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Apresentações na escola estimulam a integração entre os pais

Mariana Cruz

A cada semestre, a escola em que minha filha estuda promove uma semana de apresentações aberta aos familiares, na qual cada turma expõe o projeto que está trabalhando. A turminha da minha pequena no início do período optou, entre os vários temas propostos, por trabalhar com a Época das Cavernas (sim, é a própria turma que decide por votação o que vai pesquisar ao longo do semestre). Tais apresentações são de diversas naturezas: peças de teatro, pinturas, desenhos, canções e tantas outras manifestações artísticas. Podem ir pais, avós, tios e quem mais quiser.

Como sempre, ao chegarmos ao pátio não sabíamos o que nos aguardava. A professora da turma da minha filha (cuja galerinha tem entre cinco e seis anos) pediu para sentarmos no chão nas esteirinhas que estavam arrumadas em círculo. Ok! Afinal, na época das cavernas não havia bancos. Iniciou-se a apresentação na qual cada criança caminhava, inicialmente, como macaco, com as mãos no chão e, depois, ia se erguendo aos poucos até ficar ereta e começar a andar como fazemos hoje em dia. Findo o “desfile evolutivo”, elas se sentaram em semicírculo ao lado da professora, que começou a ler em voz alta um livro sobre um menino das cavernas, o Rupi. A garotada parecia já conhecer bem a história, ajudavam-na na leitura respondendo prontamente às perguntas, completando algumas passagens e antecipando partes da narrativa. Como última atividade, cada criança, junto com seus pais, tinha que sortear uma frase que descrevia alguma atividade feita naquela época (por exemplo: pessoas fazendo desenho rupestre, a caça e a pesca, formação da família na Pré-História, fabricação das ferramentas, homens fazendo fogo com pedras etc.) e tentar fazer com que a plateia adivinhasse. Havia duas formas de demonstração: ou com um desenho em um painel pregado na parede (com lápis de cera preto representando o carvão para ficar similar às pinturas rupestres) ou por mímica. A maioria optou pelo desenho. Os que optaram pela mímica, apesar de terem se exposto mais, tornaram a atividade um pouco mais difícil e engraçada. Tal dinâmica trouxe união e descontração ao grupo; parecia que estávamos todos brincando de Imagem e Ação em um dia de férias.

Para encerrar os trabalhos, foi servido um pedaço de costela, daquelas que derrete na boca, em uma folha de couve (afinal, ainda estávamos na época das cavernas e nada de prato, garfo ou faca). Foi inusitado ver avós, pais e crianças atracadas com seu quinhãozinho de carne. Remetia a algo bem primitivo mesmo. Interessante foi que toda essa dinâmica fez com que o grupo quisesse prolongar ainda mais aquela convivência. Ao término da minirrefeição, um dos pais sugeriu que voltássemos à civilização e fossemos todos comer uma pizza no bar próximo (o pedaço de costela era ínfimo, serviu só para abrir o apetite e despertar nossos instintos mais primitivos: a fome). Quase todos os pais foram. No restaurante, os pais conversavam animados enquanto as crianças gritavam e enchiam a cara de picolé e batata frita, correndo, pulando, brincando de pique. Parecia que ainda estavam na Pré-História. Isso me fez ver a relevância de tais reuniões intimistas na escola para a integração dos pais, e não só grandes eventos que envolvem todas as turmas. Interessante também é estimular a participação dos adultos em algumas dinâmicas, pois traz um clima de união, de espírito de grupo e que, muitas vezes, pode se estender para fora dos muros da instituição. Foi assim que já passava das dez da noite quando fomos embora do bar. Os adultos satisfeitos, as crianças exaustas e os clientes aliviados pela paz que voltava ao ambiente – afinal os pequenos selvagens haviam deixado o local.

Publicado em 27 de agosto de 2013

Publicado em 27 de agosto de 2013

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