, que transcende a perspectiva da reprodução. Ambos, nessa nova perspectiva de ensino, são concebidos como atores sociais, envolvidos em práticas pedagógicas sociointeracionistas pautadas em perspectivas interativas e dialógicas, como sinalizam Koch & Elias (2006).
Esses novos paradigmas aplicados ao campo do ensino propiciam o surgimento de novas metodologias que têm por objetivo levar o educando não só a compreender conteúdos teóricos, mas, sobretudo, a aplicar esses conteúdos no âmbito social, o que, por sua vez, culmina na questão da autonomia do discente. Com isso, o ensino, em uma perspectiva geral, passa a girar em torno de uma concepção de como elemento de conscientização, o que, por conseguinte, promove a ampliação da visão de mundo rumo à atuação social desse novo aluno que é alçado à condição de sujeito ativo e autônomo na atual sociedade competitiva do novo milênio.
Referências
ALBUQUERQUE, E. B. C.; MORAIS, A. G.; FERREIRA, A. T. B. As práticas cotidianas de alfabetização: o que fazem as professoras? Revista Brasileira de Educação, v. 13, p. 252-264, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v13n38/05.pdf. Acesso em: 21 out. 2011.
KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.
Publicado em 7 de fevereiro de 2012
Publicado em 01 de fevereiro de 2012
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