Este trabalho foi recuperado de uma versão anterior da revista Educação Pública. Por isso, talvez você encontre nele algum problema de formatação ou links defeituosos. Se for o caso, por favor, escreva para nosso email (educacaopublica@cecierj.edu.br) para providenciarmos o reparo.

No começo de tudo: o Nada ou o Ente?

Mariana Cruz

Estudado por diversos filósofos ao longo do tempo, o Principio da Razão Suficiente é aquele segundo o qual sempre haverá um motivo ou uma razão para que algo ocorra de determinado modo e não de outro. Todas as coisas que existem devem ter necessariamente uma causa que as tenham feito existir. Não podem ter surgido do nada. No interior de cada substância estão contidos todos os seus modos, tudo que lhe ocorrerá, pois “tudo quanto alguma vez pode acontecer-nos são apenas consequências de nosso ser. E como esses fenômenos conservam certa ordem conforme a nossa natureza ou, por assim dizer, ao mundo existente em nós, o que nos permite, (...) muitas vezes, sem enganos julgar o futuro pelo passado” (LEIBNIZ, 2004, p. 30). Assim, podemos trilhar um caminho ascendente até chegar àquilo que deu inicio a tudo.

Em relação ao Princípio da Razão Suficiente, pode-se perguntar o que teria dado origem a toda a série. Acabaríamos chegando a Deus? Ao ente? Ao nada? O questionamento do filósofo Martin Heidegger sobre por que o Ente (e não o Nada) como elemento a ser encontrado no início de tudo é bastante provocador quando relacionado a esse princípio.

Na sua incessante busca da verdade do ser, Martin Heidegger tenta deixar de lado o Ser metafísico como aquele que está por detrás de todas as coisas, a causa das causas. Ao superar tal visão, esse lugar agora vazio, esse ser agora esquecido pode vir a dar vazão ao pensamento originário dos pré-socráticos Heráclito e Parmênides. O ser heideggeriano é aquele que se torna presente no “é”, no “ser-aí”. Inicialmente, o filósofo alemão pretende provar a existência do nada com o intuito de buscar a verdade em si.

Essa solução de colocar o nada como o princípio de tudo talvez fosse uma solução mais simples do que a encontrada por Leibniz de colocar o ente como razão para todas as coisas. Se assim for, qual será a razão de Deus?

Para tal questão, Leibniz apresenta uma solução ad hoc em que o Princípio da Razão Suficiente não vale para Deus, já que Ele é razão dele mesmo.

Referência

LEIBNIZ, G. W. Discursos de metafísica e outros textos. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

Publicado em 4 de junho de 2013.

Publicado em 04 de junho de 2013

Novidades por e-mail

Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing

Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário

Deixe seu comentário

Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.