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O que fazer no Ano Novo

Alexandre Amorim

O ano está no comecinho – ainda é novo, se a gente levar em conta que está no seu primeiro mês e todo mundo ainda acredita (um pouco) que vai levar a sério suas resoluções. É claro que ninguém começou sua dieta ainda e que os livros que a gente pediu de presente de Natal ainda estão em cima do criado-mudo, esperando para ser lidos – muito embora, coitadinhos, a gente saiba que eles vão para a estante sem sequer serem abertos. Mesmo aquele best-seller com 50 tons de alguma coisa... Você foi até a página trinta, mas não vai continuar, afinal de contas as férias vão acabar e todos temos coisas mais importantes para fazer.

E o que seriam essas coisas mais importantes para fazer em 2013? As mesmas coisas de todos os anos?

Não é mau que se tenha uma rotina nem é ruim saber que temos um emprego ou obrigações diárias. Mas tem sempre alguma coisa que está incomodando, alguma coisa que você quer mudar e vai deixando do jeito que está até que essa história de “ano novo, vida nova” traz à sua lembrança uma vaga ideia de algo que você queria, sim, mudar. É aí que o cérebro, atrapalhado com tanto serviço, manda você fazer uma lista. “Me deixa trabalhar em paz. Eu tenho que manter suas células funcionando, cuidar das suas sinapses, pensar nas suas emoções, ser seu ego, superego e, às vezes, até seu alter ego. Vai fazendo a lista do que você quer mudar e eu dou uma lida, mais tarde”. Seu cérebro está meio estressado, é melhor não sobrecarregar o cara. Pega papel e lápis, senta no sofá e vai escrevendo.

  • Dieta
  • Entrar pro pilates
  • Visitar sua família mais vezes
  • Trabalhar menos
  • Ir mais à praia
  • Parar de fumar
  • Discutir menos com as pessoas.

É claro que seu cérebro vai dar uma olhadinha na lista. E é claro que ele vai fazer críticas.

“Como assim? Que lista é essa? A lista de desejos da humanidade no final de ano? E que frescura é essa de discutir menos? Vai ficar levando desaforo pra casa?”

Você já está acostumado com o mau humor e o sarcasmo dele, mas sabe que, no fundo, seu cérebro tem razão. Nada disso é o que realmente está incomodando você. Talvez trabalhar demais, mas isso pode ser resolvido com mais organização da sua parte. Então, vamos lá:

  • Se organizar melhor
  • Aproveitar mais o dia
  • Tirar mais fotografias
  • Olhar mais para a Lua
  • Andar mais na rua.

“Está fazendo versinhos, agora? Eu não posso me ausentar um minuto e você começa a pensar bobagens que não levam a nada. Além disso, você vive olhando a Lua. Eu tenho um bilhão de coisas para pensar: sua memória, seu organismo, fazer você dormir, acordar, comer, digerir, até ir ao banheiro! Estou ocupadíssimo e ainda tenho que te ensinar a fazer listas...”

Agora quem começa a se cansar é você. Essa massa cinzenta podia ser mais compreensiva, de vez em quando. Mas é ela quem manda, quase sempre. Mais um papel rasgado e jogado na cesta de lixo. Mais uma folha em branco à sua frente. Claro que tem coisas para mudar; se não houvesse, também não haveria essa sensação de insatisfação e essa vontade de alguma coisa nova. E 2013 está aí, novo em folha, pronto para ser preenchido, como o papel.

“Tá difícil, né? Desculpe, eu sei que sou meio duro com você. Mas é porque, se eu não falo nada, você me deixa maluco”. E você sabe que seu cérebro tem razão. Razão demais, aliás. É quase só razão, o desgraçado. Por isso, chega de lista. Nada de organizar coisa nenhuma. As coisas vão se ajeitando e o cotidiano que se apresente. O problema não é o dia a dia. O problema é saber o que se quer. Sem você notar, sua mão escreve na folha em branco.

Verificar quais são meus desejos.

E só.

Para começar, está ótimo.

Ah, sim. E fazer uma dieta e ler aquele livro que você pediu de Natal.

Publicado em 08/01/2013

Publicado em 08 de janeiro de 2013

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