Este trabalho foi recuperado de uma versão anterior da revista Educação Pública. Por isso, talvez você encontre nele algum problema de formatação ou links defeituosos. Se for o caso, por favor, escreva para nosso email (educacaopublica@cecierj.edu.br) para providenciarmos o reparo.
Psicologia e Educação: algumas considerações históricas
Karina Arroyo Cruz Gomes Pereira
Socióloga, mestranda em Geografia Humana (UERJ)
Até o final do século XIX, não havia fronteiras nítidas entre a Psicologia e a Educação; as relações entre essas áreas eram mediadas por premissas estabelecidas no campo da Filosofia, que parte da ideia de que o conhecimento consiste na investigação da verdade por meio da compreensão dos nexos existentes entre os acontecimentos temporais. Remonta, portanto, à teoria platônica que postulava a correspondência entre pensamento e realidade a partir do entendimento acerca da existência de um mundo divino onde se encontravam as ideias perfeitas (apriorismo). No modo de entendimento aristotélico, observa-se uma mudança: o conhecimento se origina nas evidências oferecidas pelos sentidos, no processo de aprendizagem que decorre das leis de associação, interferindo o papel da memória, bem como a influência da experiência sobre o ato de conhecer: a sensação, a memória e a imaginação são identificadas como funções cognitivas. Tem-se em vista que o psiquismo tem a capacidade de conservar as imagens recebidas, organizá-las para serem utilizadas posteriormente, visto que as ideias e imagens formam uma massa de representações que exercem influência considerável nas experiências subsequentes quanto maior for o nível de conscientização.
A Psicologia preocupou-se inicialmente em lograr status científico, muito embora ela se deparasse com problemas de regularidade, no sentido de frequência fenomênica. Porém há quatro assuntos nos quais ela se aprofundou e levou a cabo com teorias que vigoram até hoje: a primeira é o estudo e a medida das diferenças individuais, elaboração de testes, análise dos processos de aprendizagem e Psicologia da Criança, cujo fundamento está em que “é preciso conhecer melhor o aluno para poder educá-lo melhor” (Edouard Claperéde).
De 1920 a 1955, houve a simbiose entre Psicologia e Educação em sua forma mais intensa e que perdura até hoje, haja vista a supremacia deste âmbito da Psicologia sobre as demais; a Psicologia da Educação encontra seu auge, e por fim especializa-se no rendimento escolar mensurável por meio das variações individuais e circunstanciais, desenvolve uma Psicologia da Aprendizagem e estabelece a Psicologia do Desenvolvimento Infantil. Desde então, a Psicologia, por incumbência e competência, aprimora e fundamenta suas teorias no que tange aos processos sociocognitivos atuantes na Educação.
Para Goulart (2000), a Psicologia da Educação é uma ciência aplicada à Educação cujo objetivo é, numa relação permeável com as demais ciências pedagógicas, oferecer subsídios para que o ato educativo alcance plenamente seu objetivo. “A educação é um empreendimento social; por isso é um macrofenômeno, cuja caracterização é multidisciplinar” (GOULART, 2000, p. 14).
Ela ainda explicita que o especialista em Psicologia Educacional está preocupado com o universo científico que tangencia e perpassa o abrangente campo educacional. Jamais será possível atingir o objetivo de melhorar a educação se, em nome de uma abordagem multidisciplinar, descaracterizar-se cada uma das disciplinas relacionadas à educação.
A Psicologia da Educação compreende, pois, a utilização de conclusões obtidas em diversas áreas das ciências psicológicas sobre assuntos que interessam especificamente à Educação e à investigação de problemas relacionados às pessoas sob ação educativa (GOULART, 2000, p. 14).
A utilidade da Psicologia Educacional sem dúvida depende do grau em que dá conta de explicar problemas enfrentados pelos professores na sala de aula, problemas esses, no entanto, que somente podem ser compreendidos como resultantes de fatores estruturais mais amplos.
Referências
MIRANDA, Marília Gouvea. O processo de socialização na escola: a evolução da condição social da criança. In: LANE, S. T. M.; CODO, W. Psicologia Social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 2001.
GOULART, Íris Barbosa. Psicologia da Educação: fundamentos teóricos e aplicações à prática pedagógica. Petrópolis: Vozes, 2000.
Publicado em 2 de abril de 2013
Publicado em 02 de abril de 2013
Novidades por e-mail
Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing
Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário
Deixe seu comentárioEste artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.