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Pseudossustentabilidade ambiental
Eduardo Beltrão de Lucena Córdula
Licenciado em Biologia, especialista em Educação (IESP), pesquisador do GEPEA-UFPB, professor da Prefeitura de Cabedelo
Glória Cristina Cornélio do Nascimento
Licenciada em Biologia, mestranda do Prodema (UFPB)
Há uma crescente falta de consenso no que diz respeito à palavra: sustentável ou desenvolvimento sustentável. Para muitos, são recursos bem utilizados hoje para que as futuras gerações se beneficiem. Mas quem serão essas futuras gerações?
Se todo o processo de degradação está a cada dia mais crescente e conflituoso entre países, todo esse debate gera um pseudoconceito e não atinge claramente os objetivos e a hermenêutica epistemológica da palavra. Desenvolvimento e crescimento são palavras bastante distintas e não levam a soluções ideais para uma melhor utilização de recursos naturais no planeta, pois devem levar em conta, segundo Diegues (2001), o reconhecimento da existência de uma grande diversidade ecológica, biológica e cultural entre povos que nem a homogeneização sociocultural imposta pelo mercado capitalista mundial nem os processos de implantação do “socialismo real” conseguiram destruir.
Para Guimarães (apud AMSTALDEN, 1996), essa diversidade de interesses e opiniões está profundamente ligada às diferenças socioeconômicas, políticas e geopolíticas entre grupos sociais, classes, setores empresariais, países e regiões.
As questões econômicas têm como base a industrialização, que por sua vez não está em harmonia com a natureza, pois visa ao lucro a custos de extração dos recursos naturais e não deixa que esses sejam externalizados em seu tempo necessário. Então como se desenvolver a custos tão altos? Como crescer se a equidade mundial está longe de se alcançar? São paradigmas a serem pensados nos modelos econômicos que utilizam atualmente o marketing “verde” para se promover, pois esse termo vem associado ao bem-estar e à ideia de que comprando produtos ecologicamente corretos estaremos fazendo nossa parte dentro do modelo sustentável planetário. Segundo Guimarães (1995), existe uma tendência inercial do sistema para resistir às mudanças, promovendo a aceitação do discurso transformador, precisamente para garantir que nada mude. A mudança de visões e interesses econômicos depende de atitudes a longo prazo, o que implica não condizer com o desenvolvimento sustentável, surgindo, portanto, um grande abismo entre os conceitos, já que o mercado tem necessidades imediatas. Assim, o desenvolvimento sustentável necessita, antes de tudo, de um Estado articulado e forte o suficiente para promover, incentivar e, quando for o caso, impor diretrizes e normas para atingir essas mudanças (AMSTALDEN, 1996). Não se pode esquecer a cidadania participativa nesse contexto tão polêmico, pois a sua inclusão é de crucial importância.
Para Vernier (1994), a solução está em cinco alavancas de ação:
- Leis;
- Estímulos econômicos e fiscais;
- Cidadãos e associações ativas;
- Educação sobre o meio ambiente; e
- Uma ação internacional.
Encarar esses problemas como se fossem separados e não relacionados conduz a soluções de curta duração e pouco alcance, que muito frequentemente criam mais problemas ambientais de logo alcance que os que são resolvidos (TANNER, 1978).
Considerações finais
Precisamos fomentar pesquisas, programas e projetos que atendam à real necessidade planetária; poderemos gerar a sensibilização tão necessária para essas gerações, e assim garantir a estagnação dos problemas ambientais e a reversão do atual quadro de devastação e consumo dos recursos naturais deste planeta para garantirmos o verdadeiro processo de sustentabilidade, com qualidade de vida, preservação e conservação do meio ambiente para as futuras gerações.
Referências
AMSTALDEN, Luis Fernando F. Desenvolvimento sustentável e pós-modernidade. In: RODRIGUES, Arlete M. (org.). Desenvolvimento sustentável: teorias, debates, aplicabilidades. Campinas: IFCH/Unicamp. Textos didáticos nº 23, Maio 1996, p. 49-72.
DIEGUES, Antônio Carlos S. Ecologia humana e planejamento costeiro. 2ª ed. São Paulo: Nupaub-USP, 2001.
GUIMARÃES, Roberto P. O desafio político do desenvolvimento sustentável. Revista Lua Nova, nº 35, São Paulo, 1995, p. 113-205.
TANNER, Tommas R. Educação Ambiental. Trad. George Schesinger. São Paulo: Summus, 1978.
VERNIER, J. O meio ambiente. 2ª ed. Trad. Maria Appenzeller. Campinas: Papirus, 1994.
Publicado em 6 de novembro de 2012.
Publicado em 06 de novembro de 2012
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