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Tudo vai de mal a pior
Wiler Passos
Desde que me conheço por gente, vejo a vida pela ótica da ética negativista judaico-cristã, ou seja, não roubarás, não matarás etc. Passados de geração a geração, estes princípios éticos têm sido transmitidos por diferentes mídias, métodos e cultos.
Porém, à medida que o tempo passa, outros princípios éticos são esculpidos em nossa formação social, mesmo porque existem “diversas éticas” a serem cultivadas ao longo da vida, tais como a ética natural, de mercado, profissional e, por que não, a ética digital. Esses princípios e valores têm feito com que a vida em comum seja possível e viável nas megalópoles.
Mas, se isso é uma verdade, por que temos a sensação de que tudo vai de mal a pior?
Bom, existem três razões. A primeira é de ilusão numérica: se a estatística diz que 2% da população são compostos por estupradores, isso será uma verdade ontem, hoje e sempre. Porém, dois por cento de 100 é uma coisa, e 2% de 19 milhões de habitantes (Grande São Paulo) é outra coisa bem diferente; são 38.000 estupradores andando pelas ruas da maior cidade da América Latina.
A segunda é a formação profissional dos formadores de opinião, ou seja, quando o jornalismo sério e investigativo se deixa levar pelo jornalismo barato e especulativo, os desvios estatísticos (2%) tomam proporções inimagináveis, aterrorizando a população e distorcendo as referências organizacionais da sociedade. É comum, nessa situação, testemunharmos pessoas com boa formação ético-cristã e profissional aclamar por ações medíocres e desconectadas da contemporaneidade.
O terceiro, e mais importante, é o Estado.
Quando o Estado trabalha de forma equivocada a formação de seus poderes (Legislativo, Judiciário e Executivo) e a aplicação dos recursos, problemas básicos como mobilidade, saúde e baderneiros nas ruas, associada a uma mídia oportunista e barata, fazem com que um problema local se torne um caos nacional e a sensação de que tudo vai de mal a pior vem à tona.
Mas se você é um desses que acham que o mundo vai de mal a pior e estão indignados com o Black Bloc, relaxe; esse contingente é ínfimo; perigoso mesmo é o jornalismo barato e oportunista, associado a um Estado lerdo e inoperante.
Publicado em 26 de novembro de 2013
Publicado em 26 de novembro de 2013
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