Este trabalho foi recuperado de uma versão anterior da revista Educação Pública. Por isso, talvez você encontre nele algum problema de formatação ou links defeituosos. Se for o caso, por favor, escreva para nosso email (educacaopublica@cecierj.edu.br) para providenciarmos o reparo.
Modismos em Educação Ambiental
Eduardo Beltrão de Lucena Córdula
Licenciado em Biologia, especialista em Educação, professor em Cabedelo-PB
Glória Cristina Cornélio do Nascimento
Licenciada em Biologia, mestranda do Prodema (UFPB)
No Brasil, a Educação Ambiental (EA) vem somando conhecimentos para trabalhar conceitos e gerar a consciência do ser humano (BRASIL, 1997), através não só da problemática ambiental como também em virtude das condições econômicas e sociais da população, que se refletem no ambiente em que vivem; desta forma, o ambiente se reflete na comunidade, acarretando graves problemas com continuidade até o dia em que o ser humano passe a interagir de forma equilibrada com o ambiente (CAPRA, 2006).
Dentre os problemas ambientais que enfrentamos, temos destaque para o desmatamento, com perda da cobertura vegetal e de áreas verdes de mata nativa, no caso a Mata Atlântica Tropical, e o acúmulo de resíduos sólidos domiciliares (lixo) produzidos pela própria comunidade, que acabam sendo acondicionados e depositados de forma inadequada, ocasionando poluição, mau cheiro e outros problemas. Essa cultura provocada pela falta de consciência ambiental e de informações e noções de higiene, sanitárias e de conservação dos recursos naturais acaba levando a população a esses hábitos nocivos, que, em vários outros países já não existem mais (CÓRDULA, 2012a; CÓRDULA; NASCIMENTO, 2012).
A partir disso, um levante de projetos vem sendo desenvolvido por pessoas e ONGs em todas as áreas e formações para promoção da educação ambiental (BRASIL, 1997). Mas vem a seguinte pergunta: será que realmente estão fazendo EA ou realizando ações ambientais pontuais?
Educação Ambiental é vivenciar e experienciar um fenômeno vívido, é adotar uma filosofia de vida, uma postura e conduta para sua vida, pensando na coletividade e indo além do eu, do ter e pensando em nós e no ser; não é apenas fazer algo, é ser verdadeiramente educador ambiental, com práticas e discursos em consonância um com o outro: práxis vívida!
Atualmente, a EA passou por uma transmutação para abarcar toda a problemática da humanidade e do planeta na contemporaneidade, sendo sua nomenclatura atual Educação Socioambiental. Como tal, é mais complexa e mais abrangente, permitindo incorporar de forma transdisciplinar as necessidades para sensibilizar e gerar a consciência e a mudança comportamental do ser humano, tão necessárias à nossa própria sobrevivência neste planeta (CÓRDULA; NASCIMENTO, 2012).
A problemática da falta de preparo ao se trabalhar em EA e ESA faz com que projetos e programas verdadeiramente competentes percam a credibilidade, em virtude daqueles que adentraram espaços, convívios e ambientes com propostas surreais e sem aplicação real nenhuma. Fazer uma ação é fácil, mas atuar periodicamente ao longo do tempo, com erros e acertos, aprendendo acima de tudo e compartilhando ensinamentos, saberes e fazeres é ir muito além da sua própria capacidade, buscando sempre o melhor por aqueles que o convidaram a adentrar seu mundo, seu universo interior, suas vidas (CÓRDULA, 2012b).
O primeiro passo para tais atividades é o preparo por meio do estudo, da busca de informações, do aprender e do preparar-se para, quando começar a atuar, reconhecer humildemente que não sabe de nada e que, com a vivência da experiência in locus, redescobrir o aprender com o próximo, independente de sua origem e formação e, juntos, construir um novo conhecimento, que é necessário àqueles que nos envolvem. Por que é tão difícil fazer verdadeiramente EA e ESA? Simples resposta: é vivenciar, se entregar e integrar a tudo que é novo, desafiador e problemático. Sendo assim, nem todos estão preparados para tamanho desprendimento e esforço físico e intelectual. É desaprender e reaprender, e os primeiros passos são: humildade, compromisso, responsabilidade, criatividade, ética, coragem, amor e desprendimento pessoal. Pois, se não, todos estarão fazendo a mesma coisa em todos os cantos, repetidamente, com as mesmas práticas, a mesma ótica, sem conseguir fazer as conexões necessárias para desenvolver o pensamento holostêmico do ser humano para um planeta sustentável (CÓRDULA, 2012a).
Considerações finais
Atualmente, os esforços para mudar a percepção do ser humano e da sociedade perante o meio ambiente são universais, com esforços de vários setores da própria sociedade tendo como foco a EA formal para formular cidadãos verdadeiramente ativos, participativos e conscientes dentro de nossa sociedade, para com isso garantirmos a sobrevivência do ser humano nas próximas décadas. Para tanto, a consciência humana deve conceber o ser humano como mola mestra da Educação Ambiental; já que é um ser cultural e social, tem-se que inteirá-lo ao universo natural para não separá-lo novamente do meio ambiente.
REFERÊNCIAS
UNESCO. Educação ambiental. Brasília: MEC, 1997.
CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. Trad. Álvaro Cabral. São Paulo: Cultrix, 2006.
CÓRDULA, Eduardo Beltrão de Lucena. Educação socioambiental integradora – ESAI. Cabedelo: EBLC, 2012ª.
______. Educação Socioambiental na escola. Cabedelo: EBLC, 2012b, 98p.
______; NASCIMENTO, Glória Cristina Córnélio. A era do ser ambiental. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, n° 21, jun/2012. Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/meioambiente/0034.html. Acesso em 06 jun. 2012.
Publicado em 23 de outubro de 2012
Publicado em 23 de outubro de 2012
Novidades por e-mail
Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing
Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário
Deixe seu comentárioEste artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.