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Os gritos do Natal

Ivone Boechat

Há um rumor por toda parte: “Jesus nasceu”!

Os sinos estão ressoando no interior das capelas da vida!

É preciso afinar as cordas do instrumento auditivo para escutar os gritos.

Nos hospitais não há vaga – nem hospitais em muitos e muitos lugares!

O grito do abandono está adormecendo os “herodes” da era atual, agora travestidos e preocupados em comemorar o Natal!

Nas ruas, o grito desesperançado na porta das instituições enfeitadas de sinos e bolas fluorescentes, ofuscando a visão das políticas “sociais”!

Crianças, jovens, adultos e idosos desassistidos de carinho, de presença, de afeto modulam a voz em uníssono para cantar com a boca cheia de esperança: tudo é paz!

Ouça o grito solitário do internauta conectado nas redes, falando sozinho, “acompanhado” da multidão carente do aconchego humano e muito mais! Contabilize milhares de presidiários da caverna artificial, escravizados pelo plim-plim de pacotes encomendados para aquecer a venda de absolutamente tudo que interessa, de alimentos que matam aos vendavais!

Faça um pouco de silêncio e ouça o grito de milhões de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos que estão fora da escola no Brasil. Ouça mais, ouça o grito daqueles que estão dentro da escola, com agenda e compromissos na geladeira de uma pedagogia sem, pelo menos, o espaço dos recreios, dos quintais!

Ouça o grito de mais de meio milhão de presos nas cadeias do Brasil, doentes, com fome e sede. Há um déficit de 66% de vagas; os presídios se transformaram num depósito de lixo humano. É a 4ª população carcerária do mundo, que se estampa nas manchetes num atentado aos direitos humanos. Como eles vão desejar Feliz Natal?

Que tal escutar o grito do adolescente e do jovem surdo pelo som metaleiro, imposto como última moda nas festas e desencontros, religiosos ou não? Talvez eles nem percebam ou até rejeitem os sons tão suaves do Natal.

Tocam os sinos da solidariedade, os acordes da esperança começaram a vibrar! O aroma da promessa de Deus está sendo exalado no caminho dos homens de boa vontade; o amor pediu licença pra chegar.

Estenda sua mão, alcance os aflitos, veja quantos sofrem com súplicas no olhar; dobre os joelhos, tempo de fé, não se esqueça de se levantar para atender os gritos.

Publicado em 11/12/2012

Publicado em 11 de dezembro de 2012

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