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Que medo dos mascarados!

Tatiana Serra

Quem tem medo de pessoas mascaradas? Eu sempre tive pavor! Colocando de lado o sentido figurado (afinal, quem não se incomoda com pessoas falsas?), sempre fiquei incomodada com quem cobria o rosto com máscaras e pinturas; tinha até mesmo um certo incômodo de conversar com pessoas de óculos escuros.

Olhando para trás, associo esse medo aos bate-bolas, também conhecidos como clóvis. Você se lembra deles? Ainda há vários grupos desses mascarados que desfilam pelas ruas do Rio de Janeiro durante o Carnaval; porém, na minha infância, eles eram bem mais comuns. Você acredita que, quando eu era bem pequena, meu pai “brincava” de me assustar com os bate-bolas? Mal sabia ele que isso definiu ou, pelo menos, foi grande influenciador para o meu “trauma de mascarado”.

Se você não conhece a tradição dos bate-bolas, veja aqui mais detalhes.

Outro “ritual” que nunca me deixava confortável era a expectativa que os adultos criavam, na época do Natal, de que o Papai Noel chegaria a qualquer momento com os presentes... Noooossa, eu queria mais era que o “bom velhinho” não tivesse tempo de passar lá em casa e enviasse os presentes por algum ajudante que não fosse mascarado. Tirar foto no colo do Noel durante a época de Natal? Nem pensar...

Quem me conhece sabe também que nunca gostei de circo – e de palhaço em especial. Sinceramente, não me lembro de a magia circense já ter me sensibilizado... Até que, ao assistir ao filme O Palhaço, de Selton Mello, me permiti desvendar esse universo. A cada cena eu fui me envolvendo e me emocionando com a história de um palhaço triste e preocupado com a família-circo e com a própria vida.

Não é de hoje que se exibe a imagem do palhaço triste que chora por dentro, enquanto provoca gargalhadas do público. Porém, a história de Benjamin (personagem protagonista de Selton Mello), que está em crise e mal conversa com seu pai (vivido lindamente por Paulo José), também palhaço e dono do picadeiro, é de uma emoção única, não caindo nesse lugar comum da tristeza de um palhaço. Em meio a pressões para melhor administrar o circo, ele repensa sua vida, sai à procura de sua identidade e de um sorriso de verdade.

Enquanto assistia àquela história, eu ia me sensibilizando e repensando todo meu incômodo com relação aos mascarados. Não poder olhar para as pessoas diretamente, não poder ver seus sorrisos, não encontrar verdade por não conseguir ver suas expressões faciais, talvez fossem meus maiores incômodos; talvez estivesse eu também atrás de um sorriso de verdade.

Hoje, ainda não sei o quanto gosto, ou mesmo se gosto dos palhaços, mas já sei que eles mexem comigo de forma mais positiva e isso me faz bem, me faz começar a embarcar na “magia circense”. Medo dos mascarados? Ainda não me sinto tão à vontade com eles, mas um misto de incômodo e curiosidade pode me impulsionar a conhecê-los melhor, quem sabe?

Para quem ainda não assistiu, um gostinho de O Palhaço... Para quem já viu e quer relembrar o filme, aí está o trailer.

http://www.youtube.com/watch?v=DzS9nGJc5Sk

Publicado em 30/10/2012

Publicado em 30 de outubro de 2012

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