Este trabalho foi recuperado de uma versão anterior da revista Educação Pública. Por isso, talvez você encontre nele algum problema de formatação ou links defeituosos. Se for o caso, por favor, escreva para nosso email (educacaopublica@cecierj.edu.br) para providenciarmos o reparo.

Na relação professor-aluno, cada criança é um universo infinito de possibilidades

Eduardo Beltrão de Lucena Córdula

Mestrando do Prodema/UFPB; licenciado em Biologia (UFPB); pesquisador do GEPEA (UFPB/CE-CNPq); professor de Educação Básica de Cabedelo-PB.

Cada ser humano é único em diversos aspectos; dentre estes, destacamos a sua essência social, cultural, cognitiva e biológica. Saber respeitar cada indivíduo como único, dotado de suas próprias competências e saberes, é dever de cada um, pois nunca evoluímos como entidades humanas se não quando aprendemos a ouvir, pensar, dialogar e refletir sobre tudo que está à nossa volta (CÓRDULA, 2012).

Sendo assim, retomo aqui um filme que despertou muita emoção quando assisti a ele, eu o recomendo para todo educador e professor: Como estrelas na Terra, toda criança é especial (Taare Zameen Par - Every Child is Special), de 2007, uma produção indiana dirigida por Aamir Khan. O filme mostra bem as dificuldades de entender, reconhecer e ajudar crianças com alguma dificuldade de aprendizagem (TDAH ou dislexia) no sistema educacional. Além disso, a mensagem central do filme não é apenas falar das necessidades de uma criança com dificuldades de aprendizagem, mas sim a necessidade de entender o próximo, do estímulo à humanidade do ser humano, resgatando a essência afetiva e do cuidar e se dedicar ao próximo para vê-lo evoluir e transcender suas próprias barreiras e dificuldades (BOFF, 1999).

Realizando uma análise crítico-social sobre o filme, que retrata a infância de Ishaan Awasthi, de 9 anos, em uma escola padrão indiana, que não é compreendida pelo corpo de professores e de gestão da escola, passa a sofrer bullying dos colegas de sala, entra em processo de conflito pessoal e sua própria família não consegue entender seu real problema, confundindo com rebeldia e agressividade. Seus pais decidem, então, matriculá-lo em um internato, onde a situação da criança apenas se agrava e ele entra em processo depressivo. Quando um professor novo de artes vem lecionar na escola, percebe o problema da dislexia de Ishaan e tenta ajudá-lo. Aliado a isso, há a não aceitação dos pais em reconhecer o problema do filho, gerando conflitos emocionais e pessoais que se dissipam ao longo do filme, quando percebem que o professor conseguiu estimula-lo no seu desenvolvimento educacional, melhorando significativamente seu desempenho na escola.

De muita emoção, em virtude da trilha sonora e da fotografia, pedagogicamente excepcional, o filme retrata que o novo sempre é algo repudiado e não aceito pela maioria e que professores com certo período de tempo na carreira, provavelmente pela falta de formação continuada, estão despreparados para lidar com novas situações. Professores em início de carreira estão mais aptos a entender o novo e os novos fenômenos socioculturais e psicocognitivos que ocorrem na escola e, portanto, conseguem identificar transtornos, déficits e ajudar o público infantojuvenil, junto com a família, a reverter tal processo e inserir as crianças e adolescentes na sociedade.

A criatividade, algo comum a todos os seres racionais e até mesmo irracionais, é usada para propor soluções fáceis a problemas inicialmente complexos e difíceis. É inata, ou seja, nasce com o ser humano, manifestando-se naturalmente e de forma inusitada (CÓRDULA, 1999, p. 56).

Toda criança possui a criatividade como mola mestra em tudo que faz, alimentada pela curiosidade inata, ao buscar o entendimento de todas as coisas e fenômenos que ocorrem ao seu redor. Essa criatividade é demonstrada no seu modo de lidar com as situações e nas atividades que realizam, bem como na forma como realizam jogos, brincadeiras e atividades artísticas (CÓRDULA, 1999).

O filme retrata bem a situação das novas tendências educacionais, em que a escola é um sistema integrado de partes móveis que se articula em prol do alunado, que, junto com a família presente na vida do educando, trazem verdadeiras mudanças em suas vidas. Além disto, haverá sempre a necessidade de formação continua para os professores, pois o ser humano é mutável e junto com ele a sociedade, a cultura, a tecnologia e a ciência, que, como consequência, retroalimentam a condição humana (CÓRDULA, 2012). Precisamos estar conectados com o novo de forma sistêmica e totalmente integrada para podermos, como magísteres, adentrar esse universo interior e exterior que compõe os integrantes da sociedade contemporânea (MORAIS, 2010).

Referências

BOFF, Leonardo. Saber cuidar: Ético do humano, compaixão pela Terra. Petrópolis: Vozes, 1999.

CÓRDULA, Eduardo Beltrão de Lucena. Realidade e criatividade no contexto educacional. In: GUERRA, R. A. T. (Org.). Educação ambiental: textos de apoio. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 1999, p. 56-57.

______. O ser humano planetário (Homo affectus holostemicus): da concepção à formação do educando. In: CANANÉA, F. A. Diálogos educacionais contemporâneos. João Pessoa: IMPRELL, 2012, p. 31-48.

MORAIS, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus, 2010.

Videografia

Como estrelas na Terra, toda criança é especial. Legendado. Vídeo Filmes. 182 min. Dirigido por Aamir Khan, 2007.

Publicado em 2 de abril de 2013.

Publicado em 02 de abril de 2013

Novidades por e-mail

Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing

Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário

Deixe seu comentário

Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.