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Você tem prazer no trabalho?

Armando Correa de Siqueira Neto

Psicólogo, professor, mestre em liderança

Fazer algo de que não se gosta é um desprazer. Responsabilidade, obrigação e a condição de trabalhador empregado forçam as pessoas ao desajuste interno quando exercem atividades que não as motivam. Tal desarmonia pode durar alguns meses, anos ou até a vida toda. Pode-se tolerar a questão e aprender a administrá-la de forma aparentemente eficaz. A aparência está na infelicidade encoberta e na falta de realização. Possuímos um grande potencial a ser explorado. Há bem mais em nós do que podemos supor. Contudo, é de nossa inteira decisão manter tal potencial atrofiado se não nos posicionarmos – especialmente em relação ao prazer necessário no trabalho.

Precisamos de dinheiro para sobreviver e até satisfazer os desejos consumistas que criamos e aos quais somos expostos. Temos obrigações para com pais, filhos, esposas, maridos, netos etc. Porém é preciso definir claramente que nível de responsabilidade nós temos para conosco, que obrigações são deixadas de lado em detrimento do círculo de pessoas que nos rodeiam. Será que aproveitamos tal justificativa para não concluir os projetos pessoais, abandonando anualmente o plano de carreira pessoal (se é que o empreendemos)? Por acaso fomos engolidos pela cultura de “o trabalho é duro mesmo”? Pense seriamente: porventura não seria justamente o trabalho uma das fortes razões de nos apegarmos à vida com unhas e dentes e nele encontrarmos objetivos e suporte para encarar os anos que se seguem? (Percebe aqui uma causa para viver?)

Há alguns anos classifiquei como “síndrome do sofá” a apatia encontrada em muitas pessoas (especialmente entre os jovens e os aposentados) que não exercem algum tipo de trabalho e que encontram refúgio em seu velho e conhecido sofá. Essas pessoas o conhecem como ninguém: o número de listras existentes, os afundados surgidos pela mania de sentar-se no mesmo lugar, a melhor posição para encostar a cabeça e outros detalhes.

Enfim, a monotonia em pessoa, o nada fazer e o fazer de conta que está ocupado. Quem aguenta tamanha passividade? Chega a ser anestesiante! A vida, creio, é um constante movimentar-se (não dispenso o descanso que o sono proporciona, e só), que ora nos transporta para um lado, ora para outro, se assim pretendermos.

Essa triste questão ocorre no trabalho também, e sou forçado a criar nova expressão para o fato: “síndrome da cadeira”. A diferença é que há movimentação por conta das obrigações cotidianas, e a semelhança está na apatia de sentar-se e realizar as operações habituais de modo mecânico – inclusive aulas. A apatia e a acomodação ficam estampadas no rosto dos seus portadores, imune às reações de alunos, funcionários, colegas.

Porém, anime-se, há cura! Mas existe também o preço a pagar: a mudança. Somente uma decisão interna é capaz de modificar tal cenário. Você é o único a determinar se quer manter-se numa condição ou não. Se quer ter prazer no trabalho ou não.

Publicado em 25 de setembro de 2012

Publicado em 25 de setembro de 2012

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