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Possibilidades de trabalho com a diversidade em sala de aula
Juliana Maria Carvalho
Comunidade educativa e diversidade
As melhores ferramentas para prevenir o insucesso escolar e os melhores indicadores das boas práticas de ensino são o respeito e a valorização da diversidade. Uma escola não pode ser abrangente e inclusiva e, portanto, ser capaz de responder à diferença e à individualidade se toda a comunidade escolar não concorda com esses valores. A diversidade é um princípio fundamental, e não um incidente isolado a ser tratado de forma isolada e residual. A diversidade é um fato da vida. Uma escola sem diversidade seria uma instituição asséptica, artificial, desprovida da identidade que se dá pelo reconhecimento da diferença, a marca registrada de cada uma das pessoas que a compõem. E essas marcas são tão diversas quanto somos pessoas diferentes. Sem diversidade, sem reconhecimento e tratamento subsequente, a escola é órfã de um dos valores fundamentais na educação e formação das pessoas: a tolerância.
O papel da escola consiste na formação dos professores, em conciliar as ações, no acompanhamento e avaliação do processo, assim como na comunicação e aconselhamento para a família e alunos em seu caminho e trajetória escolar. É, portanto, uma tarefa das escolas criar essa cultura de resposta à diferença com a certeza de que é um elemento indispensável e enriquecedor. E isso exige a cumplicidade de todos os membros da comunidade escolar, em que cada um deles assumirá uma parte da tarefa: pais, alunos, educadores e meio ambiente. Cada um deve assumir o seu papel:
- A família, auxiliando a escola e confrontando as diferenças com atitudes que deem segurança: naturalidade, compreensão, sinceridade, honestidade e apreço. Nesse sentido, a comunicação entre a família e a escola é vital.
- O papel da escola, como descrito acima, envolve detectar situações de diferença ou preconceito, formar professores, estabelecer ações, acompanhar, avaliar e comunicar e orientar a família e os estudantes.
- Aos alunos corresponde conviver com essa diferença, integrando-a com a convivência e o respeito mútuo sem dificuldade, construindo, sem se dar conta, um projeto de vida baseado na tolerância, na ajuda mútua e no trabalho em equipe.
- E a sociedade deve finalmente dar à família, aos alunos e à escola os recursos necessários para realizar essa função, fazendo um reconhecimento especial dos contextos educativos onde não há tratamento adequado das singularidades e tornando visível a necessidade de mudar de atitude, quando necessário.
O oposto da integração é a segregação. Uma comunidade educativa que não seja inclusiva se converte irremediavelmente em exclusiva, e esse processo é muitas vezes bastante sutil, passando despercebido. A vigilância, que tem como objetivo detectar a diferença e a diversidade como fenômeno natural e necessário, como mencionado, será o melhor antídoto contra a segregação e uma ferramenta valiosa para a educação e coesão social com os valores democráticos de uma sociedade mais tolerante e justa. Em suma, mais competente.
Atender a diferença na dificuldade e na excelência
Se enfocarmos a diversidade como uma diferença motivadora e necessária, temos uma resposta para a diferença natural. Para isso, é necessário que professores e educadores construam um entorno educativo centrado em estratégias de aula que sejam capazes de dotar a didática de um compromisso implícito e natural, tornando-a uma forma de lidar com a diversidade.
Um dos tópicos que encontramos ao abordar o tratamento da diferença em nossas salas de aula é a rotulagem da diversidade como uma dificuldade inerente a necessidades educativas por carências ou particularidades de cada aluno. Existe outra diversidade que deve ser contemplada, a derivada da excelência individual ou coletiva que se apresenta de maneira natural. É ainda mais difícil de diagnosticar, pois sempre passa despercebida; significa perda de talento e potencial que nosso sistema educacional não deveria permitir. A prática docente na era das tecnologias audiovisuais e de informação e comunicação precisa, mais do que nunca, de profissionais observadores, abertos e pluralistas, capazes de distinguir as necessidades específicas de seu grupo e de procurar respostas efetivas para assegurar a eficácia da função educativa.
O tratamento da diversidade, assim entendido, torna-se um processo natural, inerente à prática docente, em contínua transformação e evolução. Nesse cenário, o trabalho coordenado de toda a comunidade educativa é fundamental. E essa coordenação tão necessária tem uma peça fundamental: o tutor. Assim, a atenção à diversidade está no âmbito da ação tutorial com a mesma naturalidade com que ele lida com técnicas de estudo ou aprendizagens transversais. Esse é um fato nada trivial. Na maioria dos casos, a diferença e a singularidade acabam no gabinete psicopedagógico, onde os profissionais, além de prevenir, diagnosticar, orientar e formar, acabam assumindo o papel de dinamizadores do processo de aula e em muitos casos intervêm diretamente, com desdobramentos e grupos de trabalho que acabam mascarando o autêntico e necessário trabalho inclusivo que professores e tutores devem fazer na sala de aula.
Dessa forma, as escolas podem e devem lidar com a diversidade de seus alunos de acordo com estes itens:
- A consideração da totalidade dos alunos como objetivo da diversidade, dentro do âmbito do projeto educativo da escola;
- Os programas das áreas curriculares como chave fundamental para lidar com a diversidade;
- A necessidade de que os professores trabalhem em equipe;
- A estreita articulação dos recursos específicos de caráter compensatório dirigidos aos alunos com necessidades educativas com o conjunto das atividades de ensino/aprendizagem;
- A composição heterogênea dos grupos como critério de agrupamento facilitador da educação na diversidade;
- A avaliação qualitativa dos alunos centrada no próprio processo.
Estratégias de sala de aula
Trata-se de diversificar nossas atividades de sala de aula para lidar melhor com a diversidade. A chave está na criatividade do educador, que deve planejar a aula de maneira diferente, para que, na maioria dos casos, o aluno torne-se protagonista do processo de aprendizagem. O professor se torna o dinamizador da construção do conhecimento e da aprendizagem. É como o maestro que rege de dentro da própria orquestra, o que torna mais fácil saber quem "afina" e de onde se pode dirigir o processo de aprendizagem individual de forma mais personalizada. O professor deve ter em conta, tanto em sua programação na sala de aula como no desenvolvimento de uma estratégia que atenda à diversidade, questões fundamentais que sejam adequadamente identificadas e, se é possível, que faça o acompanhamento. Em poucas palavras: uma boa dose de didática.
Como exemplo, apresento uma classificação inicial dessas possíveis atividades:
- Rotinas de aula (padrões de atividades que são aplicadas diariamente).
- Estrutura de ordem da atividade (o ritmo da classe, a ordem em que eles irão desenvolver as diversas atividades da aula, tendo em conta as características da diversidade presente em sala de aula).
- Padrões de comportamento.
- Habilidades de ordem diária (especialmente aquelas que configuram um ambiente propício à aprendizagem).
- Controle de aula (estratégias utilizadas para alcançar e manter a ordem dentro da sala de aula).
- Atividades da vida diária (tarefas curriculares de realização diária).
- Oportunidades de aprendizagem (possibilidades de aprendizagem na aula).
- Ajudas e recursos do professor (o que o professor precisa para tratar a diversidade própria de sua classe).
- Modificações curriculares (aplicação de qualquer adaptação curricular individualizada).
- Currículo funcional (priorização de necessidades em relação aos traços de comportamento, hábitos, rotinas e ordem, sociabilidade e aprendizagens escolares).
- Organização geral (como o tipo de diversidade presente na sala de aula muda a organização geral da classe):
- Tipos de atividade.
- Distribuição de tempo.
- Organização do espaço e colocação dos estudantes.
- Funções dos alunos.
- Instruções de trabalho.
- Explicações, instruções individualizadas aos alunos.
- Tipos de perguntas.
- Organização das atividades (em um grande grupo, em pequenos grupos, aos pares, individualmente).
- Recursos ou auxílios especiais.
- Tarefas individuais de trabalho para os estudantes que são objeto da programação relacionada com a diversidade: atividades adaptadas etc.
- Estrutura de relacionamento (lugar que ocupa a diversidade no conjunto da classe). Atitudes dos companheiros.
Em resumo:
- Diagnóstico precoce
- Diagnóstico
- Mapa da diversidade
- Assessoramento e formação
- Estratégias de aula
- Programação por competências
- Avaliação
Atividades em sala de aula: classificação inicial para o trabalho com a diversidade
Atividade | Características |
---|---|
Atividades paralelas | Tarefas de aula em que se fazem diferentes atividades ao mesmo tempo |
Atividades homogêneas | Tarefas em que todos os alunos fazem o mesmo |
Atividades de execução individual | Trabalho individual específico |
Aprendizagem cooperativa | Atividades feitas em um grupo de construção do conhecimento |
Publicado em 31 de janeiro de 2012
Publicado em 01 de fevereiro de 2012
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