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Professor agredido dentro da sala de aula

Marilene Alcantara de Souza

Hoje assistindo à TV, vi uma reportagem sobre o ocorrido com um professor em sala de aula; o que motivou o evento foi o professor ter colocado um aluno para fora de sala.

A chamada veiculada pelo programa Balanço Geral, da Rede Record, era a seguinte: “Professor é agredido em sala de aula por ter colocado aluno para fora de sala”. Aguardei para assistir e, para minha surpresa, foi narrado que um professor foi agredido por duas pessoas: a mãe e o irmão de um aluno que fora colocado para fora de sala num colégio estadual no Rio de Janeiro. Comecei a me perguntar: como tomar atitudes necessárias dentro de sala, se o professor está refém dos alunos e dos responsáveis? Colocar um aluno para fora de sala ou corrigir um aluno hoje se tornou um risco; o professor poderá ser desrespeitado, e, se o aluno não obedecer, o docente poderá até levar socos e pontapés. Mas e se pelo menos ele se defendesse? Certamente a manchete seria: “Professor respondendo processo, correndo o risco de perder o emprego” e outras represálias. O que acontecerá com os agressores do professor? Vamos aguardar.

Daí me vem a seguinte pergunta: Onde vamos parar? O que podemos constatar é que, agora, professor é profissão de risco. Já não temos mais condição de ensinar como se fazia; hoje o máximo que conseguimos é tentar fazer com que nossos alunos não se agridam tanto. A cada ano que começa nossos alunos estão menos comprometidos com os estudos; eles já não acreditam que estudar é o caminho para conquistar a estabilidade; a estabilidade deverá vir por outros meios que não o estudo.

O mundo fora dos muros da escola está muito atraente, a escola está desempenhando o seu papel com muita precariedade. Não adianta imaginar que computadores resolvem o problema, as mudanças precisam ser bem mais efetivas. Esse tipo de tecnologia dá a ilusão de que a escola é equipada e está dentro do que a sociedade precisa, mas pelo visto a realidade é outra. Não adianta ter computadores em uma escola nos moldes antigos.

Estamos no século XXI, e a nossa escola está acontecendo nos mesmos moldes do século passado. A única coisa que mudou na escola, nos últimos tempos, foi a cor do quadro: ele deixou de ser verde e passou a ser branco; paramos de usar giz e passamos à caneta Pilot.

As mudanças deveriam ser feitas com responsabilidade e respeito, com o firme intuito de haver mudanças efetivas, mas não é isso que se percebe; cada vez que se fala em mudanças, elas estão sempre atreladas a interesses obscuros; são mudanças que não viabilizam uma continuidade. Em educação, o produto tem tempo determinado e relativamente longo: o produto do investimento em educação demora para acontecer, e só será possível ter visibilidade em outro governo. Talvez seja esse um dos motivos para que as mudanças sejam feitas de modo tão pouco significativo.

Enquanto nada é feito de efetivo, os professores vão sendo agredidos, tentando dar as suas aulas sem sucesso; não podem chamar a atenção dos "príncipes e princesas" que estão em todas as salas porque são questionados. E quando chamam os responsáveis na escola só aparecem os dos bons alunos.

Participe: Você já colocou algum aluno para fora de sala? Por quê? Quando se deve tomar tal atitude?

Publicado em 23 de outubro de 2012

Publicado em 23 de outubro de 2012

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