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Bem-vindo ao Facebook

Alexandre Amorim

A maioria dos amigos de minha filha – e ela, inclusive – não usam mais e-mail. Comunicam-se pelo celular ou pelo Facebook. Isso quer dizer que eu já devo ter passado pela minha terceira ou quarta desatualização em relação à comunicação entre as pessoas. Vamos ver: telefone, e-mail, icq, MSN, celular, SMS... Bem, é melhor parar. Continuo achando incrível poder mandar cartas por meio eletrônico e me comunicar por telefone no meio da rua, sem usar fios.

Mas também me rendi à rede social de Mark Zuckerberg. Ele me dá as boas-vindas e afirma que seu uso será sempre gratuito. Muito simpático e muito mentiroso ao mesmo tempo.

O Facebook, assim como os serviços de e-mail e de busca ditos gratuitos, utilizam algoritmos que capturam as palavras-chave utilizadas no seu texto para produzir propagandas que estejam de acordo com seu modo de vida. Já é bastante desconfortável saber que alguém molda você em um determinado modo de vida, mas chega a ser aterrorizante pensar que existe, em algum canto do planeta, um banco de dados que contém informações sobre você e seus gostos pessoais e que isso é usado para vender produtos para você.

Mesmo assim, deixamos as preocupações de lado e entramos no Facebook. Todo mundo entra, é fácil de achar os amigos e você pode até encontrar produtos que lhe interessam sendo anunciados lá. Coincidência boa, não?

Gratuito, uma ova.

Depois de um tempo usando a rede social, descobri que:

  1. O Facebook é a praça central de uma cidade pequena.
    As pessoas passeiam por ali para encontrar conhecidos, conhecer gente interessante, ver as novidades. Encontram conhecidos de longa data e o assunto acaba em duas ou três “curtidas” nas fotos dos filhos que, puxa, estão enormes. Conhecem pessoas com gostos parecidos e o assunto se resume a escrever “lindo” ou “sensacional” nos posts com a banda preferida ou com uma citação cujo autor não é aquele citado.
    As novidades... Bem, podem ser vistas no jornal.
    A praça de uma cidade pequena é tão interessante quanto uma cidade pequena: uma hora é melhor conhecer novos ares.
  2. O Facebook é um shopping center.
    Entramos e perdemos a noção da hora, vasculhando a vida alheia como se fossem produtos à venda em lojas virtuais.
  3. O Facebook é um parque da Disney.
    Tudo é lindo, todos estão sorrindo. Ninguém tem problemas. Ninguém aprendeu que ver fotos de viagens dos outros perde a graça na terceira foto. E a vida alheia no Facebook é tão diferente da nossa vida real que acabamos nos convencendo de que precisamos mudar. É uma espécie de neurose da alegria: você está numa montanha russa, mas isso tem que lhe dar prazer e felicidade!

Não sei se gosto de ser bem-vindo ao Facebook.

Publicado em 02/04/2013

Publicado em 02 de abril de 2013

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