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Leitura, arte e educação
Jussara Pimenta
O livro Leitura, arte e educação: a Biblioteca Infantil do Pavilhão Mourisco (1934-1927) foi lançado no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ), durante o IV CAIS (Congresso Acadêmico dos Institutos Superiores da Rede Faetec). O lançamento coincidiu com a data de aniversário do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, tendo como temática o empreendimento educacional de uma de suas signatárias, a educadora e poeta Cecília Meireles. O livro resulta da dissertação de mestrado, defendida no Departamento de Educação da PUC-Rio, sob a orientação da professora Ana Waleska Pollo Campos Mendonça, em 2011. Foi publicado pela Editora CRV, de Curitiba, no final de 2011.
A Biblioteca Infantil do Distrito Federal, localizada no "Pavilhão Mourisco" ou "Espaço Mourisco", foi inaugurada em 1934, durante a gestão de Anísio Teixeira na Diretoria Geral de Instrução Pública do Distrito Federal. A poeta e educadora Cecília Meireles foi responsável pela organização e direção do espaço, que se transformou num centro de cultura infantil e de pesquisa para os educadores. Essa biblioteca foi um projeto pioneiro e ambicioso, já que priorizava a formação do leitor. Possuía seção de livros, de gravuras, de cartografia, de recortes, de selos e moedas, de música e cinema, artística, de propaganda e publicidade; havia ainda a seção de observações e pesquisa, mais voltada para aspectos propriamente pedagógicos. Por conjugar atividades como cinema, música, cartografia e jogos, extrapolava os objetivos de uma simples biblioteca. Para Cecília Meireles, a Biblioteca era um local de encantamento e pesquisa, que cooperava para a transformação da educação. Para Anísio Teixeira, o termo biblioteca dizia muito pouco, pelas proporções que a esfera de ação daquele empreendimento atingia. Por isso, no discurso de inauguração, disse que aquele seria um "Centro de Cultura Infantil", uma espécie de “Bureau da Criança”.
Além da proposta pedagógica, a decoração da biblioteca também era bastante inusitada para a época, nunca antes vista no Brasil. Estimulando a frequência de crianças e mantendo os livros ao alcance delas, trazia novidades sequer tentadas nas bibliotecas frequentadas por adultos: a inclusão de atividades artísticas e culturais, como hora do conto, dramatizações, jogos silenciosos, cinema e música; a consulta, a leitura e o empréstimo de livros com responsabilidade dos próprios leitores. Naquela biblioteca, as crianças eram livres para escolher as atividades que mais lhes interessassem. Além disso, o trabalho desenvolvido naquele espaço estava articulado às atividades escolares, pretendendo ser uma extensão da biblioteca escolar e servir de objeto de estudo para professores e pesquisadores da rede municipal e do Departamento de Educação. Foram iniciativas que ajudaram a compor os projetos de muitas outras bibliotecas infantis que surgiriam com o passar dos anos. Se o trabalho de divulgação do livro e da leitura por Cecília Meireles, se a ação e as ideias de Anísio Teixeira foram esmaecidas pelo tempo e a Biblioteca Infantil do Pavilhão Mourisco teve sua origem esquecida, encontrou nas ações de educadores das gerações seguintes o seu prosseguimento.
Publicado em 14/08/2012
Publicado em 14 de agosto de 2012
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