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Nova geração

Darcy Cruz

Meu domicílio é uma concha

A mensagem evaporou-se como os fios antigos de rua
que o tempo comeu como o gato comeu o rato
– isso foi no tempo em que se ouvia a onça falar.

Gemem as últimas luzes penduradas nos postes,
os neons explodem como estrelas que vão morrer,
estertoram-se cantos antigos, novas gerações de pássaros
nascem sem garra de agarrar fio elétrico, alguns
nascem  já sem língua, presságio da terrível era de luto eterno
era da mudez, mas que mais se fala: a era da tagarelice celular.

O que será do poste da esquina, companheiro inseparável dos bêbados?
A pele ficando mais distante de outras peles,
a natureza nos enviando avisos
de um futuro de gente que cada vez mais se afasta
de gente, gente que só vê o outro com o binóculo ao contrário.

A era do wireless (que monstrengo é esse?) se aproxima
e nos engolfa com seus tentáculos invisíveis.

Publicado 31/01/2012

Publicado em 01 de fevereiro de 2012

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