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Sobre o tempo
Tatiana Serra
O tempo que passa
O tempo em que vivemos
O tempo que não volta mais
O tempo que ainda está por vir
O que se passa com o tempo?
O tempo e o vento...
Já era madrugada, mas não conseguia dormir... Me peguei pensando na passagem do tempo e no quanto sentimos isso ou não sentimos e só percebemos quando já é passado. Naquela noite, dormi e acordei várias vezes e, por algum motivo guardado no subconsciente ou no inconsciente, o tempo foi a temática dos meus sonhos e pensamentos até o amanhecer. Entre uns e outros, pensamentos eram ilustrados por cenas da trilogia O tempo e o vento, de Érico Veríssimo, presentes em meu imaginário.
Lembro que, na época de pré-vestibular, eu tive um professor de Literatura que citava várias passagens da trilogia gaúcha: eram trechos inesquecíveis de O Continente, O Retrato e “O Arquipélago”.
Por mérito do professor, que se referia a essa obra de maneira tão encantadora, e, é claro, pela genialidade do escritor, lembro que eu e boa parte dos outros alunos “devoramos” os livros – não tão rápido, mas ao longo do ano letivo. E olha que isso não é nada típico de um vestibulando, que está sempre de olheiras e de cabelos em pé em meio a tanto conteúdo específico e obrigatório para absorver.
Hoje, ao refletir sobre a passagem do tempo, volto meu olhar para aquele momento e vejo que conhecer a saga das famílias Terra e Cambará foi como dar um tempo em toda aquela loucura de vestibular e embarcar em outra época, com outros valores. E me afastar um pouco me fez ficar mais atenta aos detalhes. Não era pra ser tudo tão mecânico; não era pra ser tudo um desespero de simulados e relações candidato/vaga; não era pra ser uma corrida contra o tempo; talvez fosse mesmo saudável e mais inteligente parar por instantes e deixar o vento me direcionar para o caminho certo.
O tempo e o vento é muito mais do que o registro da história da Região Sul e de parte da História do Brasil. É a própria força feminina simbolizada pelas personagens Ana Terra, Bibiana e Maria Valéria. É uma história de amor contada de forma especialmente poética. É como o tempo, complexo. E, sob um outro olhar, pode ser intenso como o vento ou leve como a brisa. Para cada um de nós, há um trecho da obra em que nos encontramos.
Às sete horas da manhã, o despertador tocou. Levantei com vontade de deitar de volta e reviver velhos tempos, refazer os atuais, criar outros e novos... Mas recomecei feliz em saber que aquele seria um dia de oportunidade para ficar atenta aos detalhes, ao tempo e ao vento de Érico Veríssimo e, especialmente, aos meus.
Publicado em 11/09/2012
Publicado em 11 de setembro de 2012
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