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Feira de Ciências no Colégio Estadual Padre Madureira: a Química do dia a dia em cena

Adriana Oliveira Bernardes

Mestre em Ensino de Ciências (Uenf)

Dificilmente o aluno do Ensino Médio reconhece a importância do aprendizado da Química para que entenda os fenômenos cotidianos e para sua formação cidadã.

O excesso de aulas expositivas, a falta de contextualização dos conteúdos, o excesso de matematização levam o aluno a ter uma visão dessa disciplina bem distante de sua importância.

A Química importante para nós é aquela com a qual nos deparamos em nosso cotidiano, em que variadas questões são apresentadas pela mídia: problemas relacionados à poluição, provocados pelos plásticos jogados no meio ambiente, descarte de pilhas e baterias, poluentes químicos jogados na atmosfera por fábricas e usinas, alimentos consumidos pela população que possuem substâncias nocivas ao organismo, entre outras questões cruciais que às vezes ficam apartadas da sala de aula.

Muitas vezes o professor não trabalha para apresentar ao aluno o lado prático do aprendizado. Isto faz com que a Química, tanto quanto outras disciplinas como a Física, por exemplo, sejam odiadas pela maioria dos alunos e tidas como de difícil assimilação.

Nesse contexto, sabemos que as Feiras de Ciências figuram como importante meio de incentivo e motivação do aluno para o aprendizado. Nesse momento eles tornam-se agentes ativos do processo de ensino e aprendizagem, realizando atividades de: pesquisa, apresentações orais e construção de experimentos.

A feira em si é extremamente motivante e dá oportunidade ao aluno de vivenciar outras formas de avaliação que não a prova escrita. Assistimos então a alunos que se consideravam péssimos na disciplina demonstrarem que podem aprendê-la e mostrar seu conhecimento em uma palestra ou apresentação experimental.

Um ensino que oferece limitadas oportunidades de avaliação para o aluno não pode ser considerado inclusivo, pois não permite que todos, com suas variadas habilidades, participem do processo educativo.

Este trabalho não envolve apenas a elaboração de uma feira na qual o alunos pesquisam um experimento e apresentam; principalmente trabalha as habilidades e competências do currículo; se isso não acontecer, pode-se até obter belas fotos de alunos com seus experimentos, porém o aprendizado – que é o importante e uma razão para que o aluno prossiga confiante e motivado – ficará mais uma vez deixado para trás.

Feira de Química do dia a dia no CEPM (Colégio Estadual Padre Madureira)

Tive a oportunidade de coordenar a Feira de Ciências do CEPM, localizado em Nova Friburgo-RJ; o evento ocorreu em outubro, na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Inicialmente, os alunos foram divididos em grupos de no máximo três; cada grupo deveria:

  • pesquisar em jornais, revistas, internet e livros um tema de Química relacionado ao conteúdo estudado na disciplina no bimestre;
  • dividir os conteúdos entre si;
  • elaborar um experimento sobre o tema;
  • apresentá-lo na Feira de Ciências.

Currículo Mínimo estadual de Química

Em 2012, com a implantação do novo currículo de Química, intitulado Currículo Mínimo estadual de Química, várias mudanças ocorreram nos conteúdos a serem ministrados no Ensino Médio. Algumas delas trouxeram dificuldades para o trabalho do professor, que deveria então pesquisar e aprender para valorizar outras áreas da Química. Um exemplo disso é a ênfase a ser dada no assunto polímeros no 4o bimestre do 3o ano.

Habilidades e competências do Currículo Mínimo estadual trabalhados na Feira

1º Ano

  • Caracterizar metais e não metais e suas principais aplicações, evidenciando as particularidades dos gases nobres e do hidrogênio;
  • Conceituar eletronegatividade, tamanho atômico e potencial de ionização e compreender a variação dessas propriedades ao longo de um período e/ou grupo da tabela periódica;
  • Associar a existência de diferentes tipos de ligações químicas às propriedades de materiais do cotidiano;
  • Identificar que os átomos, nos agregados atômicos, interagem por meio de forças atrativas e repulsivas denominadas ligações químicas.

3º Ano

  • Reconhecer as principais características das cadeias carbônicas (isto é: aberta/fechada, ramificada/não ramificada, saturada/insaturada, aromáticos/não aromáticos), estabelecendo relações, por exemplo, com as principais frações do petróleo, a utilização de etino no amadurecimento de frutas etc.;
  • Reconhecer o nome e as fórmulas estruturais das principais funções orgânicas: hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos, éteres, ésteres, aminas, amidas, fenóis, compostos nitrogenados e haletos, sempre que possível usando as moléculas mais simples;
  • Identificar algumas das substâncias orgânicas com uso especial para a vida cotidiana, tais como: propanona, éter etílico, etanol, metanol, formol, acetato de isoamila, ácido acetilsalicílico.

A feira do Colégio Estadual Padre Madureira ocorreu na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, contando com a participação de alunos do 1o e do 3o anos do Ensino Médio; toda a comunidade escolar pôde assistir às apresentações.

Foram apresentados vários trabalhos, como: a Física do LHC; o acidente radioativo de Goiânia; chuvas ácidas; polímeros; combustíveis; malefícios do cigarro e toxidade da gasolina, entre outros temas.

Todos foram trabalhados com o objetivo de desenvolver as competências e habilidades recomendadas pelo Currículo Mínimo estadual de Química, além de motivar o aprendizado e favorecer a autoestima do aluno, o que acontece quando ele aprende na escola – o que sabemos que nem sempre vem ocorrendo.

As feiras de ciências têm muito a colaborar para o aprendizado; precisamos considerar também que outras formas de avaliação são necessárias no Ensino Médio. Se ensinamos para desenvolver competências e habilidades, como avaliar somente com provas objetivas ou discursivas? A avaliação precisa ir além, propiciando ao aluno confiança e estímulo para prosseguir.

Capacidade oral, de comunicação, raciocínio lógico, habilidades manuais, visão espacial são características a serem trabalhadas; os alunos se desenvolvem como um todo e podem ser avaliados de outras maneiras.

Referências

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Brasília: MEC, 1997.

______. PCN+ para o Ensino de Ciências e Matemática. Brasília: MEC, 2002.

CADERNOS de Pesquisa, v. 40, n. 139, p.173-197, jan./abr. 2010.

CURRÍCULO Mínimo estadual de Química. Disponível em: http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/cm_materia.asp?M=11

Artigos sugeridos:

Algumas considerações sobre a importância das feiras de ciências. Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao_em_ciencias/0006.html

Feira de Ciências do Colégio Estadual Dr. Tuffy El Jaick, de Nova Friburgo: trabalhando conteúdos do Currículo Mínimo estadual de Física. Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao_em_ciencias/0014.html

Vamos fugir da mesmice das aulas expositivas? Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0301.html

Publicado em 6 de agosto de 2013

Publicado em 06 de agosto de 2013

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