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As crianças e os desenhos animados

Mariana Cruz

O que seria um desenho animado apropriado para as crianças? A provável resposta de grande parte de pais e educadores é que seja um desenho que estimule a imaginação, a criatividade, o conhecimento de diferentes linguagens e não seja violento.

O problema é que nem sempre os desenhos que a meninada curte são desse tipo. Por vezes, aqueles desenhos muito didáticos são considerados enfadonhos. Os garotos normalmente preferem desenhos de ação, brigas. Não é à toa que muitas vezes os desenhos animados são apontados como os culpados por estimular a violência entre as crianças. Mas para quem acha que a violência é característica dos desenhos atuais, é só voltar léguas de anos atrás e perceber que essa brincadeira de gato e rato já existe há tempos. Basta lembrar de clássicos como Papaléguas e Tom & Jerry que são exibidos nas TVs Brasileiras desde as décadas de 1970 e 1980: um espanca o outro, exclui o outro. Tal sadismo é muito bem explorado no desenho Os Simpsons pelo desenho (um desenho dentro do desenho) chamado Comichão e Coçadinha, que faz uma sátira bem exagerada do Tom & Jerry. Nesse metadesenho o rato é extremamente cruel e caça o gato – que é bonzinho –, matando-o de diversas maneiras.

Hoje, diferentemente dos desenhos mais antigos, nos quais a maioria dos protagonistas era adulta – como Os Flintstones, Corrida Maluca, Popeye, Scooby-Doo, Os Superamigos –, pode-se notar, desde o final dos anos de 1990, que as crianças passaram a ser as protagonistas, como nas Meninas Superpoderosas, Dora Aventureira, Peixonauta, Ben-10 e Padrinhos Mágicos, entre outros. Isso evidencia o papel que a criança assume hoje na sociedade, quando não raro é ela quem manda nos hábitos de consumo da casa.

Muitos colocam a culpa de todos os males do mundo na televisão, mas ela não é a grande vilã isolada. A violência está muito mais ligada hoje na relação que é feita dessas produções culturais com o mundo do consumo. Violento é ser criado um desenho animado que já tem uma série de produtos para serem vendidos. É a criança não se contentar mais em ter um xampu qualquer e querer somente o “shampoo da Barbie”; a “mochila do Ben-10”; a “bolsa da Polly”. É os filhos pedirem aos pais para lanchar em um determinada lanchonete porque irão ganhar um boneco do filme. É como se eles só valorizassem aquilo que tem uma marca.

Isto sim é violência: toda essa indústria em torno dos desenhos: lançam um desenho e junto vem o boneco e uma série de produtos, jogos, cadernos, roupas, mochilas, tudo relacionado a ele, para a criança consumir e, logo depois, quando outro desenho for lançado, ela consumir tudo dessa nova atração.

Por outro lado, assistir a desenhos animados "possibilita novas formas de criar e imaginar o mundo, oferecendo ferramentas para construí-lo e favorece a problematização e resolução visual de temáticas que, no espaço ‘real’, a criança tem dificuldades de compreender, como nascimento, morte, família e relacionamentos", explica a pedagoga Patrícia Ignácio, mestre em Educação em Estudos Culturais. Ela também adverte que: "independente da idade da criança, alguns desenhos podem estimular a violência. Alguns ainda enaltecem a imagem, a moda e a beleza e podem estimular o ‘policiamento’ infantil com relação aos seus corpos. Programas que colocam em evidência o consumo, enquanto identificador social, podem estimular o consumo desenfreado. Portanto, evitá-los na programação das crianças seria uma ótima dica".

Para um desenvolvimento saudável, os pequeninos devem aprender a dividir o seu tempo com diversas atividades. Devem estabelecer uma rotina diária na qual possam desenvolver atividades físicas, lúdicas e ter horário de estudos. Dessa forma, o tempo dedicado à programação televisiva ficará restrito e o contato diário com o desenho animado não será excessivo, pois mais importante do que proibir a televisão é educar o olhar dos telespectadores infantis. Para tanto, é preciso que os pais se posicionem como mediadores, que discutam e relativizem os conteúdos da televisão com seus filhos, ajudando-os a compreender os conceitos apresentados e a sua relação com a vida cotidiana.

Site pesquisado

http://vilamulher.terra.com.br/a-influencia-dos-desenhos-animados-8-1-55-298.html

Publicado em 11 de setembro de 2012

Publicado em 11 de setembro de 2012

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